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Richard Branson: conheça a trajetória do primeiro bilionário a viajar para o espaço na sua própria aeronave

A primeira vista, esse senhor de 71 anos parece ser um rockstar de uma banda que passou pelo seu auge nas décadas de 60 e 70, dividindo palcos com Rolling Stones, Sex Pistols e Iggy Pop. E embora Richard Branson viva como um astro do rock e tenha andado lado a lado dessas grandes estrelas, […]

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Richard Branson: conheça a trajetória do primeiro bilionário a viajar para o espaço na sua própria aeronave

A primeira vista, esse senhor de 71 anos parece ser um rockstar de uma banda que passou pelo seu auge nas décadas de 60 e 70, dividindo palcos com Rolling Stones, Sex Pistols e Iggy Pop. E embora Richard Branson viva como um astro do rock e tenha andado lado a lado dessas grandes estrelas, fez sua fama e fortuna como empresário e não como músico.

Nesta semana, seu mais novo feito foi se tornar o primeiro empresário a ir ao espaço em uma viagem comercial, batendo Jeff Bezos, fundador da Amazon e CEO da Origin Blue, e Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, na segunda corrida espacial.

Dono do conglomerado Virgin, no domingo, 11 de julho, o bilionário embarcou na Unity VSS, chamada de V22, por conta do 22º teste de voo da aeronave, da Virgin Galactic e subiu 89 km, ultrapassando a fronteira determinada como oficial para a exploração espacial.

Conheça mais sobre a história do empreendedor e Cavaleiro do Império Britânico, dono de uma fortuna estimada em US$ 4,9 bilhões:

Infância de Richard Branson e primeiros passos nos negócios

Richard foi o primeiro filho do casal Eve, ex-dançarina de balé e comissária de bordo, e Edward Branson, advogado. Nascido em Londres, passou por boas escolas em Surrey, Sussex e por último em Buckinghamshire. No entanto, sempre passou por dificuldades para tirar notas e acompanhar as aulas.

Diagnosticado com dislexia, Richard era confundido como preguiçoso e desinteressado. Sua postura rebelde e ideias pouco convencionais não favoreciam. Um dos diretores da última escola que Richard frequentou disse que ele terminaria a vida na cadeia ou como milionário, relatou o empreendedor em uma entrevista.

Apesar das dificuldades na escola, Richard já dava os primeiros passos nos negócios ainda na adolescência. Junto do amigo Nik Powell ganhavam algum dinheiro criando e vendendo canários, caçando e vendendo os animais mortos para açougues a região, além de ter uma pequena plantação de pinheiros, que seriam vendidos como árvores de Natal.

A empreitada que começaria o império que hoje é a Virgin seria com a revista Student. Com apoio de seu amigo Nik e de sua mãe, Richard abordava assuntos polêmicos e que estavam em alta entre os jovens: de grandes temas como a Guerra do Vietnã, a coisas comuns como sexualidade, depressão, música e artes. A primeira edição foi lançada com artes do ilustrador Gerald Scarfe, conhecido pelo seu trabalho na revista The New Yorker e a capa do álbum The Wall, do Pink Floyd.

Richard Branson começou sua carreira fundando a revista Student, sucesso entre jovens britânicos na década de 60
Branson começou sua carreira fundando a revista Student, sucesso entre jovens britânicos na década de 60

A revista se tornou a voz dos jovens britânicos no final da década de 60 e começo da de 70. Com o rock britânico tomando conta do mundo nesse período, a publicação se tornou também um dos maiores nomes sobre o assunto. Mesmo com pouco lucro, conseguia entrevistas exclusivas com personalidades como Mick Jagger, vocalista dos Rolling Stones, e John Lennon, ex-vocalista e guitarrista dos Beatles, então em carreira solo.

No entanto o modelo de negócio não se sustentava, então Richard já preparou terreno para sua próxima empreitada, que viria a ter ainda mais sucesso que a Student.

Nascimento da Virgin

Com um ótimo canal de comunicação sobre música e para o público jovem, Branson teve a ideia de criar uma loja de discos. Embora não fosse nenhuma inovação vender vinil, a Virgin Mail Order conseguiu ganhar mercado ao vender discos mais baratos e entregando-os pelo correio.

