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Panorama XP – Novembro: O que esperar da Bolsa?

Saiba o que aconteceu na Bolsa em outubro e veja as nossas expectativas para o mercado em novembro.

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Preocupações com a 2ª onda e eleições nos EUA pesam nos mercados em outubro

Durante o mês de outubro, as preocupações em relação à pandemia voltaram a pressionar os mercados no mundo todo. O índice MSCI Global caiu -3,1% no mês, mas retrocedeu -7,5% desde o pico no dia 12 de outubro. Já a Europa caiu -5,2% em outubro e -8,2% desde o pico no mês. Nos EUA, o índice S&P500 caiu -2,8% no mês e -7,5% desde o pico, no início do mês.

Os fatores que levaram a essa forte correção foram: 1) 2ª onda da COVID-19 na Europa e nos EUA, levando à novas restrições e lockdowns parciais em vários países, como França e Alemanha, 2) a proximidade e incerteza nas eleições americanas, 3) a falta de um acordo para novos estímulos nos EUA, que era esperado para antes das eleições e 4) a temporada de resultados do 3º trimestre, que se iniciou, e trouxe preocupações recentes com o setor de tecnologia nos EUA.

No Brasil, o Ibovespa seguiu o movimento global ao final do mês, recuando -7,8% desde o pico em 22 de outubro, quando o índice atingiu 102 mil pontos. No entanto, no mês, a Bolsa brasileira caiu “somente” -0,7% em moeda local e -2,7% em dólares. Já o Real continuou perdendo valor em relação ao Dólar, e chegou ao patamar de R$5,80/USD (o maior nível desde maio, quando o Dólar atingiu o nível de R$5,90/USD) e fechou o mês em R$5,74/USD.

Outro fator frente às incertezas foi o aumento das taxas de juros futuros, com o DI jan-25 subindo de 6,5% para 6,77% no mês, o que é prejudicial para a Bolsa.

Preparando para uma possível recuperação em “W”?

O debate em relação à forma da recuperação econômica foi intenso esse ano, com muitas opiniões sobre uma recuperação em formato de V, U, W, L ou até em formato do logo da Nike (“Swoosh”)?

Até agora, o que vimos no Brasil e no mundo foi uma recuperação em “V” e economias ao redor do mundo já recuperaram bastante do terreno perdido, com números acima das expectativas. Além das reaberturas das economias, os US$20 trilhões de pacotes de auxílio fiscal e monetário anunciados no mundo ajudaram na rapidez dessa recuperação. No entanto, com a 2ª onda da COVID-19 e a incerteza sobre os futuros estímulos, a discussão agora é sobre como as mudanças podem impactar essa recuperação global.

Seria possível então uma recuperação em W? Sem a vacina no curto prazo, há preocupações em relação ao retorno de restrições, comportamento mais cauteloso dos consumidores, inadimplência e desemprego elevados, que prolongariam a queda e levariam a uma recuperação econômica em W, com um aumento da aversão a risco nos mercados.

Revisando o target do Ibovespa dado o aumento das incertezas globais

Dado o aumento das incertezas e aversão a risco, esperamos que os mercados continuem voláteis no curto prazo. Apesar de enxergamos o “valor justo” do Ibovespa em 115,000 pontos, esperamos que o índice chegue nesses níveis apenas na metade de 2021. Isso porque a elevação dos riscos no mundo deve continuar pressionando os múltiplos de negociação das empresas brasileiras. Hoje, o Ibovespa negocia a 11x Preço/Lucro (P/L) para 2021, abaixo da média histórica de 12x e do valor justo de 13,1x nos níveis atuais de juros no Brasil. Para o final de 2021, enxergamos um valor justo para o índice de 124.500 pontos, 32% acima dos níveis atuais. Para o final de 2020, acreditamos que a Bolsa possa chegar em 107,000 pontos.

Baseamos nossos cálculos nas estimativas de Lucros do consenso e da XP para as 77 empresas que compõem o índice para os anos de 2021 e 2022. Com base nessas estimativas, assumimos um valor justo para o índice, utilizando-se de um múltiplo de Preço/Lucro (P/L) justo. Para esse cálculo, utilizamos tanto o histórico dos múltiplos, quanto a diferença de valor entre ações e a renda fixa de longo prazo no Brasil (NTN-Bs), utilizando o prêmio de risco das ações no Brasil (Equity Risk Premium – ERP).

