XP Expert

Economia em Destaque: MP sobre tributação de investimentos perde validade

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no X
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail
Banner Onde Investir em 2026 intratexto

Resumo

Nos Estados Unidos, as estatísticas econômicas oficiais seguem sem divulgação em meio à paralisação do governo. Dentre os documentos publicados, a ata da última reunião de política monetária do banco central indicou que a maioria dos membros está preocupada com a dinâmica da inflação. Ademais, tensões políticas na França e a transição política no Japão levaram a uma valorização do dólar dos Estados Unidos.

Na seara geopolítica, voltou ao radar o aumento das tensões entre China e Estados Unidos. No Oriente Médio, Israel e Hamas assinaram a primeira fase de um acordo de paz. Ambos os fatores levaram à queda de 5% do preço do petróleo Brent na semana.

No Brasil, a medida provisória 1303, que continha propostas visando aumento de arrecadação e redução de despesas para o ano que vem, perdeu a validade. Ademais, o governo anunciou a ampliação do financiamento habitacional, o que pode estimular a economia adiante.

Por fim, a taxa de câmbio voltou ao patamar de 5,50 reais por dólar frente às incertezas. Do lado da inflação, o IPCA de setembro trouxe elementos benignos, embora a inflação siga acima da banda superior de tolerância.

Gráfico da Semana

Veja na seção “Taxa de câmbio volta ao patamar de 5,50 reais por dólar”

Cenário Internacional

Maiores tensões geopolíticas levam à queda do preço do petróleo Brent

O preço do petróleo Brent caiu de US$ 66 por barril no início da semana para US$ 62 ao final da semana. Dentre os principais fatores que impulsionaram o movimento, está o aumento da tensão comercial entre China e Estados Unidos, e o acordo de paz entre Israel e Hamas.

Donald Trump ameaçou um “aumento massivo” nas tarifas sobre produtos chineses, em resposta à decisão da China de impor controles sobre exportações de terras raras, insumos críticos para setores como tecnologia e defesa. A escalada comercial aumentou a aversão ao risco nos mercados globais, trazendo preocupações sobre desaceleração econômica e menor demanda por energia. Paralelamente, as negociações entre Israel e o Hamas, mediadas pelos Estados Unidos e apoiadas por países como Catar, Egito e Turquia, culminaram na assinatura da primeira fase de um acordo de paz que prevê cessar-fogo, troca de reféns por prisioneiros palestinos e retirada parcial das tropas israelenses da Faixa de Gaza. O plano, proposto por Trump, também inclui medidas para desarmamento progressivo do Hamas e a criação de uma governança tecnocrática em Gaza, supervisionada por um “Conselho da Paz” internacional.

A queda do petróleo é um risco para a situação fiscal e do Balanço de Pagamentos do Brasil, que é um exportador da commodity e coleta impostos dessa atividade.

Diretores do banco central dos EUA reforçam preocupação com a inflação

A agenda de indicadores desta semana nos Estados Unidos foi pouco movimentada. O governo segue paralisado, sem conseguir chegar a um acordo para o financiamento das despesas públicas no ano que vem. Consequentemente, as estatísticas econômicas oficiais seguem sem divulgação. A agenda, contudo, contou com a ata da última reunião de política monetária do Fed, banco central dos Estados Unidos. O documento indicou que alguns membros poderiam ter apoiado a manutenção dos juros na reunião de setembro. Ademais, trouxe que a maioria do comitê enfatizou riscos altistas para a inflação, mesmo diante da desaceleração do mercado de trabalho. Essa combinação reforçou a percepção de cautela do Fed quanto ao ritmo dos cortes, mantendo a dependência dos próximos passos à evolução dos preços e das condições do mercado de trabalho.

Atualmente, o mercado estima 92% de chance de corte de juros na próxima reunião, dia 29 de outubro.

Primeiro-ministro da França renuncia com menos de um mês no cargo

Na França, o primeiro-ministro, Sébastien Lecornu, renunciou ao cargo poucas horas após anunciar a formação de um novo gabinete. Lecornu, nomeado em 9 de setembro e quinto primeiro-ministro em dois anos, enfrentava forte pressão política de diferentes espectros, inclusive da própria coalizão governista, após divulgar a nova composição ministerial. Sua saída ocorre em meio a um ambiente político altamente fragmentado, marcado por sucessivos impasses em torno das contas públicas. A França está entre os países mais endividados da União Europeia, com a dívida nacional em 114% do PIB em 2024. Adiante, dentre as opções, Macron pode nomear um outro primeiro-ministro, convocar eleições legislativas antecipadas ou até renunciar ao cargo. Com a crise política na França, o euro depreciou cerca de 1% na semana em relação ao dólar dos Estados Unidos.

No Japão, Sanai Takaichi é nova líder do PLD e possível nova primeira-ministra

Sanae Takaichi venceu a disputa pela liderança do Partido Liberal Democrata (PLD), que atualmente governa o Japão. Para se tornar primeira-ministra, Takaichi precisa obter a aprovação do Parlamento no final deste mês. Takaichi defende uma política fiscal mais expansionista, com aumento de gastos públicos e redução de impostos para sustentar uma economia que considera frágil, além de adotar uma postura contrária a novos aumentos de juros pelo Banco do Japão. Em resposta à postura econômica mais flexível de Takaichi, o iene (JPY) depreciou quase 1,6% em relação ao dólar americano.