Na época, um acordo entre as fábricas de discos e as lojas, tabelava os preços, ficando quase impossível fazer promoções sem perder dinheiro. Com o sistema montado por Branson, a Virgin entrava entre os dois negócios, como um distribuidora, mas vendendo sem os custos de uma loja.

Anunciando na Student e sua legião de leitores e fãs, o negócio cresceu rapidamente. Mas em 1971, o correio britânico entrou em greve, obrigando Nik e Richard a ousar e inovar mais uma vez. Moldaram a empresa para um modelo físico, abrindo uma loja na Oxford Street, em Londres, famosa por grandes lojas e alta circulação de pessoas.

A sacada da Virgin Records Shop foi oferecer uma experiência de compra, algo nada visto até aquele momento. Com visual moderno, cheio de posters, instrumentos e arte, a loja também tinha vitrolas para ouvir os discos no ato da compra.

Loja da Virgin Records, que evoluiria para a gravadora que trabalhou com Rolling Stones e Sex Pistols
Loja da Virgin Records, que evoluiria para a gravadora que trabalhou com Rolling Stones e Sex Pistols

Virgin se torna a gravadora dos maiores artistas

Cada vez mais forte na indústria musical, o nome Virgin seguiu crescendo, desta vez tornando-se gravadora. A ideia saiu do papel com a compra de uma mansão no município de Oxford, onde os artistas poderiam se hospedar, gravar e trabalhar nas músicas como quisessem. Na prática, o Manor Studio era a casa dos músicos durante o período de gravação dos álbuns.

O formato flexível e mais acolhedor foi outra inovação para a indústria, que antes tinha um modelo mais engessado de estúdios. O Manor Studio funcionou de 1971 até 2010, gravando artistas como Queen, Van Morrison, Black Sabbath, INXS, The Cure e Radiohead.

Você sabia?

Richard Branson confirmou as duas previsões de seu antigo diretor. além de se tornar minlionário, foi preso por contrabandear discos vindo da bélgica, buscando diminuir os impostos pagos. Foi descoberto e precisou pagar multa de 70 mil libras para sair da prisão.

Como gravadora, a Virgin também cuidava do lançamento e distribuição dos artistas, independente se fossem gravados no Manor Studio. Assim, também trabalhou com Rolling Stones, Peter Gabriel, The Who e David Bowie. Mas um dos nomes mais importantes e polêmicos a assinarem com a Virgin foram os Sex Pistols, banda de punk-rock que atacava o império britânico em suas letras.

A rare copy of the Sex Pistols' 'God Save The Queen' single is up for sale

Pelo single God Save the Queen, a banda sofreu protestos como greve nas fábricas de discos, policiais fechando as lojas e confiscando álbuns e merchandising do disco. A própria BBC baniu a música das suas rádios. Mesmo assim, a Virgin bancou a aposta na banda e após uma semana e meia de lançamento, que coincidiu com o Jubileu de Prata da Rainha Elizabeth, cerca de 150 mil discos já haviam sido vendidos.

Alguns especialista apontam que se não fosse por uma manipulação de números, o disco seria o número 1 nas paradas britânicas logo na primeira semana de venda. No entanto, o single ficou em segundo lugar, atrás de I Don’t Want to Talk About It, de Rod Stewart. A CBS, distribuidora das duas gravações, teria admitido a um dos membros da banda que o seu disco tinha vendido mais que o single de Rod Stewart, abrindo espaço para mais teorias de manipulação.

Virgin agora nos ares

Na década de 80, com a gravadora já consolidada no mercado, Branson expandiu seus negócios para os ares, com a Virgin Atlantic. A companhia aérea surgiu de um voo de férias de Richard e sua esposa que foi cancelado de última hora. Ele acabou fretando um avião e dividindo os custos com viajantes que também iriam para o mesmo destino.

A ideia estava implantada e se consolidou quando Randolph Fields propôs uma parceria com Richard. No princípio o projeto era de uma companhia pequena, focada em voos domésticos e regionais. Mas com a entrada do dono da Virgin, a empresa engordou e estreou em 1984 como Virgin Atlantic, voando de Londres até Nova Iorque, nos Estados Unidos.