Eleições americanas – qual o impacto esperado na minha carteira?

“Não pergunte o que seu país pode fazer por você … pergunte o que você pode fazer por seu país.”

John F. Kennedy

As eleições americanas ocorrem já na próxima semana, no dia 03/11, em que serão decididas não só a corrida Presidencial, mas também a eleição para os 435 assentos na Câmara dos Deputados e 35 dos 100 assentos para o Senado americano. Hoje, o partido Republicano detém a Presidência dos EUA, com Donald Trump, e o controle da maioria do Senado. Os Democratas, por sua vez, detêm a maioria da Câmara dos Deputados dos EUA.

Indo direto ao ponto, como o mercado deverá reagir nos diferentes cenários da eleição?

Começando com as probabilidades assumidas hoje pelo mercado, a vitória de Joe Biden já é largamente esperada pelo mesmo, assim como uma maior probabilidade de um Congresso controlado por uma maioria Democrata.

Como os gráficos abaixo mostram, a probabilidade nas casas de aposta de uma vitória de Joe Biden já se encontra em quase 64%. Já as pesquisas nacionais mostram uma liderança para Biden um pouco mais apertada, de 51,4%, vs. 42,9% para Donald Trump. Além disso, o mercado também espera que os Democratas passem a controlar também o Senado, além de manter a maioria na Câmara. A Bolsa de apostas “Predict-It” tem hoje 62% de probabilidade para um cenário de Senado controlado por uma maioria Democrata.

Mas como o mercado deve reagir dependendo do cenário para as eleições?

Essa resposta depende não apenas do resultado das eleições para Presidente, mas também a do Congresso. Estudos mostram que a melhor performance da Bolsa americana se dá durante mandatos presidenciais com o Congresso dividido entre os dois partidos. Em tese, a história mostra que as eleições pro Congresso são tão ou até mais relevantes para o mercado de ações americano.

1) Cenários para a eleição americana

  1. Trump se reelege e Congresso se mantem dividido: Positivo – nesse caso o mercado reagiria positivamente, pela continuidade do governo e pela possível aprovação de um grande pacote de estímulos econômico após as eleições, num valor de US$1,8 trilhões (8,4% do PIB americano).
  2. Biden eleito com Congresso dividido: Positivo – esse cenário já vem sendo descontado nos mercados recentemente, e já é o cenário base do consenso de mercado hoje (e do time XP Política também). Além disso, o Congresso dividido deve diminuir a probabilidade de os Democratas aprovarem um plano de aumento de impostos impopular. Além disso, o pacote de estímulos aprovado pelos Democratas deve ser ainda maior que o pacote dos Republicanos (pelo menos US$2,0 trilhões segundo os jornais, ou quase 10% do PIB), sendo recebido como positivo para os mercados.
  3. Biden eleito com Senado e Câmara com maioria Democrata, por pequena margem: Neutro (negativo curto prazo, positivo médio/longo) – esse cenário pode ser neutro para os mercados, inicialmente podendo ser visto como negativo pelo mercado, mas provavelmente se recuperando em seguida. Isso porque uma pequena maioria no Senado não deve dar vantagem suficiente aos democratas para levar em frente e aprovar medidas impopulares, como um aumento de impostos. Além disso, esse já é o cenário base precificado no mercado hoje, e não deveria trazer tantas incertezas.
  4. Biden eleito com Senado e Câmara com maioria Democrata, por ampla margem: Negativo – uma larga vantagem aos Democratas poderá ser interpretada como negativa pelo mercado, dado o aumento de regulação antitruste mais agressiva e controles de preços de medicamentos. Nessa conjuntura, a maior parte dos setores sofreria com aumento de impostos, mas o farmacêutico e de energias não renováveis sofreriam mais devido à reorientação da Casa Branca da possibilidade de aprovação de um aumento de impostos. Para esse cenário, segundo o nosso Estrategista Global, Alberto Bernal, o S&P poderia cair até 2.900 pontos no final do ano, 18% abaixo do cenário base e 13% abaixo do valor atual. (veja mais aqui).
  5. Eleições contestadas na Suprema Corte: Negativo – esse cenário provavelmente é o pior para o mercado no curto prazo, pois a incerteza de quem ganhará a eleição aumenta. Também aumenta a probabilidade de tensões sociais se elevando nos EUA, como vimos ao longo dos últimos meses.

