Resumo
O Fed, banco central dos Estados Unidos, reduziu as taxas de juros em 0,25 p.p. para uma faixa de 3,75% a 4,00%. Em coletiva de imprensa pós-reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou grande divergência entre os membros sobre a próxima decisão de política monetária, que ocorrerá em dezembro. O mercado precificava praticamente 100% de chance de corte de juros, probabilidade que recuou para cerca de 70%.
Na seara comercial, Donald Trump anunciou que reduzirá as tarifas de importação sobre produtos chineses após se reunir com o líder Xi Jinping. Segundo Scott Bessent, secretário do Tesouro, o acordo comercial poderá ser assinado já na próxima semana.
Os presidentes Lula e Donald Trump se reuniram e firmaram garantias para seguir uma agenda de negociações para chegar a um acordo comercial. Em relação aos indicadores de mercado de trabalho brasileiro, a taxa de desemprego permanece na mínima histórica, enquanto a criação de empregos segue robusta, mas com sinais de moderação.
Gráfico da Semana
Veja na seção “No mercado de trabalho, rendimento médio segue em trajetória de alta“

Cenário Internacional
Fed volta a cortar juros e sinaliza divergência para dezembro
O Fed, banco central dos Estados Unidos, reduziu as taxas de juros em 0,25 p.p., para uma faixa de 3,75% a 4,00%. Na coletiva de imprensa pós-decisão, o presidente da autoridade, Jerome Powell, afirmou que um corte nas taxas na reunião de dezembro não é uma “conclusão precipitada”, acrescentando que o Fed está “longe disso”. Em sua fala, também destacou que a inflação segue acima da meta de 2%, em torno de 3% ao ano, e apontou as diferentes opiniões entre os membros do Fed que dificultam um consenso sobre cortes futuros. Antes do anúncio, o mercado precificava praticamente 100% de chances de corte de juros na próxima reunião, probabilidade que recuou para cerca de 70%.
Para detalhes leia “Fed volta a cortar juros e sinaliza divergência para dezembro”.
Tarifas de importação sobre produtos chineses são suspensas por um ano
Na seara comercial, o presidente Donald Trump anunciou que reduzirá as tarifas de importação sobre produtos chineses de 57% para 47%, após se reunir com o líder chinês, Xi Jinping, na Coreia do Sul. Segundo Trump, a decisão resultou de um acordo para aliviar as tensões comerciais e inclui promessas de Pequim de restringir os embarques para os Estados Unidos de produtos químicos usados na produção de fentanil. O encontro marcou um avanço significativo nas relações bilaterais, pois além da redução tarifária, os dois países concordaram em suspender por um ano medidas restritivas, como os controles chineses sobre exportações de terras raras e as restrições comerciais dos Estados Unidos com algumas empresas chinesas listadas. O acordo também prevê cooperação para conter o tráfico de fentanil, considerado um dos pontos mais sensíveis nas negociações. Segundo Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, o acordo comercial poderá ser assinado já na próxima semana.
Banco Central Europeu mantém taxa básica de juros e sinaliza cautela adiante
O Banco Central Europeu (BCE) manteve sua taxa básica de juros em 2,00%, sinalizando continuidade da postura cautelosa. A presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que “a perspectiva para a inflação está mais incerta do que o habitual”, reforçando que as decisões seguirão uma abordagem dependente dos dados. A inflação na zona do euro caiu para 2,1% em outubro, ante 2,2% em setembro, ainda próxima da meta (2%). O BCE reiterou que está pronto para ajustar seus instrumentos, caso surjam riscos à estabilidade de preços ou à transmissão da política monetária.
Vitória de Javier Milei nas eleições legislativas da Argentina
Na Argentina, as eleições legislativas confirmam a vitória da coalizão governista La Libertad Avanza (LLA), liderada pelo presidente Javier Milei, que obteve mais de 40% dos votos. O resultado superou as expectativas e fortalece a base do governo, que garantiu mais de um terço da Câmara. Isso assegura margem para sustentar vetos a decretos presidenciais e aproxima Milei da maioria necessária para aprovar reformas estruturais.
A votação mostrou forte polarização. O desempenho consolida politicamente o presidente, após um período de tensões e incertezas. O novo equilíbrio no Congresso favorece o avanço das reformas tributária e trabalhista, alinhadas ao programa econômico liberal e aos compromissos com o FMI, indicando um governo mais fortalecido para a próxima etapa de sua agenda fiscal e institucional.
