Resumo
Nos Estados Unidos, o banco central cortou sua taxa básica de juros em 0,25 p.p., para o intervalo entre 4,00% e 4,25%. Na coletiva de imprensa pós-reunião, o presidente da autoridade afirmou que as decisões de política monetária serão tomadas “reunião por reunião” e que não é óbvio o que deve ser feito adiante. A semana também contou com os dados de pedidos semanais de seguro-desemprego, que contrastaram com as preocupações recentes de uma deterioração aguda no mercado de trabalho local. Sobre as tarifas, a Suprema Corte definiu para 5 de novembro a audiência para analisar a legalidade das alíquotas.
No Brasil, o Banco Central manteve a taxa Selic em 15,00%. O comunicado pós-reunião trouxe, em nossa visão, um tom mais duro ao afirmar que “seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”. A decisão é consistente com o nosso cenário de início de cortes de juros em janeiro.
Gráfico da Semana
Veja na seção “Copom: Ainda distante da meta”

Cenário Internacional
Fed corta juros preocupado com mercado de trabalho
O Fed (banco central dos Estados Unidos) cortou sua taxa básica de juros em 0,25 p.p., para o intervalo entre 4,00% e 4,25%. A votação não foi unânime, já que Stephen Miran optou por uma redução de 0,50 p.p.. Segundo o comunicado, a autoridade monetária considera que “os riscos baixistas para o emprego aumentaram”. A nosso ver, o Fed está mais preocupado com o mercado de trabalho em comparação à dinâmica da inflação. Com relação ao cenário econômico dos membros do Fed, a mediana de projeções para a taxa de juros de referência sugeriu corte de 0,25 p.p. nas duas últimas reuniões deste ano e apenas um corte de 0,25 p.p. no ano que vem. No entanto, na coletiva de imprensa pós-reunião, a fala do presidente da autoridade, Jerome Powell, foi interpretada como mais dura do que o comunicado e as projeções econômicas. Powell, afirmou que as decisões de política monetária serão tomadas “reunião por reunião” e classificou o corte de juros como uma “gestão de risco”, afirmando não ser óbvio o que o banco central tem que fazer adiante.
Nos dados econômicos desta semana, os pedidos iniciais de seguro-desemprego totalizaram 231 mil na semana passada, abaixo da expectativa de mercado e da leitura anterior (264 mil). Esses resultados contrastaram com as preocupações recentes de uma deterioração aguda no mercado de trabalho local.
Suprema Corte dos EUA terá audiência sobre tarifas em 5 de novembro
A Suprema Corte dos Estados Unidos marcou para 5 de novembro uma audiência para analisar a legalidade das tarifas comerciais globais impostas pelo presidente Donald Trump. A medida ocorre após um tribunal inferior decidir que Trump excedeu sua autoridade ao usar a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) para justificar as tarifas.
Ao mesmo tempo, um grupo bipartidário no Congresso apresentou uma resolução para cancelar as tarifas adicionais de 40% impostas aos produtos brasileiros. A proposta contesta a base legal usada pelo presidente Donald Trump, que recorreu à Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) para impor as tarifas sem aprovação do Congresso. Os senadores alertam que as tarifas prejudicam o comércio bilateral entre os países e podem aproximar o Brasil da China. O mercado acredita que a medida tem poucas chances de aprovação.
Por fim, o governo dos Estados Unidos não deve impor novas tarifas à China, em resposta às compras de petróleo russo, a menos que a Europa taxe a China e a Índia antes, de acordo com Scott Bessent, secretário do Tesouro. Segundo ele, os países europeus precisam ter um papel mais ativo no corte das receitas do petróleo russo, o que contribuiria para o fim da guerra.
Tribunal rejeita pedido de demissão de Lisa Cook; Trump irá contestar
Um tribunal federal de apelações dos Estados Unidos decidiu, por 2 votos a 1, que o presidente Donald Trump não pode demitir Lisa Cook do Conselho do banco central. O tribunal rejeitou a alegação de justa causa de Trump de que Cook tenha cometido fraude hipotecária ao nomear duas propriedades diferentes como sua residência principal. A decisão reforça a independência da instituição. Donald Trump afirmou que contestará a decisão.
