Superquarta: entenda a importância do dia para os mercados

Se você acompanha o mercado financeiro, principalmente as atualizações dos principais indicadores econômicos do país e no exterior, pode ser que já tenha ouvido falar sobre a “Superquarta”.

Para quem investe na Bolsa brasileira, esse dia costuma ser decisivo para as negociações, pois é quando ocorrem dois eventos importantes: as decisões sobre juros dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos.

Entenda a seguir a importância da Superquarta e como essa data pode ditar o rumo dos seus investimentos.

O que é a Superquarta?

No mercado financeiro, Superquarta é um termo bastante usado para definir o dia em que tanto a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil quanto a do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) nos EUA sobre as taxas básicas de juros de seus respectivos países são divulgadas.

De tempos em tempos, autoridades do Banco Central do Brasil, ou Bacen, e do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) promovem uma reunião de dois dias com o objetivo de avaliar, discutir e traçar perspectivas para a trajetória dos juros. No segundo dia, após a reunião, as autarquias divulgam para conhecimento geral uma nota explicando a decisão de política monetária.

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O banco central brasileiro e o Fed realizam oito encontros regulares por ano para analisar as condições econômicas e financeiras de seus países, mas nem sempre esses encontros caem na mesma data. No entanto, as reuniões acabam coincidindo com certa frequência, o que acabou chamando a atenção dos investidores, que passaram a usar a expressão “Superquarta” para se referir a esse dia tão importante aos mercados.

Dado o peso das decisões dos bancos centrais para a recalibragem das expectativas macroeconômicas, a Superquarta tem efeitos imediatos nas ações e em outros ativos da renda variável, além dos títulos de renda fixa, como explicaremos melhor a seguir.

Ocorrência da Superquarta nos últimos anos

Entre 2021 e 2024, aproximadamente 53% das decisões divulgadas pelo Copom a respeito dos juros aconteceram em um dia de Superquarta.

Em 2025, as reuniões do comitê brasileiro devem coincidir com a agenda do FOMC em praticamente todo ano, com exceção da penúltima data – 28 e 29 de outubro nos EUA e 4 e 5 de novembro no Brasil.

Histórico de juros no Brasil e nos EUA

As consequências dos lockdowns no período mais crítico da pandemia de Covid-19, somadas às tensões geradas pelas guerras na Europa e no Oriente Médio, além da briga comercial entre EUA e China, trouxeram muitas incertezas sobre um potencial choque na cadeia global de suprimentos e os riscos que isso traria às principais economias do mundo. Nesse cenário, a política monetária dos países passou por diversas revisões.

No Brasil, a taxa Selic estava nas mínimas quando o Banco Central resolveu interromper em março de 2021 a manutenção dos juros em 2%, após cinco reuniões com a taxa estacionada nesse patamar.

O Banco Central só parou de subir a taxa em agosto de 2022, mantendo em 13,75% até agosto de 2023, quando deu início ao ciclo de flexibilização – isto é, de queda de juros.

A Selic voltou a subir no segundo semestre de 2024 e alcançou o mais nível em quase 20 anos.

Nos EUA, o movimento de contração das taxas teve início em março de 2022 e chegou à faixa dos 5,25-5,50% em julho de 2023. Confira o histórico dos últimos 10 anos:

Como a Superquarta impacta os investimentos

Além do impacto direto na economia, especialmente o mercado de crédito, a Superquarta traz volatilidade aos mercados, que são bastante suscetíveis às curvas de juros futuros.

A reação em cadeia gera impacto nas ações (pode estimular um movimento de rotação de investimentos, considerando que existem ativos mais sensíveis do que outros às taxas), nos rendimentos dos títulos de renda fixa (taxas maiores tendem a estimular a procura por aplicações consideradas mais seguras e vice-versa) e na cotação do dólar.

O comunicado oficial divulgado com a decisão também se torna uma condição determinante para guiar o humor dos investidores. É assim que eles conseguem avaliar como anda a percepção das autoridades em relação ao nível de atividade econômica do país e às dinâmicas geopolíticas globais.

A visão dos dirigentes sobre indicadores relevantes para medir a economia, tais como inflação, criação de postos de trabalho e desemprego, também é importante para que investidores e analistas do mercado ajustem suas posições e perspectivas.