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Zeina Latif: A lição dos estrangeiros

A visão dos investidores estrangeiros sobre o Brasil nos ajuda a entender quem somos. Diferente do investidor local, que comprou a agenda Temer e está bastante decepcionado e preocupado com os rumos do País, os estrangeiros não são passionais. A decepção é menor, pois também não nutriam grande otimismo em relação à capacidade do governo […]

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A visão dos investidores estrangeiros sobre o Brasil nos ajuda a entender quem somos. Diferente do investidor local, que comprou a agenda Temer e está bastante decepcionado e preocupado com os rumos do País, os estrangeiros não são passionais. A decepção é menor, pois também não nutriam grande otimismo em relação à capacidade do governo de aprovar reformas polêmicas, como a da Previdência. Afinal, é o Brasil. Nem tudo é tão bom, nem tudo é tão ruim.

A ignorância é muitas vezes uma bênção. Os estrangeiros, menos contaminados pelo noticiário local, avaliam de forma mais serena e pragmática os riscos pela frente.

Os estrangeiros têm visão mais global e não veem o Brasil como caso isolado de país problemático. Depois de Brexit e Trump, esses investidores parecem um pouco anestesiados. Nada os surpreende tanto assim. Muitos minimizam os riscos para a eleição de 2018, dizendo que, nos EUA, eles têm o Trump.

Alguns questionam o que realmente detonou a crise política, podendo haver algo além do escândalo de corrupção. Mas os questionamentos não vão muito além da curiosidade. Querem saber mesmo o que vem pela frente: como fica a agenda de reformas, o time econômico, a política econômica, o risco de deslize fiscal e o espaço para cortar a taxa de juros. Querem discutir as oportunidades.

Para o estrangeiro, é difícil entender que um país escolha um caminho medíocre, de baixo crescimento, ou pior, de colapso fiscal. Assim, esperam que a reforma da Previdência virá de qualquer jeito. Se não agora, mais tarde.

O reconhecimento de que o Brasil tem avançado no aperfeiçoamento de suas instituições democráticas é um ponto importante. Reduz os riscos de aventuras na política e na economia.

Diante de tantas incertezas, que impedem saber qual desfecho da crise política seria melhor para a agenda econômica, e da visão de que o País não caminha para o colapso, os estrangeiros reagem, basicamente, a preços. Quando a crise política eclodiu, diante do susto dos locais, muitos viram uma janela de oportunidade para se posicionar no Brasil. O quadro externo, com liquidez elevada e baixa volatilidade do mercado de moedas, ajuda bastante.

Os estrangeiros têm muito a nos ensinar neste momento. Ainda que o quadro recomende cautela, é importante não se deixar contaminar excessivamente pela crise política na tomada de decisões. Cautela sim, retranca não.

O quadro econômico é frágil, mas as válvulas da economia começam a funcionar em resposta à reorientação da política econômica.

O risco de retrocessos na política fiscal no curto prazo existe, mas o espaço é limitado.

O crescimento automático das despesas públicas, a começar pelos gastos da Previdência, estrangula o orçamento de forma crescente, mas houve avanços institucionais importantes, como na “regra do teto”. O político que, porventura, questionar essa regra terá, provavelmente, de recuar por conta da dura resposta dos mercados.

A agenda de ajuste fiscal é difícil e implica enfrentar o estado patrimonialista, mas o debate econômico tem avançado bastante.
A agenda pró-crescimento está em estágio embrionário, mas começou.
A crise do modelo econômico de Dilma é tão gigantesca que força a mudança de crenças. Cresce o desejo por políticas públicas mais horizontais e tratamento equitativo e justo aos setores, empresas e indivíduos (level playing field).

O caminho para a consolidação fiscal e para o crescimento é longo e cheio de desafios. O fato de não enxergarmos hoje lideranças políticas sólidas e com capacidade de conduzir a necessária agenda econômica é preocupante. Mas isso não exime as lideranças do setor privado de cumprirem seu papel na proposição e apoio de reformas que visem o bom funcionamento da economia e o bem comum. Pelo contrário. É momento de maior protagonismo.

É importante olharmos além da crise, como os estrangeiros fazem hoje. “Sentar na sarjeta e chorar” não ajuda a superar os problemas.

22 de Junho de 2017

Fonte: Artigo replicado do Estadão

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