2) Como as eleições podem afetar as relações com o Brasil

O atual governo brasileiro, presidido por Jair Bolsonaro, tem um alinhamento ideológico e aproximação maior com Donald Trump. Assim sendo, caso Trump seja reeleito, a relação com o Brasil não deve passar por grandes mudanças nos próximos anos.

Por outro lado, os Democratas têm uma forte agenda de meio ambiente e energias renováveis. Apesar do Brasil ser um dos maiores produtores de energia de fontes renováveis no mundo (etanol e geração hidrelétrica), a visão do mundo em relação ao controle ambiental se deteriorou rapidamente, principalmente em relação às queimadas na Amazônia. O candidato democrata Joe Biden inclusive citou o Brasil no primeiro debate, e propôs que países de todo o mundo forneçam US$20 bilhões destinados à preservação das florestas. Ele também disse que o Brasil enfrentará consequências econômicas significativas, caso o país não controle os desmatamentos.

Porém, a visão da analista de política internacional da XP, Sol Azcune, é que a relação não seja muito diferente com quaisquer dos dois presidentes, pois o Brasil também não teve grandes benefícios até agora pelo alinhamento ideológico com Donald Trump (veja mais aqui).

3) As eleições mudam o cenário de longo prazo de se investir nos EUA?

Em poucas palavras, NÃO! Os EUA seguirão sendo a 1ª ou 2ª maior economia do mundo, com elevado dinamismo, fomento à educação, pesquisa de ponta e empreendedorismo, além de ter as maiores empresas do mundo. Do ponto de vista Macroeconômico, a dependência do mundo com o Dólar, somado à habilidade dos EUA em emitir quantidades elevadíssimas de dívida sem que haja uma grande reação do mercado, são enormes vantagens ao país.

Do ponto de vista Micro, os setores de Tecnologia, Farmacêuticas, Biotecnologia e vários outros colocam o mercado americano na frente de outros no mundo. Isso porque empresas que conseguem crescer acima da economia têm sido bastante favorecidas pelos investidores.

Ou seja, o modelo de negócio de empresas globais e lideres como Microsoft, Apple, Facebook, Google, JP Morgan, Netflix e várias outras não deve ser muito diferente em um governo Biden ou Trump.

Bolsa americana ou a Bolsa brasileira: onde é melhor investir?

O investidor brasileiro pessoa física sempre teve opções bastante limitadas para investir seus recursos em ativos fora do Brasil. Além da regulação bastante restritiva, os juros altíssimos do país também limitavam bastante o interesse do investidor em buscar qualquer diversificação internacional.

Felizmente, esse cenário mudou drasticamente nos últimos 12-18 meses. Não só os juros no Brasil baixaram para as mínimas históricas, quanto as opções de investimentos em ativos internacionais não param de aumentar.

Hoje, o investidor brasileiro tem disponível várias opções de investimento internacional, com 1) mais de 600 BDRs (recibos de ações internacionais) listadas na B3, 2) dezenas de fundos internacionais em diferentes classes de ativos (ações, renda fixa, commodities, moedas e outros), 3) produtos estruturados (COEs), e 4) fundos listados em Bolsa (ETFs) do índice americano S&P500.

Assim sendo, a pergunta na cabeça dos investidores é natural que seja: qual a melhor Bolsa para se investir hoje, a americana ou a brasileira?

Iremos comparar as duas Bolsas usando os dois principais índices desses países: o Ibovespa para a Bolsa do Brasil e o S&P500 para a Bolsa americana. Usaremos 5 métricas principais de comparação entre os dois índices: 1) Valuation (Valor vs. Preço), 2) Crescimento de Lucros, 3) Composição Setorial, 4) Custo do Capital e 5) Riscos.

Concluímos que, no curto prazo, a Bolsa americana pode continuar apresentando uma equação de risco e retorno mais favorável, mesmo com as eleições americanas no horizonte. Isso por conta da maior exposição ao setor de tecnologia e à vasta capacidade fiscal de estímulos a economia. Até agora, os EUA já injetaram na economia mais de US$6,5 trilhões (31% do PIB), entre estímulos fiscais e monetários. Além disso, o novo pacote de estímulos deve ficar em pelo menos mais US$2 trilhões (10% PIB), a ser anunciado após as eleições.