Enquanto isso, no Brasil…

MP sobre a tributação de investimentos perde a validade

A Câmara dos Deputados retirou de pauta a Medida Provisória nº 1303/25, por 251 votos a favor e 193 contrários, o que fez com que o texto perdesse a validade. A MP acabava com a tabela regressiva para títulos de renda fixa não isentos, tratava da tributação de bets, entre outras propostas, visando aumento de arrecadação e redução de despesas. Com a retirada, voltam a valer as regras anteriores, incluindo a alíquota de 15% para JCP, a alíquota de CSLL mais baixa para fintechs e a tributação diferenciada por prazo do investimento.

Segundo nossos cálculos, o impacto fiscal com a MP chegaria a um alívio de R$ 22,7 bilhões nas contas públicas no ano que vem. O governo sinalizou que buscará alternativas para compensar a perda de receita e evitar cortes orçamentários no início de 2026.

Para mais informações, acesse “MP 1303: o que é, e quais impactos esperados após o fim da sua vigência”.

Governo anuncia nova modalidade de financiamento imobiliário

O governo anunciou um novo modelo de crédito imobiliário para ampliar o acesso ao financiamento habitacional e estimular a construção civil. A proposta moderniza o uso da poupança como fonte de recursos, eliminando a obrigatoriedade de direcionamento de 65% dos depósitos e os compulsórios no Banco Central, permitindo maior flexibilidade e captação via mercado (LCIs e CRIs). Além disso, o teto do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) sobe de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, beneficiando famílias de classe média. Segundo o Banco Central, “o novo modelo viabiliza R$ 111 bilhões de recursos no primeiro ano, tornando disponíveis R$ 52,4 bilhões a mais em relação ao modelo atual, dos quais R$ 36,9 bilhões de forma imediata”. O governo estima financiar até 80 mil novas moradias até 2026, com transição gradual até 2027, como forma de gerar empregos e dinamizar o setor da construção civil.

Taxa de câmbio volta ao patamar de 5,50 reais por dólar

Após duas semanas oscilando em torno de 5,30 reais por dólar, a taxa de câmbio voltou aos níveis de 5,50 reais por dólar no final desta semana frente às incertezas. Na seara internacional, destaque para: (i) os preços mais baixos do petróleo (ver acima), e (ii) a valorização do dólar dos Estados Unidos – impulsionado pelas tensões políticas na Europa e a postura econômica mais flexível de Sanae Takaichi (ver acima). No cenário doméstico, a semana contou com incertezas do lado político e fiscal (ver acima), que também podem ter contribuído para a desvalorização do real.

Negociações entre Estados Unidos e Brasil tiveram início nesta semana

A semana contou com um telefonema entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos. Donald Trump afirmou ter gostado da conversa. Pelas redes sociais, Trump disse que o líder brasileiro focou em economia e comércio, além de sinalizar novas discussões e que se encontrarão em um futuro “não tão distante, no Brasil e nos Estados Unidos”. O Palácio do Planalto divulgou um comunicado sobre a ligação, afirmando que Lula solicitou ao governo americano a retirada da tarifa aplicada a produtos brasileiros e as sanções contra autoridades. Durante a conversa, Trump designou o Secretário de Estado, Marco Rubio, para dar continuidade às negociações. Os representantes brasileiros serão o Vice-Presidente, Geraldo Alckmin, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

IPCA mostra sinais de moderação, embora siga acima do topo da meta

O IPCA de setembro avançou 0,48% no mês, ligeiramente abaixo da nossa projeção e da mediana de mercado, com a inflação anual subindo de 5,13% para 5,17%. A leitura foi marcada pela alta de 10,3% nas tarifas de energia devido ao estorno do bônus de Itaipu. Entre os preços livres, os alimentos registraram deflação, puxados por cereais, alimentos in natura e proteínas, enquanto a alimentação fora do domicílio teve alta menor que o esperado. O destaque positivo ficou para a moderação nos preços de serviços e nos núcleos de inflação, especialmente nos serviços intensivos em mão de obra, que cresceram menos que o previsto.

Projetamos o IPCA de 2025 em 4,7%. Apesar da melhora recente, a inflação corrente permanece elevada e desafiadora, exigindo juros altos por mais tempo. Projetamos o início do ciclo de cortes de juros em março e Selic a 12,00% no final de 2026.

Para mais informações, acesse “IPCA segue acima da meta, apesar da melhora recente”.

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

Destaques da próxima semana   

Na agenda internacional, a agenda dos EUA inclui a divulgação das vendas no varejo e da produção industrial de setembro. Também será divulgado o PPI (índice de preços ao produtor) do mesmo mês. Os dados de inflação ao consumidor foram adiados para o dia 24, devido aos efeitos do shutdown nas agências federais norte-americanas. Na China, ainda sem data confirmada, o governo divulgará as estatísticas comerciais e o PPI de setembro. Na Europa, será divulgado o índice de preços ao consumidor. O mercado também acompanhará os próximos desdobramentos diplomáticos entre China e Estados Unidos, após a renovação das tensões comerciais na última sexta-feira.

No Brasil, o foco estará nas divulgações das vendas varejistas (PMC) e das receitas do setor de serviços (PMC) referentes a agosto. Além disso, o Banco Central divulgará o IBC-BR, índice mensal de atividade econômica, do mesmo período. Veja as nossas projeções abaixo.

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Disclaimer:

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º na Resolução CVM 20/2021. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.