Cenário Global e Brasil, como eles impactam os investimentos? Confira os destaques do painel

O cenário econômico atual exibe grande heterogeneidade em termos regionais e setoriais, o que gera muitas oportunidades e, ao mesmo tempo, riscos relevantes na visão do sócio e estrategista da Safari Capital, Elsom Yassuda, e do economista-chefe da XP, Caio Megale, que participaram do terceiro dia do evento Jornada do Investidor, by fundos DNA, promovido pela XP.

Apesar da pandemia, de preocupações com inflação, tanto no cenário doméstico como nos Estados Unidos, e da incerteza fiscal no Brasil, a recuperação da atividade econômica nos próximos trimestres poderá trazer oportunidades relevantes para investidores nos próximos meses, principalmente no mercado acionário. Confira os principais destaques do painel.

Cenário Global:

No que diz respeito à cena internacional, destaque para o ritmo acelerado de crescimento econômico nos Estados Unidos. A despeito das pressões recentes de inflação, os níveis de juros longos ainda são interpretados como saudáveis, tendo em vista a base de comparação muito baixa nos últimos anos. Além disso, a inflação de longo prazo não tem exibido movimentos expressivos, embora a inflação de curto prazo permaneça sob pressão.

A forte expansão projetada para a economia internacional intensificará, em um segundo momento, a discussão sobre tapering (remoção de estímulos monetários nas economias desenvolvidas). Com isso, há expectativa de aumento significativo no juro real internacional ao longo de 2022. Ou seja, o fim do (longo) ciclo global de inflação e juros baixos não está distante, o que representa um quadro bastante desafiador às economias emergentes, especialmente para aquelas com níveis elevados de endividamento público.

Em termos de alocação de ativos, o quadro atual – aceleração do crescimento internacional – dá suporte à migração de investimentos para ações mais sensíveis ao ciclo, em detrimento de ativos mais ligados às perspectivas de expansão a longo prazo (tais como as ações de empresas de tecnologia).

Cenário Brasil:

Na cena doméstica, os riscos fiscais seguem como principal tema. O imbróglio envolvendo a aprovação do orçamento público para 2021 e iniciativas políticas voltadas à expansão de despesas primárias emitem sinais muito negativos aos agentes econômicos. Em linhas gerais, o foco sobre a ampliação de gastos, e não sobre a aprovação de reformas estruturais, alimenta incertezas acerca da consolidação fiscal da economia brasileira.

Olhando mais adiante, o ambiente internacional de menor liquidez exigirá muitos esforços do governo brasileiro no que diz respeito à sustentabilidade da dívida pública. A preservação do teto de gastos constitucional é condição necessária para a convergência da dívida, mas não suficiente.

No lado da atividade econômica, as perspectivas são relativamente favoráveis para os próximos trimestres. Algumas estatísticas relacionadas à crise sanitária da Covid-19 mostram melhoria na margem, tais como os números mais baixos de hospitalizações em alguns estados e avanços na campanha de imunização. A normalização de atividades produtivas (destaque para serviços e comércio) decorrente da reabertura da economia poderá trazer oportunidades relevantes para investidores nos próximos meses, principalmente no mercado acionário.

Em suma, sob as condições expressas acima, posições compradas no curto prazo parecem interessantes. O ambiente econômico internacional irá exercer influências positivas e, na esfera doméstica, a saída da pandemia impulsionará os resultados corporativos (que seguem abaixo dos níveis pré-crise). Para o longo prazo (pós-normalização), entretanto, os desafios fiscais irão promover um “encontro de contas”, e o cenário poderá ser bem diferente.

Acompanhe as demais lives do evento Jornada do Investidor, by Fundos DNA , de 12 a 16 de abril, que traz grandes nomes do mercado financeiro com análises para guiar você no conhecimento sobre investimentos. Clique aqui e saiba mais.

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