Enquanto isso, no Brasil…
Lula e Trump se encontram para discutir tarifas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com Donald Trump, na Malásia, marcando o primeiro encontro oficial entre os dois líderes para tratar das tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. Durante a reunião, Lula solicitou a suspensão temporária das tarifas de 50% enquanto durar o processo de negociação e argumentou que o déficit comercial brasileiro com os EUA não justifica as medidas adotadas. Trump, por sua vez, afirmou que instruirá sua equipe a iniciar um processo de negociação bilateral abrangendo todos os setores afetados, incluindo o de minerais críticos e terras-raras. Como próximos passos, espera-se o início das tratativas entre as equipes técnicas nos próximos dias e a definição de um cronograma para um acordo comercial mais amplo.
Congresso autoriza governo perseguir piso da meta fiscal e Câmara aprova trechos da extinta MP 1303
O Congresso Nacional aprovou uma medida que autoriza o governo Lula a perseguir o piso da meta fiscal em 2025, em vez do centro, tema que ganhou relevância recentemente após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) para que o governo adotasse o centro da meta fiscal. A aprovação dessa medida evita um congelamento adicional de R$ 30,2 bilhões nas despesas públicas neste ano.
Ainda no Parlamento, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei com trechos da extinta MP 1303. O texto inclui medidas de cortes de gastos e possui impacto estimado em R$ 15 bilhões no ano que vem. O texto segue agora para o Senado. Entre as medidas aprovadas, destacam-se o endurecimento das regras para compensações tributárias, novas exigências para o seguro-defeso e mudanças no sistema de auxílio-doença do INSS. O governo considera essas ações essenciais para ajustar as contas públicas e viabilizar a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026.
No mercado de trabalho, rendimento médio segue em trajetória de alta
A taxa de desemprego ficou estável em 5,6% de agosto para setembro. O emprego caiu (ligeiramente) pelo segundo mês consecutivo, enquanto os salários seguem em trajetória de alta. Os dados recentes (CAGED e PNAD) reforçam o cenário de um mercado de trabalho robusto, ainda que tenhamos visto sinais iniciais de leve arrefecimento. No entanto, a taxa de desemprego corrente permanece bem abaixo de seu nível neutro (NAIRU, na sigla em inglês) – ou seja, o cenário de mercado de trabalho apertado persiste, o que pressiona o custo do trabalho e a inflação.
Maiores despesas discricionárias pressionam o déficit em setembro
O setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 17,5 bilhões em setembro, ante déficit de R$ 7,3 bilhões no mesmo mês de 2024. Em 12 meses, o setor público acumula déficit de R$ 33,2 bilhões (0,3% do PIB). A dívida bruta preocupa, aumentando 0,6 p.p. para 78,1%. O baixo crescimento das receitas e o aumento das despesas discricionárias explicaram o desempenho negativo em setembro. As receitas líquidas seguem em desaceleração, em meio ao arrefecimento da atividade econômica e à moderação dos preços. Impostos vinculados a lucros (IRPJ/CSLL) e consumo (PIS/Cofins) — mais sensíveis ao ciclo econômico — registraram queda no mês, dando continuidade à tendência dos últimos meses. Em contrapartida, as despesas discricionárias, especialmente as emendas parlamentares, mantiveram expansão e devem continuar pressionando as contas públicas no fim do ano. Já as despesas obrigatórias mostraram moderação, influenciadas pelo aumento da fila de concessão de benefícios previdenciários e assistenciais.
Nossa projeção para o setor público em 2025 é de déficit de R$ 61,8 bilhões (0,5% do PIB), enquanto a dívida bruta do governo deve alcançar 78,9% ao fim do ano.
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Destaques da próxima semana
No cenário internacional, a agenda econômica americana segue com poucas divulgações, ainda refletindo os efeitos do shutdown. Destaque, porém, para divulgações do mercado de trabalho, notadamente o relatório JOLTS de aberturas de postos de trabalho e o ADP, que traz a geração líquida de empregos no setor privado. Além disso, índices PMIs das principais economias serão divulgados ao longo da semana – trata-se de sondagens com empresas que visam medir o pulso da atividade econômica. Na China, os indicadores de inflação ao produtor e consumidor serão conhecidos. Por fim, no Reino Unido, o Banco da Inglaterra deverá manter a taxa básica de juros em 4,00%.
No Brasil, o destaque será a reunião do Copom na 4ª-feira, para a qual espera-se que a taxa Selic seja mantida em 15,00%. A dúvida ficará sobre a comunicação, especialmente se eles deixarão indícios sobre o início do ciclo de cortes de juros. Além disso, o IBGE divulgará a produção industrial de setembro. Veja as nossas projeções abaixo.

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