No médio e longo prazo, por outro lado, a Bolsa brasileira parece oferecer maior potencial de valorização, dado o desconto em relação a outras Bolsas no mundo. Isso assumindo que o cenário doméstico não se deteriore.

Assim sendo, não vemos como excludentes os investimentos em ações americanas ou brasileiras, mas sim como complementares em uma carteira de investimentos diversificada.

Em relação aos riscos, os principais são: 1) 2ª onda do COVID levando a uma nova retração econômica (recuperação em W), 2) Riscos fiscais no Brasil e não avanço das agendas de reformas, e 3) Eleições americanas levando a uma forte correção nos mercados globais.

1) Valor e Preço – Bolsa brasileira vence

Ao comparar os múltiplos de Preço/Lucro (P/L) de 1 ano a frente (P/L de 2021 hoje), vemos que a Bolsa americana (medida pelo S&P500), está negociando em 20,5x, um prêmio de 26% em relação ao histórico de 16,3x.

Já a Bolsa brasileira está negociando a 11,8x, apenas 5% de prêmio em relação ao histórico de 11,15x.

Ao se comparar os múltiplos da Bolsa brasileira vs. americana, o Brasil está negociando com 43% de desconto em relação aos EUA, 13p.p a mais que a média histórica de 30% de desconto.

Portanto, nesse quesito valor vs. preço, a Bolsa brasileira se encontra mais barata que a americana.

2) Crescimento de Lucros – Bolsa americana vence

Você já deve ter escutado a máxima que: “Bolsa no longo prazo é o lucro das empresas”. Ou seja, o fator mais importante para determinar os rumos dos preços das ações não é quanto se paga por aqueles lucros (os múltiplos que vimos anteriormente), mas sim a tendência de lucros (e fluxo de caixa) das empresas.

Nesse quesito, a Bolsa americana leva a melhor na comparação relativa.

Para 2021, a estimativa de Lucro por Ação para o Ibovespa já caiu 29% desde janeiro-2020, e ainda não se recuperou. Já os lucros projetados para a Bolsa americana para 2021 caíram apenas 6% no período.

3) Composição Setorial – Bolsa americana vence

Os dois setores mais vencedores no mundo pós pandemia serão os setores de Tecnologia e Saúde (Healthcare). Dessa forma, a Bolsa brasileira ainda é muito pouco representada nesses 2 setores, que representam apenas 5,5% do índice Ibovespa hoje (1% Tecnologia e 4,5% Saúde). Já a Bolsa americana tem 42% da sua composição nesses 2 setores (28% Tecnologia e 14% Saúde).

Na verdade, várias empresas que são vistas como do setor de tecnologia não são consideradas nesse setor, como é o caso da Amazon (Consumo Discricionário), Facebook e Google (Comunicações). Caso esse ajuste seja feito, mais de 33% do S&P500 é representado pelo setor de Tecnologia.

Nesse quesito, a Bolsa americana também leva a melhor.

4) Custo do Capital – Bolsa americana vence

Por último, vamos olhar para um indicador que dificilmente é comentado, mas que consideramos como sendo o mais relevante hoje em dia, que é o Prêmio de Risco das Ações em relação à Renda Fixa, ou Equity Risk Premium (ERP), em inglês.

Para chegar nesse cálculo, comparamos o rendimento das ações (Earnings Yield) com as taxas de juros em termos reais em cada país.

Por que usamos a taxa de juros Real (sem inflação) ao invés da nominal, como a taxa Selic? Porque ações são ativos reais, no qual as empresas conseguem repassar a inflação para os preços e crescer seus lucros de acordo com a inflação de um país.

Dessa forma, a Bolsa americana também leva a melhor na comparação. O rendimento da Bolsa americana hoje se encontra em 4,9%, e isso se compara com uma taxa de juros real negativa em -0,9%. Ou seja, o prêmio das ações se encontra em 5,8%, que é em linha com a média histórica. Isso significa que apesar das ações americanas parecem “caras” devido ao nível de múltiplos elevados, com os juros reais ficando negativos, as ações continuam atraentes em relação ao custo de capital em Dólares.