Carregada por um conceito diferente, focado no conforto dos passageiros, a Virgin crescia até que em 1990 enfrentou a concorrência da British Airways de uma forma inesperada. A gigante companhia aérea infiltrou funcionários dentro da operação da Virgin, buscando sabotar a empresa, além de algumas tentativas de hackear o sistema da companhia.

Virgin Australia Airlines Office Photos | Glassdoor. Virgin Atlantic, companhia aérea que inovou com o modelo de baixo custo
Virgin Atlantic, companhia aérea que inovou com o modelo de baixo custo

Além disso, o ataque publicitário também era forte, com a BA tentando difamar Branson e o nome da Virgin. As táticas sujas da BA terminariam com um processo vencido pela Virgin, que resultou em um pagamento de 4 milhões de libras para a empresa de Branson.

Mesmo com a vitória jurídica, a crise da companhias aéreas na década de 90 afetaram a operação da Virgin que também sentiu os ataques da BA. Com isso, Branson se viu obrigado a vender a Virgin Records para manter a sua aventura aérea. A gravadora acabou sendo vendida para a gigante EMI, em um negócio de US$ 1 bilhão de dólares.

Os ataques de grandes corporações, a resistência e rebeldia de Branson e da Virgin, acabariam por criar um favoritismo popular para a empresa. Vistos como underdogs, ou azarões, o nome Virgin seguiu avançando, diversificando mercados e cada vez mais desafiando os grandes nomes.

A força da marca e o império

Com isso, hoje a Virgin é uma gigante, faturando cerca de US$ 7 bilhões em 2020. Através do licenciamento da marca Virgin, possui e possuiu empresas nos ramos mais comuns como saúde, financeiro, comunicações e varejo até os mais improváveis como uma equipe de Fórmula 1, uma companhia de viagens de balão e, mais recentemente, de viagem espacial.

P24: Lucas di Grassi (BRA) - Virgin-Cosworth VR-01 - 0 Points #motorsport  #racing #f1 #formel1 #formula1 #formulaone #m… | Grand prix cars, F1  motorsport, Indy cars
O piloto brasileiro Lucas di Grassi a bordo do carro da Virgin F1

A fama de rockstar passa pela postura de Branson ao assumir todas essas aventuras. Ele constantemente aparece em comerciais de suas empresas, vestindo fantasias e participando de ações promocionais como lançamento da Virgin Cola, que tentava destronar a Coca-Cola.

Para o lançamento da Virgin Cola, Richard Branson subiu a bordo de um tanque de guerra e passou pela Times Square em Nova Iorque
Para o lançamento da Virgin Cola, Branson subiu a bordo de um tanque de guerra e passou pela Times Square em Nova Iorque

Exploração espacial

Fundada em 2004, o objetivo da Virgin Galactic era claro: ser a primeira empresa privada do mundo a realizar viagens espaciais comercialmente. Atualmente com valor de mercado de US$ 840 milhões, a empresa conseguiu isso ao realizar seu voo inaugural tripulado com o fundador a bordo em 11 de julho.

O foguete subiu 89km, alcançando a termosfera do planeta, faixa atmosférica onde satélites orbitam e onde já é possível sentir a gravidade zero. Após o lançamento, as ações da empresa haviam subido 22% na bolsa de Nova Iorque. A viagem que tinha mais 4 tripulantes operacionais custou cerca de US$ 1 bilhão para acontecer.

Com esse teste bem sucedido, Richard já pensa a frente, visualizando a partir de 2022 realizar viagens com clientes. O custo estimado seria de US$ 250 mil por assento. Segundo a empresa, cerca de 600 pessoas já compraram passagens para as primeiras viagens turísticas.

Um dos interessados a viajar com a Virgin, seria o concorrente Elon Musk. Dono da SpaceX, Musk teria desembolsado US$ 10 mil para garantir um voo com a Virgin, segundo Branson.

No dia 12 de julho, a Virgin enviou à  Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM americana) um pedido para uma oferta de ações de US$ 500 milhões.  De acordo com o documento, os recursos captados serão utilizados para propósitos corporativos gerais, como capital de giro, despesas de capital para fabricação e desenvolvimento da frota de espaçonaves e outras melhorias de infraestrutura.

Voo tripulado na Virgin Galactic

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