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Ata do Copom: Sinalização unânime para frente, apesar da divisão na reunião

Ata do Copom reforça mensagem dura do comunicado pós-reunião

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O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) publicou a ata de sua reunião da semana passada. O documento trouxe uma análise mais detalhada da evolução recente da economia brasileira, e esclareceu as diferentes visões que levaram a uma decisão dividida (5x4 a favor de um corte de 0,25 p.p.).

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Cenário internacional

O Copom afirmou que o cenário internacional, “mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos” (parágrafo 1). A ata lembra que não existe uma relação mecânica entre juros no resto do mundo e no Brasil, mas demanda “maior cautela na condução da política monetária doméstica” (parágrafo 6).

Cenário doméstico

No Brasil, o comitê ressalta que “o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado maior dinamismo do que o esperado” (parágrafo 3). Além disso, a nota aponta para um mercado de trabalho apertado, que tem deixado a inflação de serviços intensivos em trabalho persistentemente acima da meta de 3,0% de inflação.

O Comitê também observou uma percepção de piora da situação fiscal pelos participantes do mercado, de acordo com os agentes que respondem o Questionário Pré-Copom, e reforçou que a política fiscal “crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”. (parágrafo 9)

Com relação à inflação, a nota destaca a manutenção da trajetória de desinflação, apesar dos núcleos – que excluem preços voláteis – seguirem acima da meta nas divulgações recentes.

A ata discorreu sobre o debate que levou a divisão no comitê sobre o tamanho do corte da taxa Selic.

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Discussão sobre a decisão dividida

Aqueles que votaram por um corte de 0,25 p.p. argumentam que o cenário não evoluiu conforme esperado desde a última reunião, devido à elevação das projeções de inflação (tanto do Copom quanto do mercado), ao ambiente internacional mais adverso e à atividade econômica mais forte. Assim, eles consideraram apropriado não seguir a orientação de corte de 0,50 p.p. fornecida na reunião anterior.

Já aqueles que votaram por um corte de 0,50 p.p., apesar de compartilharem a percepção de aumento das incertezas internas e externas, defenderam que o cenário não mudou o suficiente para justificar o custo reputacional de não seguir a orientação fornecida anteriormente. Na visão deles, um corte de 0,50 p.p. “ainda manteria a política monetária suficientemente contracionista” (parágrafo 18).

No entanto, mesmo aqueles que votaram por um corte maior desta vez, concordaram que, para frente, a política monetária deve ser ajustada para trazer a inflação para a meta de 3%.

Nossa visão

Em nossa visão, a ata reforçou a mensagem dura do comunicado pós-reunião. De fato, o parágrafo 19 afirmou que "todos os membros" veem a necessidade de uma política monetária restritiva e cautelosa, e concordam que nenhuma orientação futura para a próxima reunião deve ser fornecida. Além disso, a taxa Selic terminal "será aquela que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas de inflação em torno das metas" (grifo nosso).

Usando um modelo similar ao do Copom, nossos cálculos sugerem que a taxa Selic em ou acima da nossa projeção de 10,0% seria necessária para trazer a projeção de inflação de 2025 para a meta. Especialmente porque vemos a expectativa de mercado de 2025 subindo ainda mais nas próximas semanas.

Nós projetamos dois cortes adicionais de 0,25pp, levando a taxa Selic para 10,00%, patamar que deve permanecer por um bom tempo. O risco, contudo, é de uma taxa terminal maior. De fato, lendo a ata, não dá nem para desconsiderar uma pausa no ciclo de cortes já na próxima reunião do Copom, em junho.

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