Já no Brasil, a Bolsa brasileira hoje tem um rendimento de +8,5% (medido pelo Lucro 2021/Preço), o que se compara com a taxa de juros real no país de 3,45% (usando a NTN-B de 10 anos). Isso significa uma diferença (spread) de 5,0% para as ações em relação à Renda Fixa. Isso é uma diferença acima da média histórica de 4,2%, e conta favoravelmente à Bolsa brasileira. Porém, ainda é abaixo do ERP nos EUA.

A alta recente dos juros de longo prazo no Brasil tem um efeito negativo sob a Bolsa do país, dado que a comparação de ações vs. Renda Fixa é melhor quando é feita usando taxas de longo prazo. Isso porque as taxas de longo prazo são as que se financiam e também têm uma duração média mais próxima a um fluxo de caixa de uma empresa.

Setores líderes e retardatários e seus impactos no Ibovespa

Como mencionado na seção anterior, quando se trata da composição setorial dos índices, a Bolsa americana vence a brasileira, à medida que os setores líderes no mundo pós-COVID (Tecnologia e Saúde) possuem um peso de 42%* no S&P, contra apenas 5,5% na Bolsa brasileira.

* considerando Amazon, Facebook e Google como parte do setor de Tecnologia.

Essa diferença de composição setorial, além de ser 1 dos 4 fatores que nos deixam otimistas quanto ao desempenho do S&P no futuro, também nos explica muito sobre o desempenho dos mercados brasileiro e americano em 2020.

Apesar da recuperação dos mercados globais nos últimos meses, há setores que ficaram muito para trás em 2020 no mundo todo. Destacamos dois: (1) Bancos: performance de janeiro à outubro de -30% no Brasil e -23% nos EUA; e (2) Petróleo: performance de janeiro à outubro de -58% para a Petrobras, -53% para as grandes petroleiras americanas e -43% para as europeias.

Os Bancos juntamente com a Petrobras têm peso superior a 35% na composição do Ibovespa, enquanto os mesmos setores representam apenas 5,5% do Índice S&P 500.

Por outro lado, há setores que têm se destacado positivamente, como o de tecnologia. Conforme mencionado acima, enquanto essas empresas representam mais de 42% do Índice S&P, direcionando, então, o desempenho do Índice, elas representam menos de 2% do Ibovespa.

O mercado de ações brasileiro ainda é escasso de empresas do setor de tecnologia. Dito isso, o Ibovespa não tem seguido o mesmo desempenho do S&P (movido pela tecnologia), mas tem sido pressionado pelo desempenho inferior dos Bancos e do setor de Petróleo.

Pesquisa assessores XP: cautela com a Bolsa persiste com aumento da turbulência nos mercados

Nos últimos dias realizamos uma nova edição da nossa pesquisa com os assessores de investimento de escritórios autônomos filiados à XP Investimentos. Temos como objetivo obter a visão dos assessores e, principalmente, dos seus clientes, sobre a Bolsa brasileira. Nesta edição, obtivemos 173 respostas únicas.

De acordo com a nossa pesquisa de outubro, 74% dos assessores acreditam que o Ibovespa superará os 100 mil pontos até o fim do ano, sendo a média de palpites de 106.079 pontos, em forte recuperação do vale de 63 mil pontos em março.

O percentual de interessados em aumentar seus investimentos em renda variável (35%) diminuiu 2p.p. em relação a setembro, totalizando uma queda de 17p.p. desde agosto, enquanto 56% pretende manter seus investimentos em tal classe de ativos.

9% dos assessores reportaram que seus clientes pretendem diminuir seus investimentos em renda variável, -3p.p. se comparado ao último mês.

Apesar da queda desde agosto no interesse, o conjunto de clientes que querem manter ou aumentar sua exposição prevalece.

O interesse em investimentos internacionais se manteve alto pelo sétimo mês consecutivo e houve uma queda no interesse por fundos multimercado, -10 p.p. se comparado ao último mês. Por fim, os assessores enxergam a liquidez global (22%), as curvas de casos do coronavírus (21%), além do cenário econômico global e nacional (ambos 20%) como os maiores propulsores para a Bolsa em 2020 e o cenário político no Brasil como o maior risco (45%).

Veja o relatório completo clicando aqui.

