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Economia em Destaque: seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

Cenário político em evidência e bateria de dados marcam a semana no Brasil

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Resumo

A semana foi marcada por preocupações sobre o impacto da disseminação da variante Delta do coronavírus, com novos lockdowns na Ásia e Oceania. Nos Estados Unidos, a divulgação de dados de mercado de trabalho foi o principal destaque, indicando forte ritmo na criação de vagas, mas desemprego ainda bem abaixo do nível pré pandemia, com muitos trabalhadores fora da força de trabalho. Na Zona do Euro, segue retomada econômica com pressão sobre preços ao produtor, enquanto na China o crescimento caminha para a normalização.

No Brasil, tivemos divulgação de dados fiscais, de atividade e mercado de trabalho, que indicam atividade retomando, mercado de trabalho ainda frágil mas em recuperação, além das contas públicas como inesperada âncora para o ano. Preocupações sobre a crise hídrica também crescem, e aumentamos projeção de IPCA para esse ano. Enquanto isso, os ruídos do cenário político começam a impactar os mercados, a medida que a CPI da Pandemia transcorre. A semana também foi marcada por repercussões e debates acerca da proposta de reforma tributária apresentada na semana passada.

Para semana que vem, todos os olhos estarão na ata da última reunião do FOMC, comitê de política monetária americano. Teremos também dados de atividade econômica nos EUA, na Zona do Euro e dados da inflação chinesa. A decisão da OPEP sobre a produção de petróleo também fica no radar do mercado. No Brasil, o destaque fica para o cenário político. Teremos divulgação do IPCA de junho e das vendas no varejo de maio (PMC).

Atualizações Covid-19

No cenário internacional, as incertezas da Covid continuam a criar volatilidade no mercado. Atenção para o sudeste asiático diante da extensão dos lockdowns na Malásia, Tailândia e Austrália. Além disso, países europeus aumentarem restrições de viagens internacionais, enquanto as preocupações começam a crescer em estados com menor índice de vacinação nos EUA, como Texas e Missouri.

Do lado positivo, a farmacêutica Johnson & Johnson anunciou que sua vacina é eficaz para neutralizar a variante delta.

No Brasil, após a saída do efeito de casos acumulados no Rio Grande do Norte, notamos a queda da média de novos casos e óbitos pela covid-19. Ainda no terreno positivo, o Brasil ultrapassou a marca de 100 milhões de doses aplicadas na população e o ritmo da campanha de vacinação se recuperou para uma média de 1,2 milhão de doses aplicadas.

Cenário Internacional

Estados Unidos

O destaque da semana nos EUA ficou para os dados de mercado de trabalho referentes a junho. Tanto o relatório de criação de vagas no setor privado (ADP) quanto o dado de payroll surpreenderam as expectativas em termos da criação de novos postos de trabalho, apesar da leve alta na taxa de desemprego, que subindo para 5,9% (de 5,8% em maio).

Os resultados reforçam a gradual recuperação do mercado de trabalho no país, ilustrado de um lado pela criação de vagas, especialmente no setor público (reflexo de ajuda fiscal a estados) e em serviços ligados à reabertura econômica, e de outro pelo retorno ainda lento de trabalhadores à força de trabalho.

Nesse sentido, apesar do número positivo em relação aos últimos resultados mensais, o resultado não deve modificar a visão do FED sobre um reajuste bastante gradual das condições monetárias, ainda contingente a mais dados sobre a robustez da recuperação do mercado de trabalho e as pressões sobre os preços  - lidas majoritariamente como temporárias.    

Ainda na seara de indicadores, dados de atividade e confiança reforçam a robustez da recuperação vigente, mas indicam que o movimento pode estar próximo ao pico desse ciclo. Enquanto o índice de vendas pendentes de moradias registrou forte avanço acima das expectativas, assim como a confiança do consumidor do Conference Board de junho, o PMI industrial medido pelo ISM veio levemente abaixo do esperado, impactado por restrições de oferta, e o PMI de Chicago recuou para o número mais baixo desde fevereiro – mesmo seguindo em expansão.

Pacote infraestrutura

Após afirmar que não vincularia o andamento do pacote de infraestrutura acordado com senadores republicanos a um segundo pacote de “infraestutura social”, o presidente Biden enfrenta o desafio de convencer a ala mais radical de seu partido de apoiarem a estratégia, de um lado, e lideranças republicanas de que isso será feito, de outro.

