XP Expert

Economia em Destaque: IPCA benigno no Brasil leva a redução das projeções, enquanto o PIB americano vem acima das expectativas

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no X
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail
Onde Investir em 2025 banner

Resumo

No cenário internacional, resultado do PIB dos EUA superou as expectativas e a inflação mostra resistência. Na Europa, o banco central optou por manter as taxas de juros inalteradas, após consecutivos aumentos desde julho de 2022. 

No Brasil, reduzimos a projeção de inflação para 2023 e o relatório de reforma tributária é apresentado no Senado com novas alterações à proposta. 

Cenário internacional

Resultado do PIB corrobora resiliência da economia americana  

O PIB dos Estados Unidos avançou 4,88% no 3° trimestre de 2023, em comparação ao 2° trimestre do mesmo ano, superando as expectativas do mercado (4,5%). O resultado reforça a resiliência da economia americana, corroborada por diversos indicadores. A expansão foi impulsionada principalmente pelo consumo, gastos governamentais e investimento privado. Para frente, esperamos uma desaceleração por conta dos juros elevados. 

Com a atividade forte, a inflação fica mais resistente. O núcleo do deflator das despesas de consumo pessoal (PCE, em inglês) – a medida de inflação preferida do Fed – subiu 0,30% em setembro em relação a agosto, em linha com as expectativas do mercado (0,3%). A inflação acumulada em doze meses recuou de 3,84% para 3,68%, porém permanece acima da meta de 2,0%. Os resultados mostram que apesar da inflação continuar em tendência de queda, o estágio final do processo de desinflação deve ser mais complicado.  

Apesar da atividade forte e inflação ainda elevada, o Fed – banco central – não deve elevar mais as taxas de juros, uma vez que a elevação recente das taxas de títulos públicos de longo prazo já impõe um aperto adicional das condições financeiras. Reforçamos o cenário de uma desinflação gradual, que deve levar o Fed a manter os juros mais altos por mais tempo. 

Após 10 altas consecutivas, BCE mantém as taxas de juros estáveis 

O Banco Central Europeu (BCE) pausou o ciclo de aumento das taxas de juros depois de dez aumentos consecutivos – iniciados em julho de 2022. A decisão manteve a taxa de refinanciamento em 4,50%, a taxa sobre depósitos em 4,0% e a taxa sobre empréstimos marginais em 4,75%. Em seu comunicado, o BCE sinalizou que a política monetária atual era suficientemente restritiva para alinhar a inflação à sua meta. No entanto, a presidente, Christine Lagarde, enfatizou que ainda há espaço para futuras elevações, caso necessário. Indicadores, como o PMI de outubro, destacam o enfraquecimento da atividade econômica na Europa e o aumento das demissões na região, evidenciando a resposta da economia às medidas restritivas.  

Na China, indústria surpreende e mais estímulos estão no radar 

Os lucros industriais da China registraram alta de 11,9% a/a em setembro, sinalizando que os estímulos governamentais têm surtido efeito. No acumulado do, no entanto, ainda há uma queda de 9% frente a 2022. Na terça-feira, o parlamento do país aprovou a emissão de US$ 137 bilhões em bônus soberanos, a serem divididos entre 2023 e 2024, com o intuito a dar maior tração à atividade econômica. Vale ressaltar que as projeções para o crescimento do PIB da China em 2024 seguem abaixo da meta governamental de 5%. 

Divulgamos nosso relatório “Como andam nossos vizinhos”

O texto mostra que a alta mais recente dos juros longos dos EUA representa um risco para o câmbio dos países da América Latina, e, portanto, adiciona pressão sobre a política monetária, podendo afetar o ciclo de queda dos juros. O espaço para cortes nas taxas dependerá de onde os juros reais se encontram em relação aos Estados Unidos e da quantidade de prêmio de risco associada a cada país. Diante deste contexto, os ciclos de flexibilização em andamento devem continuar, embora com cautela, enquanto os países da região que ainda não começaram a cortar as taxas podem demorar mais para iniciar. Ademais, a inflação continua acima da meta nos países da latino-americanos, o que requer que a política monetária permaneça em território contracionista por mais tempo.

Para maiores detalhes leia nossos relatórios mensal "Como andam nossos vizinhos: Câmbio e bancos centrais pressionados pela alta das Treasuries".

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

Enquanto isso, no Brasil...

Inflação bem-comportada nos leva a reduzir a projeção de IPCA para 2023

A inflação medida pelo IPCA-15 de outubro, uma prévia do IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, ficou com 0,21% em outubro de 2023. O resultado mensal levou o índice para 5,05% no acumulado em doze meses. De maneira geral, o número pode ser lido como benigno, uma vez que as medidas de inflação subjacente – que tentam suavizar o IPCA para identificar a tendencia central da inflação – seguem em queda, se aproximando da meta de 3,0%.

Diante das surpresas benignas de curto prazo e pela redução nos preços da gasolina pela Petrobras, a XP reduziu sua projeção para o IPCA de 2023 de 4,8% para 4,5%. Para 2024, nossa projeção se mantém em 3,9% com viés de baixa.

Para maiores detalhes leia nossos relatórios “IPCA-15: prévia da inflação confirma que preços seguem perdendo fôlego” e “Reduzimos nossa projeção de IPCA de 4,8% para 4,5% por conta de curto prazo benigno e gasolina”.

Reforma tributária ganha novos contornos no Senado...