Decisão de juros também em outros lugares do globo
A semana também contou com decisão de política monetária em outros lugares do mundo. Na Inglaterra, o banco central manteve a taxa básica de juros em 4,00%, após corte de 0,25 p.p. na reunião de agosto. A autoridade segue reconhecendo riscos inflacionários persistentes (sobretudo em serviços e salários) e deverá esperar por maiores evidências de desinflação para a retomada do ciclo de cortes. No Japão, o banco central manteve a taxa básica em 0,5%, conforme esperado. A autoridade já aumentou os juros em três reuniões neste ano após sair de uma política de taxas negativas em março, mas, na última reunião, citou incertezas no cenário político com a renúncia do primeiro-ministro Shigeru Ishiba e os impactos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos.
Enquanto isso, no Brasil…
Copom: Ainda distante da meta
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) manteve a taxa Selic em 15,00%. No comunicado pós-decisão, o comitê continuou a enfatizar que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”. Além disso, afirmou que “seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta [de 3%]”. Dessa forma, o Comitê reforça o foco de combater a inflação, não eliminando a possibilidade de voltar a subir os juros – embora não seja o nosso cenário.
Acreditamos que a decisão e a comunicação continuam consistentes com o nosso cenário de início de um ciclo gradual de corte de juros em janeiro, com a taxa Selic atingindo 12,00% após seis reduções consecutivas de 0,50 p.p..
Para detalhes, leia o relatório “Copom: Ainda distante da meta”
Câmara aprova urgência para projeto de anistia
A Câmara dos Deputados aprovou, por 311 votos a 163, o regime de urgência para a votação do projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. A proposta busca reduzir as penas. A votação do mérito deve ocorrer na próxima semana. Segundo o Estadão/Broadcast, o Senado não deve aceitar um perdão amplo e irrestrito.
Taxa de desemprego permanece na mínima histórica
A taxa de desemprego mensal e dessazonalizada ficou estável em 5,6% em julho, o menor patamar da série histórica. A população ocupada mostra sinais de estabilização na ponta, mas permanece em patamar historicamente elevado. Ademais, os rendimentos reais cresceram pelo décimo mês consecutivo. Não esperamos reversão dessa tendência altista da renda real disponível às famílias no curto prazo.
Projetamos crescimento do PIB em 2,2% em 2025. Em nossa avaliação, a atividade doméstica continuará desacelerando nos próximos meses, em linha com o agravamento das condições de crédito (ex.: juros mais altos, inadimplência e endividamento das famílias). Contudo, acreditamos que a alta consistente da renda real deve servir como “amortecedor” frente à desaceleração em curso da economia. O mercado de trabalho segue robusto, e os gastos fiscais têm ganhado força na segunda metade do ano, com destaque para o pagamento de precatórios.
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Destaques da próxima semana
Na agenda internacional, destaque para a inflação ao consumidor de agosto nos Estados Unidos medida pelo PCE – é o indicador de inflação preferido do Fed, banco central. Ainda nos Estados Unidos, conheceremos os dados revisados do PIB do 2º trimestre e a confiança do consumidor de setembro. Na China, teremos decisão da taxa de juros de 1 e 5 anos pelo banco central. Ademais, leituras de PMIs na Zona do Euro e nos Estados Unidos serão divulgadas – o PMI é uma sondagem com gerentes de compras que visa medir o ritmo da atividade econômica. Por fim, vários diretores do Fed discursarão ao longo da semana.
No Brasil, destaque para a divulgação da Ata do Copom. O documento detalhará o debate por trás da decisão mais firme do Banco Central do Brasil na última reunião de política monetária. A autoridade também publicará o Relatório de Política Monetária, um dos principais documentos divulgados pelo Banco Central. Ainda durante a semana, teremos a divulgação do IPCA-15 de setembro. A Receita Federal também deve divulgar a arrecadação tributária federal de agosto. Por fim, a semana encerra com a publicação do Balanço de Pagamentos. Veja as nossas projeções abaixo.

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