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Via Varejo (VVAR3): Principais destaques da reunião com investidores; Reiteramos Compra

Veja abaixo os principais destaques da reunião anual com investidores organizada pela Via Varejo. O evento contou com a participação de Roberto Fulcherberguer (CEO), Orivaldo Padilha (CFO), além de outros membros da diretoria da companhia.

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Na terça-feira (17 de dezembro) participamos da reunião anual com investidores organizada pela Via Varejo. O evento contou com a participação de Roberto Fulcherberguer (CEO), Orivaldo Padilha (CFO), além de outros membros da diretoria da empresa, como Helisson Lemos (CDO), Abel Ornelas (VP de Operações) e Sergio Leme (VP Administrativo).

Nossa visão: Positiva. O evento reforçou a nossa percepção de que a reestruturação da empresa continua avançando de maneira significativa. No geral, as apresentações detalharam (i) o progresso realizado pela companhia nos canais físico e digital ao longo de 2019, e (ii) as perspectivas de crescimento e rentabilidade em 2020. Além disso, a gestão da companhia esclareceu os impactos relacionados às provisões de fraudes contábeis, anunciadas na semana passada (veja o nosso relatório "Esclarecendo o impacto das recentes investigações", publicado em 12 de dezembro).

Apesar da alta de 40% desde a nossa última atualização (26 de novembro), continuamos vendo um risco-retorno atrativo para as ações da Via Varejo (VVAR3). Dessa forma, mantemos a nossa recomendação de Compra. Vale ressaltar que a expectativa de crescimento divulgada pela empresa está acima da nossa atual estimativa (principalmente para o canal online). Sendo assim, nós devemos atualizar as nossas projeções no tempo devido e, consequentemente, ajustar o nosso preço-alvo de acordo.

Para mais detalhes, acesse aqui a nossa tese de investimento da Via Varejo.


Abaixo estão os nossos cinco principais destaques do evento:

#1. Projeções para 2020 acima da nossa expectativa

A Via Varejo divulgou as suas projeções de crescimento e rentabilidade para o ano de 2020. A empresa espera crescer as vendas totais em dois dígitos no ano, suportado por um crescimento de vendas online (GMV) de 30%. Além disso, a companhia estima uma margem EBITDA ajustada para o ano entre 5 a 7% (excluindo os impactos do IFRS 16).

Esse crescimento de receita está acima da nossa estimativa de 10% no ano (19% para as vendas online). Entretanto, a expectativa de rentabilidade está em linha com a nossa projeção de margem EBITDA de 6%.

#2. Plano de Expansão

A Via Varejo anunciou a abertura de 70 a 90 lojas em 2020, com foco nas regiões Norte e Nordeste. Segundo a gestão da companhia, essas localizações se destacam por apresentar (i) forte produtividade (vendas por m²), (ii) penetração de crediário acima da média, (iii) maior participação de móveis nas vendas (segmento que apresenta maior rentabilidade), além de (iv) permitir à empresa alavancar a sua estrutura logística e o e-commerce (a abertura de uma nova loja em determinada região tem um impacto positivo de cerca de ~30% nas vendas online no mesmo local).

Com isso, a empresa espera investir (Capex) entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões em 2020, o que está cerca de 30% acima de nossa estimativa de R$ 563 milhões. Além disso, a diretoria indicou que cerca de 100 lojas serão reformadas no ano.

#3. Oportunidades de ganho de margem

A diretoria da companhia mencionou diversas iniciativas com potencial de contribuir positivamente para o aumento da rentabilidade. Dentre elas, destacamos:

(i) Aumento da participação da venda de móveis. Segundo a empresa, hoje a categoria de móveis apresenta 10 p.p de margem a mais do que a média da companhia. Dessa forma, a administração espera aumentar a participação da categoria de 14% para 20% da receita total. Vale ressaltar que essa participação já aumentou 2 p.p desde a entrada da nova gestão. Além disso, destacamos a posição de liderança que a empresa tem nesse mercado (8,1% de participação de mercado - valor próximo à soma dos três maiores competidores combinados).

(ii) Redução de despesas com provisões trabalhistas. A Via Varejo espera reduzir as despesas com provisões trabalhistas de 4% da receita para ~1% em 2020. Para tal, a empresa deve contar com a contribuição das iniciativas de retenção de talentos e redução do turnover de funcionários, além do ajuste das provisões a serem registradas no quarto trimestre.

(iii) Outros projetos. A diretoria destacou outros 200 projetos (já em execução) com o potencial de aumentar a margem da companhia em até 1 p.p., além de outros 50 projetos que incrementariam as margens da Bartira (segmento de móveis) em até 6 p.p. Além disso, a companhia espera uma redução adicional do custo de entrega entre 8 e 10%.

#4. Progresso no canal digital

Ao contrário do que os mais céticos temiam, a empresa apresentou uma significativa evolução no canal online ao longo de 2019 e, principalmente, durante a Black Friday. Destacamos alguns dos indicadores compartilhados pela diretoria:

  • Black Friday: A empresa reportou R$ 1,1 bilhão em vendas na sexta-feira da Black Friday (sendo 48% Online), com a solução de retira-rápido oferecida por 100% das lojas, e 98% das entregas realizadas dentro de uma semana. Além disso, destacamos que a ocupação sistêmica durante o evento foi de 32%, ou seja, a infraestrutura de tecnologia comportou o alto fluxo com folga.
  • Logística: No terceiro trimestre de 2019, a empresa realizou 47% das entregas em até 48 horas (28% dentro de 24 horas). No início de 2020 a companhia espera atingir 60% das entregas realizadas em até 48 horas (40% em até 24 horas).

Em 2020, de acordo com Helisson Leme, Chief Digital Officer (CDO) da Via Varejo, a transformação tecnológica da companhia será dividida em três frentes, sendo elas: (1) Evolução da plataforma, com foco na substituição do legado da companhia, incluindo o relançamento dos aplicativos, da solução de retira-rápido e da plataforma de sellers do marketplace, (2) Cultura de dados, orientando o uso de tecnologia para geração de resultado (estratégia de precificação, roteirização, oferta de crediário, etc.), e (3) Novos negócios digitais, focada em parcerias com startups e empresas maiores.

#5. Impactos das recentes investigações

Após o fato relevante divulgado pela empresa em 12 de Dezembro, a empresa esclareceu em maior detalhe os impactos da investigação relacionada a potenciais fraudes contábeis. Conforme destacamos no nosso relatório publicado na data, o montante com efeito caixa negativo na realidade é de cerca de R$ 900 milhões, a ser desembolsado no intervalo de três e quatro anos.

Além disso, ressaltamos que o valor desconsidera os ganhos de R$ 600 milhões relacionados a créditos fiscais, atualmente em avaliação (a maior parte já transitado em julgado), bem como eventuais benefícios provenientes de recuperação de impostos (estimados em ~R$ 270 milhões). O efeito combinado de ambos tem o potencial de anular quase a totalidade do efeito negativo no caixa.

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