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Itaú (ITUB4): Olhando para 2021 | Revisão do 4T20

O Itaú apresentou resultados em linha com as expectativas do mercado, com lucro normalizado de R$ 5,4 bilhões, representando um retorno sob patrimônio líquido de 16,5%.

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O Itaú apresentou resultados em linha com as expectativas do mercado, com lucro normalizado de R$ 5,4 bilhões, representando um retorno sob patrimônio líquido de 16,5%. No geral, o resultado foi ajudado por uma carteira de crédito maior do que o esperado e margens mais altas (spread cresceu 5 pontos-base no trimestre). No entanto, a deterioração da linha de seguros e os custos acima do esperado impactaram o trimestre.

Embora acreditemos que o resultado operacional foi de alguma forma menos esperado do que as possíveis divulgações sobre a cisão da XP e o Guidance para 2021, cujas informações devem ser esclarecidas na teleconferência de amanhã. Finalmente, esperamos que as ações do banco tenham um desempenho em linha com o índice IFNC e reiteramos nossa recomendação neutra e preço-alvo de R$ 29 para ITUB4, pois acreditamos que a ação esteja sendo negociada a um preço justo se considerarmos o setor bancário, que está com menores barreiras de entrada e vários novos competidores.

Cisão XP. O Itaú aprovou ontem, em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), a proposta de reorganização societária referente à cisão da participação na XP Inc. equivalente a 41,05% de seu capital (na data de set/2020), para uma nova sociedade denominada XPart S.A. A proposta constitui na emissão de 4.958.290.359 ações ON e 4.845.844.989 ações PN. Contudo, a proposta ainda deve ser aprovada pelo Banco Central do EUA (FED) e, após a manifestação favorável, há um prazo de até 120 dias para a listagem na B3 e distribuição das ações. Sendo assim, na data de emissão das ações da XPart, as ações do Itaú deverão ser reajustadas e os acionistas receberão participação equivalente na XPart. Uma vez que a XP atua de maneira independente do Itaú, não esperamos que a cisão influencie nos fundamentos do Itaú, porém acreditamos que investidores devem ver com bons olhos o destravamento de valor.

Destaques

  • Ativos Rentáveis. A carteira de crédito cresceu 3% no trimestre, impulsionado principalmente pelo segmento de pessoas físicas, que expandiu R$ 18 bilhões no trimestre para R$ 255 bilhões, o que também contribuiu para a melhor margem financeira (NIM) no trimestre.
  • Captação. O Itaú continuou expandindo sua base de captação, um resultado saudável no trimestre, dado que o banco foi fortemente beneficiado pelo movimento de fuga para a segurança nos primeiros trimestres de 2020.
  • Margem Financeira Bruta (NII) e Margem Financeira sobre os Ativos Rentáveis (NIM). O NII veio 3% acima das expectativas de R$ 17,6 bilhões, uma vez que o banco conseguiu melhorar seu NIM no trimestre, impulsionado pelos resultados de tesouraria, que saltaram 20% no período e 14% no trimestre, para R$ 1,6 bilhão. O NIM melhorou 5 bps no trimestre para 5,0%.
  • Receitas não decorrentes de Juros. As receitas de serviços vieram exatamente como o esperado, R$ 9,9 bilhões (vs. R$ 9,5 bilhões no 3T20 e R$ 10,4 bilhões no 4T20), uma vez que a retomada da atividade econômica impulsionou os volumes. O destaque negativo foi o segmento de seguros, que apresentou queda de 18% no período e de 15% no trimestre, uma vez que a menor margem financeira deteriorou o resultado desta linha.
  • Despesas não decorrentes de juros. Foi o destaque negativo do trimestre, os custos cresceram 2% no período e 5% no trimestre para R$ 13,2 bilhões (vs. R$ 12,7 bilhões esperados), visto que praticamente todas as despesas (ex-pessoal) cresceram acima das expectativas. Conforme observado anteriormente, o Itaú está atrás do Bradesco em termos de ganho de eficiência. O índice de eficiência do banco deteriorou 140 bps no trimestre para 49,4%.
  • Qualidade dos ativos. O índice de inadimplência veio ligeiramente acima do esperado, em 2,0%, embora tanto o auxílio do governo quanto os períodos de carência tenham tornado o índice artificialmente baixo. As provisões vieram sem surpresas de R$ 5,6 bilhões, dado que os modelos dos bancos começaram a apresentar uma perspectiva de inadimplência melhor do que o esperado no início da crise da COVID-19, o que resultou em reversão de provisões no saldo de empresas. Como resultado, o custo de risco do banco caiu 27 bps no trimestre e seu índice de cobertura se deteriorou 19 pps para 320% (o que, em nossa visão, ainda é um número confortável).
  • Operações de Crédito Renegociadas. As operações de crédito renegociadas diminuíram 1% no trimestre, já que as operações vencidas caíram quase R$ 1 bilhão no trimestre para R$ 10,9 bilhões. No geral, acreditamos que o saldo continua a cair, dado que atingiu R$ 32,0 bilhões no trimestre (vs. R$ 32,4 bilhões no 3T20 e R$ 32,6 bilhões no 2T20), embora acreditemos que esteja artificialmente baixo, uma vez que os auxílios governamentais e postergações continuam ajudando o banco.
  • Payout e impostos. A alíquota efetiva de imposto veio 158 bps abaixo de nossas expectativas devido a um payout maior, que foi altamente concentrado no trimestre devido à incerteza dos lucros e à possibilidade de pagar até 30% dos lucros (vs. 25% anteriormente).
  • Adequação de capital. O índice de capital nível I veio como esperado em 13,2%, impulsionado por: i) a venda XP, com ~20 bps; ii) lucros retidos, com ~30 bps; e iii) redução dos ativos ponderados pelo risco (RWA), que contribuíram com ~30bps.
  • Operação física. Seguindo a tendência do setor, o Itaú fechou 95 agências no trimestre e dispensou 408 funcionários.
  • ESG. Na frente de ESG, o banco mostrou seus esforços pela contribuição em: i) soluções aos problemas da região amazônica, focadas na conservação ambiental e desenvolvimento da bioeconomia, investimento em infraestrutura sustentável, e garantia dos direitos básicos da população da região amazônica; ii) saúde, com a continuação do programa “Todos pela saúde”; e iii) captação de US$ 500 milhões em títulos de dívida sustentáveis, destinados para financiar ou refinanciar projetos verdes e sociais.
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