Top 10 ações XP

Como foi a performance de cada nome da carteira no mês?

Em outubro, nossa carteira Top 10 ações XP caiu -2,8%, contra -0,7% do Ibovespa. Leia abaixo as razões da performance de cada um dos 10 nomes no mês e o que esperamos olhando para frente.

Banco do Brasil (BBAS3): Em outubro, os bancos incumbentes em geral performaram acima do índice Ibovespa, impulsionados pela expectativa de resultados mais positiva para o setor já neste terceiro trimestre de 2020. Portanto, mantemos nossa recomendação de Compra para o BB baseado em: i) sua carteira de crédito mais defendida, com mais de 40% da carteira nos segmentos de agronegócio e consignado; ii) possível beneficiamento de fatores não dependentes da economia, como redução de provisões operacionais e custo de captação mais barato via depósitos judiciais; e iii) valuation descontado.

B3 (B3SA3): Durante o mês de outubro, as ações da B3 performaram abaixo do índice Ibovespa. Os dados operacionais referentes a setembro apresentaram queda do volume financeiro médio diário (ADVT) de -10,8% na comparação trimestral e aumento de 69,9% anualmente. O número de investidores ativos seguiu crescendo 3,6% mensalmente e 114,8% anualmente, atingindo 3,1 milhões de investidores. Contudo, permanecemos otimistas com a retomada do mercado de capitais e com as baixas taxas de juros.

Gerdau (GGBR4): Em outubro, a performance das ações de Gerdau acima do benchmark foi novamente puxado pelos dados dos setores em que a companhia atua, como a retomada do setor de construção civil, com o aumento das vendas de imóveis e compras no varejo no Brasil e na América Latina. De acordo com dados do Instituto Aço Brasil, tanto a produção quanto as vendas domésticas e o consumo aparente de aços longos cresceram no mês passado, destacando a perspectiva positiva sobre o segmento adiante.

Omega (OMGE3): Durante o mês de outubro, a performance da Omega ficou abaixo do índice Ibovespa. A ação seguiu o movimento do setor elétrico como um todo, refletindo a alta da curva de juros que afeta papeis que tem perfil semelhante a renda fixa. Apesar disso, continuamos a acreditar que a Omega é uma das oportunidades de melhor risco-retorno no setor elétrico. Em primeiro lugar, destacamos que o valor atual das ações não reflete os ativos que a companhia já possuí. Além disso, a execução consistente de transações de M&A tanto dentro do Grupo Omega quanto com terceiros, deve reforçar a confiança dos investidores na estratégia de crescimento da Omega, bem como deve concretizar a visão de que a empresa é uma consolidadora no segmento de energias renováveis.

Locaweb (LWSA3): As ações da Locaweb tiveram uma performance acima Ibovespa em outubro. Entendemos que a performance do papel continua a ser suportada por fortes tendências de crescimento no e-commerce, o que deve levar a mais um resultado forte no 3T20. Além disso, ainda vemos espaço para (I) mais aceleração do crescimento de vendas online (GMV), e também (ii) oportunidades de fusões e aquisições (no 2T20, a companhia tinha uma posição de caixa líquido de R$425mn). Finalmente, apesar dos múltiplos do papel parecerem altos, com a ação tradando em 14.7x EV/Receita em 2021 (vs. ~ 11x para competidores globais), nós esperamos que o crescimento da Locaweb seja superior ao de seus pares internacionais. Nós estimamos um crescimento anual de 16% para receita, 27% para EBITDA e 42% para o lucro nos próximos 3 anos.

Lojas Americanas: (LAME4): Intepretamos a performance das ações das Lojas Americanas abaixo do Ibovespa em outubro como um movimento de realização de lucros antes dos resultados do 3T20. Apesar de ainda esperarmos resultado sólidos, a companhia deve ter uma performance abaixo de alguns dos seus concorrentes no trimestre, uma vez que o crescimento de vendas mesmas lojas das suas lojas físicas devem permanecer negativo, apesar de muito melhor do que o 2T. Entretanto, nós ainda vemos um forte potencial de crescimento para frente, com a taxa de crescimento anual média de +20% para 2019-2022 e retornos sólidos (ROIC em 28% para 2021e). Nas nossas estimativas, a operação de loja física das Lojas Americanas (LASA) hoje está tradando a um múltiplo bastante atrativo de 15.1x 2021e P/L.

