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Petrobras (PETR4) | Mais informações sobre a nova política de preços da Petrobras com o CFO

A pergunta de 1 bilhão de dólares ficou sem resposta: qual é o valor marginal da Petrobras?

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Participamos de uma teleconferência com o Sr. Sergio Leite, CFO da Petrobras (PETR4), para aprofundar o assunto da nova política de preços de gasolina e diesel. Ele reforçou que a Petrobras buscará aumentar a participação de mercado sem comprometer as margens e a rentabilidade. A otimização da utilização das refinarias foi um tema recorrente durante a teleconferência, assim como qual é o “valor marginal para a Petrobras” (uma pergunta que segue sem uma resposta clara). Do lado negativo, parece-nos que o processo de formação de preços tornou-se muito mais complexo de definir do que apenas o PPI e, consequentemente, também mais complexo de ser auditado pelos fiscalizadores internos e externos da Petrobras. Mantemos nosso call de que a Petrobras deve continuar sendo um bom investimento em um ambiente de preços de combustível “altos, mas não muito altos” como o que estamos vivendo agora, mas vários riscos permanecem.

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Ontem, dia 16 de maio, após a Petrobras anunciar a substituição de sua política de preços para a gasolina e diesel, participamos de uma teleconferência com o Sr. Sergio Leite, novo CFO da Petrobras, para aprofundar o assunto. O Sr. Sérgio Leite reforçou que os preços praticados devem estar dentro de uma faixa, na qual o nível superior ficará próximo ao custo alternativo do cliente (“CAC”) e o inferior próximo ao “valor marginal para a Petrobras”. A Petrobras vai disputar mercado “gota a gota” sem comprometer margens e lucratividade. Ele enfatizou que a Petrobras deve se manter financeiramente saudável para ter recursos para investir e pagar dividendos aos seus acionistas. O Sr. Leite acredita que, olhando para a média de 2023, os resultados da Petrobras devem se aproximar dos níveis que a estatal vem entregando até agora.

A otimização da utilização das refinarias foi um tema recorrente. O CFO mencionou várias vezes que a Petrobras deveria olhar seus ativos de forma consolidada, visando principalmente a taxa de utilização das refinarias. Segundo ele, a política de PPI da Petrobras foi a culpada por a empresa ter alcançado menos de 80% de participação de mercado em algum momento no passado, trazendo economias de escala menores. Além do investimento dedicado ao desgargalamento da capacidade de refino do Plano Estratégico anterior e de outros investimentos que provavlemente virão do novo plano (ainda pendente de uma formalização), o executivo vê potencial para ajustar a “dieta” de petróleo das refinarias da Petrobras para aumentar sua produção. Embora reconheçamos a visão do Sr. Sérgio Leite de que as economias de escala são um componente crucial neste negócio, notamos que o Brasil tem uma posição de importador líquido principalmente em Diesel e GLP, e quando uma refinaria opera mais petróleo, inevitavelmente produz outros produtos (alguns com preços mais baixos do que o petróleo usado como insumo) que precisa encontrar um mercado. Portanto, na nossa visão, existem outros trade-offs envolvidos que devem ser levados em consideração.

Ainda sobre a dinâmica de disputa de market share e adoção do CAC, o CFO foi questionado sobre quais seriam as condições limites para este cálculo, entre diferentes cenários. Por exemplo, como é o caso da refinaria Mataripe, localizada na Bahia, onde a Acelen tem vantagens competitivas potencializadas por uma sólida infraestrutura logística para atender distribuidores, entre outros exemplos específicos. Para esses exemplos, o executivo voltou a reafirmar que a Petrobras buscará maximizar a participação de mercado, desde que a estatal seja competitiva para disputar esse cliente, de olho na rentabilidade financeira.

Ficar acima do PPI,  para mitigar os preços internos da volatilidade macro, pode afetar a participação de mercado da Petrobras? Segundo o CFO, o preço não é o único fator considerado pelo cliente. Outros elementos desempenham um papel, como tempo de entrega, frete e condições comerciais. Outro fator é que uma carga internacional demora entre 30 a 45 dias para chegar ao Brasil, colocando os importadores independentes em risco de variação de preços nesse período, o que impede alguns players de trazer combustíveis para o país (e vemos que, a partir de agora, ainda mais players irão abster-se desta atividade).

Melhores condições para os grandes distribuidores? O Sr. Sérgio Leite esclareceu que a Petrobras não pode diferenciar preços na mesma região devido à regulamentação da ANP. No entanto, outros aspectos da oferta comercial total podem ser melhor explorados, como condições de pagamento, prazo de entrega e quantidade disponibilizada. Isso, combinado com nossa visão de que o país terá menos importações de players independentes, pode ser marginalmente positivo para os principais distribuidores do país.

A pergunta de 1 bilhão de dólares ficou sem resposta: qual é o valor marginal da Petrobras? O CFO afirmou que inclui uma soma de custo, margem e taxa de retorno sem dar muitos detalhes quantitativos. Também não explicou, por exemplo, se esse valor marginal inclui a opção alternativa de vender o petróleo diretamente ao mercado interno ou internacional ao invés de refiná-lo. No entanto, nossa visão sobre a situação atual continua sendo a que explicamos antes (aqui), restrições da “Lei das Estatais” (13.303/2016) e do Estatuto da Petrobras reduzem a margem para a administração da Petrobras cobrar preços de combustível muito abaixo do IPP, por demasiado longo.

Do lado negativo, parece-nos que o processo de fixação de preços tornou-se muito mais complexo de definir do que apenas o PPI e, consequentemente, mais difícil de ser auditado pelos órgãos fiscalizadores internos e externos da Petrobras (como o TCU). Para os investidores, acreditamos que o indicador financeiro mais observado nas demonstrações financeiras da Petrobras, a partir de agora, serão as margens da Unidade de Negócios (“UN”) de Refino, Transporte e Comercializaçã (“RTC”, que esperamos ser marginalmente reduzidas nos próximos trimestres). Mas é importante ter em mente dois contratempos que dificultam a análise das finanças da UN de RTC. A primeira é que RTC inclui atividades de comercialização e trading que deveriam ter margens menores do que o refino, mas os investidores veem apenas uma margem “consolidada” para a UN. Em segundo lugar, muitos insumos de RTC vêm da UN de Exploração & Produção (“E&P”, o petróleo bruto não importado) e de Gás & Energia (“G&E”, o gás natural e energia elétrica consumidos nas refinarias, além de alguns volumes de GLP). Historicamente, o único preço de transferência que a Petrobras apresenta para os investidores é o preço de transferência do petróleo bruto de E&P para RTC (de 2018 a 2022 vendido com ~4% de desconto para o Brent, enquanto de 2013 a 2015 o desconto foi bem maior, em ~14%). Teoricamente, a Petrobras poderia usar preços de transferência mais baixos para contabilidade gerencial, mantendo as margens RTC “saudáveis” às custas dos segmentos E&P e G&E.

A Petrobras deve continuar sendo um bom investimento em um ambiente de preços de combustível “altos, mas não muito altos” como o que estamos vivendo agora. Se os preços dos combustíveis dispararem, acreditamos que a pressão política sobre a administração da Petrobras para usar a flexibilidade dessa nova política para subsidiar os combustíveis aumentará significativamente. E a gestão será tentada a explorar quais são os limites dessa nova política frente aos já mencionadas restrições que a Petrobras enfrenta. Portanto, mantemos nossa recomendação de compra, mas novamente alertamos os investidores sobre os riscos políticos embutidos no caso de investimentos, bem como o componente de “baixo beta para o petróleo” da tese.

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