Nesse contexto, fica cada vez mais claro que o anúncio de acordo feito por Biden foi prematuro. Apesar da disposição de um grupo de moderados para avançar a pauta, ainda há um período de negociações pela frente que devem demorar o andamento dessas até o segundo semestre.

Zona do Euro

Na Zona do Euro, os resultados divulgados na semana indicam aceleração da recuperação econômica, com melhora expressiva dos índices de confiança e recuo da taxa de desemprego.

A confiança econômica de junho seguiu indicando recuperação a frente, superando o patamar pré-crise e se aproximando de máximas históricas. Em atividade, o PMI Industrial atingiu recorde pelo quarto mês consecutivo, enquanto a taxa de desemprego da zona do euro declinou de 8,1% em abril para 7,9% em maio (com ajuste sazonal).

Entre os países, destaque novamente para a Alemanha, onde as vendas no varejo cresceram acima da mediana das projeções do mercado em maio.

Ásia

Na China, o destaque ficou para a divulgação dos índices de gerente de compras (PMIs) de junho, que indicaram leve moderação no crescimento, mas não alteram visão de alta robusta no ano. O PMI de manufatura oficial caiu ligeiramente, enquanto a queda do PMI de serviços foi mais intensa, embora ambos sigam em território de expansão. Os resultados foram impactados pela escassez de insumos e novos focos de covid-19 em algumas regiões do país. Mantemos nossas projeções de crescimento do PIB para 2021 e 2022, em 9% e 6%, respectivamente.

Já no Japão, a semana contou com a divulgação das vendas no varejo de maio, que registraram queda menor do que a esperada, de 0.4% (exp. -0.7%), e desemprego maior do que o esperado, em 3.0% (exp. 2.9%).

Enquanto isso, no Brasil

Mudança de cenário Selic e câmbio

Diante da comunicação recente do Copom, elevamos nossa projeção de Selic para 6,75% (6,50% antes), com duas altas de 100 pontos-base nas próximas reuniões do Copom e uma última de 50 pontos-base em novembro. Também revisamos a taxa de câmbio para 4,9 reais por dólar neste ano e no próximo, e reduzimos nossa projeção para o IPCA de 2022 de 3,8% para 3,6%.

Inflação

O IGP-M desacelerou em junho e subiu 0,6%, registrando alta de 35,7% nos últimos 12 meses. O resultado combinou a valorização do real com a queda dos preços em dólares de commodities. Não obstante, os preços dos bens industriais seguem em campo positivo, e altas recentes dos preços ao produtor ainda serão repassados ao consumidor no curto prazo.

Ainda em inflação, elevamos nossa projeção de IPCA para 6,4% nesse ano, após a aprovação pela Aneel de reajuste de 52% no valor da bandeira tarifária para julho por conta da crise hídrica. A projeção tem viés de alta, uma vez que a instituição prepara novo aumento para os próximos meses.

Contas públicas

A semana contou com a divulgação dos resultados fiscais referentes a maio, com o déficit primário do setor público consolidado atingindo 5,4% do PIB no acumulado em doze meses (de 7,8% em abril) e a dívida bruta caindo para 84,5% do PIB – queda de 1pp do mês anterior.

Os resultados de maio seguiram indicando arrecadação fortalecida à nível federal e regional, enquanto as despesas caminham gradualmente para normalização após a aprovação do orçamento, e os juros e inflação mais altos começam a pesar sobre a dívida.  O quadro geral adiciona um viés positivo à nossa projeção dívida / PIB de 82,2% para o ano.

Mercado de Trabalho

No mercado de trabalho, os resultados de criação de empregos formais de maio e desemprego de abril indicam que gradual recuperação, com pessoas voltando à força de trabalho e impactos positivos do BEm.

A taxa de desemprego medida pela PNAD Contínua ficou estável em 14,7% no trimestre encerrado em abril. Entretanto, quando descontadas influências sazonais, a taxa subiu de 13,8% para 14,1%, uma vez que a procura por empregos compensou a elevação da população ocupada. Já os salários reais exibiram alguns sinais de reação, mas seguem abaixo dos níveis pré-pandêmicos.

Enquanto isso, o setor formal surpreendeu positivamente em maio, gerando 280,7 mil vagas formais líquidas, com destaque para o setor de serviços (o mais afetado pela pandemia). O resultado reflete o forte crescimento das contratações, enquanto as demissões seguem próximas a estabilidade e ao patamar pré-pandemia – influenciados pela extensão do programa de manutenção de emprego e renda (BEm) desde abril.