Marfrig (MRFG3): atribuímos a performance negativa do papel no mês (-9,7%) sobretudo ao aumento das preocupações do mercado acerca da alta no preço do boi gordo no Brasil – componente mais relevante dos custos de um frigorífico de carne bovina como a Marfrig. Como comentamos no Expresso Alimentos & Bebidas, a arroba vem renovando máximas semana após semana, atingindo R$278,40/@ nesta sexta-feira (+44,3% desde o início do ano) e portanto impactando negativamente as margens da Marfrig. Por outro lado, seguimos otimistas com o resultado do terceiro trimestre de 2020 (3T20) da empresa, a ser divulgado no dia 12/11. Entendemos que o trimestre deve ser positivo devido a uma combinação de: (i) real desvalorizado frente ao dólar (-28,5% no ano); (ii) manutenção da robustez das exportações de carne bovina vindas da América do Sul; (iii) normalização das margens nos EUA, mas ainda em patamares elevados, parecidos com os do 3T19. Nesse sentido, optamos por manter o papel na carteira, reforçando a exposição da mesma ao ciclo global de commodities, uma vez que cerca de 90% das receitas da Marfrig são dolarizadas e aproximadamente 75% provêm de sua operação nos EUA.

Vale (VALE3): A performance levemente positiva das ações da Vale foi suportada pela leve alta do dólar e, principalmente, pelo anuncio dos fortes resultados operacionais do trimestre, porém foi parcialmente compensada pela queda no preço de minério de ferro. Adiante, além do retorno anualizado de 8,4% em 2020, esperamos um retorno mínimo de 9,5% para o ano que vem, considerando um preço médio de minério de ferro em US$100/t (vs. US$117/t atualmente).

Via Varejo (VVAR3): Acreditamos que as ações da Via Varejo tiveram uma performance acima do Ibovespa em outubro principalmente por conta da expectativa de um resultado de 3T20 forte, uma vez que devemos ver uma operação de e-commerce ainda muito forte, enquanto lojas físicas deve apresentar um crescimento de mesmas lojas levemente positivo dada a reabertura gradual. Esperamos que a forte tendência de crescimento continue nos próximos trimestre, com a Black Friday a as festas de final de ano sendo importantes alavancas de crescimento para o 4T. Vemos as ações tradando 0.7x 2021e GMV (vs. 1.3x para B2W e 3.3x para Magalu).

Vivara (VIVA3): As ações da Vivara tiveram uma performance levemente abaixo do Ibovespa em outubro. Apesar de esperarmos resultados melhor no 3T20 por conta da reabertura gradual das lojas, o aumento do preço do outro deve começar a pressionar os resultados da companhia a partir do 4T20. Entretanto, nós continuamos a gostar do caso de investimento uma vez que vemos Vivara como um dos participantes melhor posicionado no segmento de jóias, com muito espaço para ganhar participação de mercado por conta da força da marca e iniciativas para aumentar sua penetração na classe média através das lojas Life. Ainda, a verticalização da companhia deve levar a uma melhor habilidade de gestão de custo vs. os concorrentes.

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Alterações da carteira para o mês de outubro

Nesse mês, estamos realizando uma mudança na nossa Carteira Top 10 Ações XP. Entra Tenda e sai Lojas Americanas. Estamos tirando Lojas Americanas da carteira uma vez que já temos exposição suficiente ao segmento de e-commerce/varejo através de Via Varejo, Locaweb e Vivara. Entretanto, nós ainda vemos um forte potencial de crescimento para frente, com a taxa de crescimento anual média de +20% para 2019-2022 e retornos sólidos (ROIC em 28% para 2021e). Nas nossas estimativas, a operação de loja física das Lojas Americanas (LASA) hoje está tradando a um múltiplo bastante atrativo de 15.1x 2021e P/L.

Tenda (TEND3): Desde o início de cobertura do papel no dia 16 de julho, as ações da Tenda caíram aproximadamente 19%. A combinação da correção de preço e melhora significativa da performance operacional da companhias nos últimos meses criou, em nossa opinião, uma oportunidade de entrada no papel, que hoje está negociando a múltiplos atrativos de 1,90x valor de mercado pelo valor patrimonial (VM/VP) e 10,6x preço sobre lucros de 2021 contra um retorno sobre patrimônio (ROE) de 17% para 2021E. Assim, elevamos a recomendação de Neutro para Compra e preço-alvo de R$37,20/ação.