O senador Eduardo Braga, responsável pela reforma tributária no Senado, apresentou seu parecer sobre a PEC 45/2019 à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O texto incluiu o aumento do Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR) de R$ 40 bilhões para R$ 60 bilhões e revisões quinquenais dos benefícios tributários para certos setores. O relatório sugere limitar a carga tributária a uma fração do PIB, baseando-se na receita de 2012 a 2021. A proposta trouxe também a criação de duas cestas básicas, a nacional, com alíquota zero, e a estendida, com redução de tributação de 60%. Conforme esperado, o parecer apresentou um mecanismo de devolução de impostos (cashback) na conta de energia das famílias mais pobres. Além disso, o relatório prevê uma alíquota intermediária para profissionais liberais (desconto de 30% do Imposto sobre Valor Agregado), a taxação de até 1% sobre a extração de minérios e petróleo, e a inclusão de mais setores no regime específico, como: serviços de saneamento e de concessão de rodovias, telecomunicações, agências de viagem e turismo.

Apesar da expectativa pela votação do texto na Comissão de Constituição e Justiça e no Plenário daqui duas semanas, o Feriado de Finados pode atrasar o cronograma. Aprovada no Senado, a matéria voltará à sua casa iniciadora, a Câmara dos Deputados, onde deverá ser promulgada.

Para maiores detalhes, leia nosso relatório especial “Reforma tributária: conceitos, definições e impactos sobre a economia”.

... enquanto desoneração da folha é aprovada

Os senadores aprovaram a extensão da desoneração da folha de pagamentos (PL nº 334/2023), que beneficia 17 setores até o final de 2027. O projeto, agora encaminhado para sanção presidencial, traz duas alterações significativas: uma redução da alíquota previdenciária para municípios menores e um corte na contribuição para empresas de transporte rodoviário coletivo. Paralelamente, a Câmara dos Deputados aprovou a tributação de investimentos de brasileiros no exterior e a antecipação de impostos em fundos fechados nacionais (PL nº 4.173/2023). Esta medida afetará rendimentos, lucros e dividendos em entidades estrangeiras. Há ainda uma alíquota reduzida para quem optar por antecipar o pagamento do imposto em 2023. Esse projeto agora segue para análise do Senado.

Câmara aprova taxação sobre Offshores e Fundos Exclusivos

Em outra frente prioritária ao governo neste fim de ano, a Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira, por 323 votos a 119, o Projeto de Lei (PL) das offshores. Após negociações de última hora, o deputado Pedro Paulo, relator da matéria, propôs a mesma alíquota de 15% para investimentos offshore e fundos fechados e aumentou de 6% para 8% a alíquota a ser paga pelos detentores dos fundos na atualização dos ganhos acumulados. A pedido da Fazenda, a possibilidade de início da atualização do estoque também foi antecipada de maio de 2024 para dezembro de 2023. O texto, agora, segue ao Senado Federal.

Preços das commodities impactam na arrecadação federal

A arrecadação federal do Brasil em setembro foi de R$ 174,3 bilhões, alinhada às previsões, porém apresentou uma redução de 0,34% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse declínio foi influenciado pela queda nos preços das commodities e, em menor medida, pela desaceleração da economia, impactando os impostos sobre lucros e importações. Projetamos uma contínua desaceleração na arrecadação nos próximos meses. Embora os atuais preços elevados do petróleo possam gerar receitas extras no final do ano, caso assim se mantenham, o impacto não será significativo. Ao final, esperamos uma arrecadação total de R$ 2.343,6 bilhões para o ano fiscal de 2023, um aumento de 0,8% a/a em termos reais.

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

O que esperar da semana que vem

Na agenda internacional, os índices PMI de outubro serão divulgados ao longo da semana na China, Estados Unidos, zona do euro e Reino Unido. O índice PMI reflete uma sondagem com empresários sobre as condições econômicas e de negócios nos países. Na 3ª-feira, destaque para ao índice de inflação ao consumidor de outubro e o resultado do PIB do terceiro trimestre na zona do euro. Na 4ª-feira, haverá a publicação do relatório JOLTS de setembro, que traz a abertura de vagas e a oferta de mão de obra no mercado de trabalho dos EUA. No mesmo dia, teremos o principal evento da semana – a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). A expectativa é de manutenção da taxa de juros de referência em 5,5%. Na 5ª-feira, será a vez do Banco da Inglaterra (BoE) anunciar sua decisão de política monetária para o Reino Unido. Por último, na 6ª-feira, o protagonismo fica com o Nonfarm Payroll de outubro, o principal relatório de emprego da economia americana.

No Brasil, o destaque é a reunião do Copom na quarta-feira, para a qual a virtual totalidade dos agentes de mercado esperam redução da taxa Selic em 0,50 pp para 12,25%. Além disso, a agenda traz uma série de indicadores de atividade econômica. O CAGED (2ª-feira) deve apresentar desaceleração suave na geração líquida de empregos formais em setembro ante agosto (208 mil vs. 220 mil), enquanto a PNAD Contínua (3ª-feira) provavelmente exibirá recuo adicional - ainda que modesto - da taxa de desemprego no período (de 7,8% para 7,7%). Em relação à produção industrial (4ª-feira), nossas estimativas indicam virtual estabilidade em setembro contra agosto (-0,1%) e baixo crescimento na comparação anual (0,4%). Por fim, o Congresso Nacional deve ter pauta esvaziada devido ao feriado de finados.

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º na Resolução CVM 20/2021. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.