Acreditamos que o mercado de trabalho demonstre gradual recuperação nos próximos meses, diante da normalização da atividade com o avanço da vacinação, o aumento da confiança dos empresários e a manutenção do BEm. Projetamos que a população ocupada total retornará aos níveis pré-pandemia no 3º trimestre de 2022.

Produção industrial

A produção industrial registrou crescimento de 1,4% em maio (comparado com abril), encerrando três meses consecutivos de queda na comparação mensal. A alta reflete a continuidade da recuperação da indústria extrativa, de alimentos e bebidas e bens de capital – esse último, um bom indicativo de produção futura. Por outro lado, a indústria de bens duráveis registrou a sexta queda mensal, especialmente diante da performance negativa da produção automotiva.

Esperamos continuidade na recuperação da indústria no curto prazo, na esteira do retorno da mobilidade, de impactos do auxílio emergencial, da demanda global robusta e da retomada da confiança, além da retomada de estoques ainda presente. Entretanto, a alta do preço de insumos e escassez em algumas cadeias de produção podem impactar o ritmo do crescimento.

Índices de confiança

No que tange os indicadores de confiança, junho foi marcado pelo avanço em todos os índices, com destaque para comércio, consumidor e serviços, que registraram forte recuperação na esteira do avanço da vacinação e do abrandamento das medidas de restrição de mobilidade, após queda substancial em março. Já os indicadores de construção e indústria também vieram positivos, mas em menor intensidade, impactados por problemas de escassez de insumos e preços elevados.

Cenário Político Econômico

Ruídos começam a afetar os mercados

No campo político doméstico, o governo encerra a semana ainda em meio às investigações da CPI da Pandemia sobre as suspeitas nas negociações para a compra de vacinas. A tendência é que, com novos depoimentos marcados para a semana que vem, o período turbulento se arraste. Há receio no Ministério da Economia, reportado pelo noticiário, de que o ambiente prejudique o avanço da agenda econômica no Congresso.

Os ruídos políticos começam a impactar mercados no Brasil, com movimentos na curva de juros e bolsa. Entendemos, porém, que discussões concretas de impeachment seguem improváveis, enquanto o risco fiscal associado ao político arrefece com os recentes resultados positivos das contas públicas.

Aumento Bolsa Família

Em relatório publicado essa semana, discutimos a provável expansão do “Bolsa Família”, no radar ao longo dessa semana.

Julgamos que o programa representa um “bom gasto”, haja vista sua efetividade para a redução da má distribuição de renda e da extrema pobreza – temas especialmente relevantes no cenário pós pandemia. Se aprovado, estimamos um impacto de até 0,15 ponto percentual no crescimento real do PIB de 2022. Entretanto, o programa precisa se adequar ao arcabouço fiscal, para que não reverta os principais ganhos em uma deterioração das condições financeiras.

Reforma Tributária

Depois da apresentação da proposta de reforma tributária sobre a renda na última sexta-feira pelo governo, os mercados ainda digerem potenciais impactos e mudanças. O governo sinalizou que está aberto para discutir os detalhes da proposta no Congresso, que teve Arthur Lira também indicando potenciais mudanças como a redução do imposto sobre dividendos. Já o ministro Paulo Guedes apontoou para a possibilidade de redução no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, que pode passar dos 5 p.p. previstos na proposta para 10 p.p., caso haja fim de alguns subsídios.

Ainda não há calendário definido para a tramitação da proposta. Os próximos passos serão de consultas entre os deputados e aos setores envolvidos para a produção do relatório.

O que esperar?

No cenário internacional, o destaque da semana será a divulgação da Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do FED (FOMC) nos EUA. Teremos também o índice ISM de serviços referentes a junho nos EUA, além de indicadores de atividade econômica de maio na Zona do Euro e índices de inflação na China. A decisão da OPEP sobre produção de petróleo (estendida para o final de semana) também fica no radar.

No Brasil, o cenário político ganha força com alegações de envolvimento da administração Bolsonaro na compra ilegal de vacinas, e os potenciais impactos da CPI da pandemia na agenda do Executivo no Congresso. Na seara de indicadores, destaque para a divulgação de vendas no varejo (PMC) de maio e da inflação medida pelo IPCA de junho.

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