Top Dividendos XP

Para o mês de outubro, realizamos uma alteração na carteira XP Dividendos: substituímos Cteep (TRPL4) por Engie (EGIE3). Acreditamos que o momento é oportuno para realização do lucro obtido em Cteep e esperamos que a distribuição de dividendos da Engie se normalize em 2021 para o patamar de distribuição de 100% dos lucros, tendo em vista a situação confortável de liquidez da companhia.

EdP: Destacamos como positiva a nova política de dividendos adotada pela companhia em agosto de 2020, segundo a qual a EdP distribuirá a acionistas o maior entre os seguintes valores (i) 25% do Lucro Líquido, (ii) 50% do lucro líquido ajustado por efeitos não caixa como os resultados do segmento de transmissão e (iii) R$1/ação. De acordo com a companhia, por meio da nova política de dividendos a administração formaliza sua intenção de distribuir a acionistas todo fluxo de caixa remanescente após investimentos a seus acionistas, bem como mantém o compromisso de manter a alavancagem da companhia em patamares mais otimizados. Estimamos um dividend yield de 6,5% em 2021-22. Mantemos nossa recomendação de Compra na EdP Energias do Brasil, com um preço-alvo de R$ 21/ação

Cesp: A companhia reforçou seu ao alto potencial de geração de caixa nos resultados do 2T20, que acreditamos que culminará ou em maiores distribuições de dividendos ou em investimentos em oportunidades de crescimento. Além disso, ao longo do 2T20, a CESP registrou uma redução de R$ (1,0) bilhão no total de passivos contingentes, dos quais R$ 154 milhões eram classificados como prováveis, implicando uma redução de -8% nas estimativas totais de passivos judiciais. Consideramos tal redução de passivos muito positiva, pois implica uma menor correção monetária destes processos em resultados futuros e, portanto, maiores lucros e potencial de distribuição de dividendos no futuro. Estimamos um dividend yield de 6,0% entre 2021 e 2022. Reiteramos nossa recomendação de Compra na CESP, com um preço-alvo de R$ 37/ação.

Engie: A Engie se destaca pela capacidade diferenciada de se proteger dos efeitos de baixa incidência de chuvas, além de ter expandido sua atuação para os setores de transmissão de energia e transporte de gás. Apesar disso, acreditamos que a redução de dividendos relacionados aos resultados de 2019 (reduzindo o pagamento a 56% vs. 100% anteriormente) deva ocorrer novamente em 2020. No entanto, acreditamos que a distribuição de dividendos da Engie se normalize em 2021 para o patamar de distribuição de 100% dos lucros, tendo em vista a situação confortável de liquidez da companhia. Estimamos um dividend yield de 9,1% em 2021-22. Mantemos nossa recomendação neutra em Engie, com preço-alvo de R$ 41/ação.

Taesa: Vemos a posição da Taesa como confortável para manter a distribuição de 100% de lucros em 2020, pois sua posição de caixa de R$ 2,4 bilhões e nossa estimativa de EBITDA para 2020 de R$ 1,0 bilhão são suficientes para fazer frente aos investimentos em 2020 de R$ 1,0-1,1 bilhão e vencimentos de dívida de R$ 734 milhões. Dito isso, assumimos o pagamento mínimo de 50% previsto no estatuto por conservadorismo e, caso a empresa faça um anúncio nesse sentido, consideraríamos perfeitamente razoável. Estimamos um dividend yield de 8,7% em 2021-22. Mantemos nossa recomendação neutra em TAESA, com preço-alvo de R$ 30/ação.

Tietê: Destacamos como positivo que a empresa tenha mantido sua prática de distribuição de dividendos no patamar máximo no primeiro semestre de 2020 apesar do contexto atual de incertezas, o que reforça nossa visão de que a AES Tietê é uma das nossas preferidas como pagadora de dividendos. Estimamos um dividend yield de 8,1% em 2021-22. Mantemos nossa recomendação de Compra na AES Tietê, com um preço-alvo de R$ 17/unit.

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