A ingenuidade é inimiga de qualquer consumidor ou investidor desde muito tempo atrás. Na transição do século XIX para o século XX, nos Estados Unidos, era bastante comum o seguinte anúncio nas fachadas de tabernas e botequins: “Free Lunch” (“Almoço Grátis”, em tradução livre).
Como evidencia uma reportagem do New York Times, de 1875, na efervescência do centro da cidade de Nova Orleans, pagando pelo menos uma bebida já era possível desfrutar à vontade da comida ofertada nos balcões: ovos cozidos e aperitivos, como pães, bolachas de água e sal e queijos.
Parecia uma alternativa solidária e boa para o bolso, mas dois fatores faziam o “barato sair caro” pois se complementavam de caso pensado: a comida era bastante salgada e os lugares que ofereciam o almoço grátis eram especialistas em bebidas. Portanto, o sal dos aperitivos despertava sede nos marmanjos que topavam a empreitada e, com isso, a ideia acabava se pagando, na prática, porque aqueles que gastavam bastante com as bebidas compensavam o suposto “almoço grátis”.
A febre dos free lunchs que se espalhou por alguns estados norte-americanos, naquela época, é a inspiração para a famosa frase “There is no such thing as a free lunch” (“Não existe almoço grátis”), que se tornou um fenômeno principalmente entre economistas e investidores.
Até hoje não se sabe ao certo a origem exata da frase, porém ela ganhou popularidade em Revolta na Lua (The Moon is a Harsh Mistress), romance de 1966 do escritor de ficção científica Robert Heinlein, e depois com os ensinamentos de liberalismo do economista e ganhador do Prêmio Nobel, Milton Friedman.
DITADO
“Não existe almoço grátis”
‘Não existe almoço grátis’: o que significa essa frase?
Assim como mostra a história dos clientes das tabernas que caíam na armadilha do free lunch, a frase “Não existe almoço grátis” é usada para mostrar que nada na vida é de graça, por mais fácil que possa parecer. E não estamos falando apenas em termos financeiros. Envolve na verdade qualquer escolha, que tem, de forma explícita ou implícita, um custo por trás.
É uma expressão que, basicamente, descreve o custo da tomada de decisão e do consumo, servindo também como um alerta para as pessoas lerem nas entrelinhas as contrapartidas de cada situação.
Vamos a um exemplo mais atual para entender melhor a frase. Hoje em dia, há cursos dos mais diversos tipos para todos os públicos, de universidades renomadas mundialmente, que são oferecidos gratuitamente. Mas a grande contrapartida, na maioria dos casos e geralmente nos cursos mais disputados, é que não se obtém ao término do curso um certificado nem sequer um documento oficial atestando e comprovando a conclusão das aulas e dos testes.
Ou seja, você pode adquirir o conhecimento, mas se em uma vaga de emprego for obrigatória a apresentação da certificação é como se valesse apenas a sua palavra, contando menos pontos para o avaliador. Se um outro candidato fez o mesmo curso e optou por pagar as aulas para conseguir o diploma, certamente sairá na frente por ter uma prova concreta do aprendizado.
Mais um exemplo de que “não existe almoço grátis” e que, às vezes, apostar que existe pode sair caro. Contudo, saber se vale a pena ou não essa decisão depende dos seus objetivos. Talvez, se o curso fosse só para agregar conhecimento sem necessidade de atestar a ninguém, a história poderia ser outra, isto é, mesmo sabendo da contrapartida não seria um empecilho.
Por que todo investidor precisa entender esta frase
A frase “Não existe almoço grátis” encaixa perfeitamente no contexto dos investimentos. Veja a seguir, por exemplo, se a hipotética propaganda de uma estratégia de investimento não lhe soa familiar:
“Dobre o seu capital a cada mês investindo o quanto você quiser, e o melhor, sem nenhum custo adicional. Você só precisa utilizar à risca o meu método para, finalmente, conquistar o sonho de se tornar um milionário!”
Quem nunca se deparou com algum anúncio desse tipo como uma forma milagrosa para ficar rico? Em casos assim é que mora a frase tão falada no mercado financeiro. Afinal, não há investimento perfeito.
No contexto dos investimentos, o fato de não existir almoço grátis passa por dois outros conceitos muito importantes para a tomada de decisões e que se complementam ao sustentar a ideia de que é preciso encontrar um equilibro e saber qual é a prioridade. São eles: custo de oportunidade e tripé dos investimentos.
A partir desses conceitos, é possível entender que ao escolher um tipo de investimento você sempre estará priorizando entre três pilares (segurança, rentabilidade ou liquidez) e, assim, abre-se mão de algum deles, o que já torna qualquer investimento, por si só, incompleto no sentido de não ter os atributos em pé de igualdade.
Para ser mais claro, a relação entre risco e retorno é o exemplo mais importante de entender. Basicamente, a tendência nos investimentos é ter mais potencial de retorno conforme se aumenta o risco. Se em algum momento te disserem que um investimento dobra o seu capital, mesmo não correndo mais riscos, investigue bem qual é a proposta, pois a “furada” pode dar as caras a qualquer momento e o maior prejudicado será o seu bolso.
Ou seja, por mais que um investimento apareça para você de alguma forma como solução para a sua vida financeira, desconfie e lembre-se que se ofertarem uma aplicação financeira com ares de “almoço grátis”, isto é, que pareça muito bom para ser verdade, avalie todos os detalhes e tente achar as contrapartidas que há em qualquer tipo de investimento.
Diversificação: o único ‘almoço grátis’
Se em apenas um investimento podemos dizer, sem sombra de dúvidas, de que “não há almoço grátis”, quando se faz uma combinação de vários ativos a conversa é completamente diferente.
A diversificação é o único “almoço grátis” no universo dos investimentos, como disse Harry Markowitz, ganhador do Prêmio Nobel de Economia e criador da teoria moderna da construção de um portfólio. Isso ocorre porque esse conceito se baseia no equilíbrio de riscos.
Por exemplo, um investimento em um determinado fundo de ações, que toma mais riscos na Bolsa, pode ser balanceado com um fundo mais conservador ou a segurança de um título público. Ou seja, um investimento completa o outro.
Outras referências para entender a frase
Há outras referências que ficaram famosas mundialmente e que podem complementar à ideia de “não existe almoço grátis”. Por exemplo, há um provérbio russo que diz: “The only place you find a free cheese is in a mouse trap” (“O único lugar que se encontra queijo de graça é em uma ratoeira”). A expressão indica a mesma ideia da frase que estamos discutindo aqui. Ou seja, alguém pagará o preço daquilo que é ofertado de graça.
Provérbio russo
“O único lugar que se encontra queijo de graça é em uma ratoeira.”
Agora, com uma referência mais leve e reflexiva para fecharmos o tema, no seriado Big Bang Theory fica bastante claro em uma frase do personagem Sheldon que os presentes podem funcionar, em alguns casos, como exemplos de que “não existe almoço grátis”.
Em um certo episódio da série, ele diz: “O fundamento de um presente é a reciprocidade. Você não me deu um presente, me deu uma obrigação”. E como isso tem a ver com a frase que tratamos neste texto? Em certas ocasiões, um presente, algo que não demanda esforço para quem recebe, pode significar o preço de algo em troca. Dá a ideia de que se dá algo já pensando no que receberá em troca. Portanto, o presente acaba não sendo tão “dado” assim.
Sheldon
(The Big Bang Theory)
“O fundamento de um presente é a reciprocidade. Você não me deu um presente, me deu uma obrigação”.
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