IBOVESPA +0,89% | 104.970 Pontos
CÂMBIO -0,1% | 4,06/USD
O que pode impactar o mercado hoje
O Ibovespa teve uma semana positiva até o pregão de ontem, acumulando alta de 1,4% em 104.371 pontos. As atenções dos mercados se voltaram para novas medidas de estímulos dos bancos centrais globais e para a melhora nas tensões comerciais entre EUA-China.
No Brasil, as discussões continuam em torno da reforma tributária. Sem CPMF, ganha mais força no governo a ideia de replicar o discurso de caça a privilégios que funcionou na Previdência por meio da taxação de quem tem renda maior via tributação de dividendos e revisão sobre aplicações financeiras. Além disso, de acordo com a mídia local, Guedes estaria se aproximando da reforma proposta pelo Congresso e discutindo formas de financiar a desoneração da folha de pagamento.
Depois de uma conversa com os deputados que tocam a PEC dos gatilhos para contenção de gastos na Câmara, a equipe econômica passou a apoiar o projeto. Segundo autores, a PEC tem chance de gerar um alívio fiscal na casa dos R$ 202 bi. Desafios: grande dificuldade de emplacar várias medidas impopulares de uma vez, como suspender correção automática do salário mínimo, pagamento de abono e reduzir salários e jornada de servidores (R$ 109 bi).
De acordo com o Valor Econômico, o Banco Central tem estudado a possibilidade de liberar parte dos compulsórios à vista para que as instituições financeiras possam utilizá-la como reserva para garantir as operações no sistema de pagamentos instantâneos. A ideia permitiria que o dinheiro chegasse de uma conta à outra em poucos segundos e que as instituições financeiras aplicassem parte da reserva em títulos públicos.
Na agenda local, destaque para a divulgação do IBC-br do Banco Central que mede o PIB mensal. A nossa expectativa é que o indicador mostre alta de 0,9% em uma base anual e queda de 0,15% ante o mês anterior.
No internacional, futuros dos EUA negociam em alta, em meio a sessões positivas na Europa e Ásia durante a noite. Segundo matéria do The Wall Street Journal, Pequim quer limitar o foco das negociações previstas para outubro, deixando questões de segurança nacional para serem tratadas posteriormente, numa tentativa de encerrar o impasse com Washington. Além disso, ontem, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que não descartaria a hipótese de um acordo comercial preliminar com a China, embora dê preferência a um pacto abrangente.
Do lado das commodities, os preços de petróleo operam em leve queda de -0,22% nessa manhã de sexta-feira, em US$60,25/t. O minério de ferro, por sua vez, continua ganhando força, com alta de 4% ontem, para US$98/tonelada.
Na Europa, as bolsas ainda reagem ao amplo pacote de estímulos anunciado ontem pelo Banco Central Europeu (BCE), cujas medidas contemplam taxa de depósito de -0,40% para -0,50%, na primeira redução de juros desde 2016, e retomada do programa de relaxamento quantitativo (QE, quantitative easing), com compra de 20 bilhões de euros em ativos mensalmente a partir de novembro.
Tópicos do dia
Brasil
- Política Brasil: A ideia da caça a privilégios ganha mais força
- Guedes se aproxima da proposta do Congresso após enfraquecimento da CPMF
- Banco Central revê estrutura dos compulsórios
- Setor de serviços apresenta expansão em julho e surpreende as expectativas
Empresas
- Frigoríficos: Visando controlar preços, China pode importar carne suína dos EUA
- Engie (EGIE3): Anuncia pagamento de dividendos
- Vale (VALE3): Lavra da mina de Brucutu e retorno de Onça Puma
- Saneamento: Governo aposta no PPI para articular a aprovação do novo marco legal do saneamento básico
Veja todos os detalhes
Brasil
Política Brasil: A ideia da caça a privilégios ganha mais força
- Sem CPMF, ganha mais força no governo a ideia de replicar o discurso de caça a privilégios que funcionou da Previdência por meio da taxação de quem tem renda maior via tributação de dividendos e revisão sobre aplicações financeiras. O problema é que tudo isso não alcançaria a potência fiscal da CPMF, por isso um plano B para algo parecido com a contribuição ainda não esteja descartado. Guedes também não perdeu as esperanças na desoneração da folha;
- Uma ala da Câmara afirma que a queda de Marcos Cintra empurra e favorece a reforma tributária da Casa, mas a briga por protagonismo com o Senado está longe de ser resolvida. Sinais disso podem ser vistos na escolha do novo nome pro comando da Receita: Luiz Carlos Hauly, autor da proposta do Senado, e Rogério Marinho, o homem da Previdência;
- Depois de uma conversa com os deputados que tocam na Câmara a PEC dos gatilhos para contenção de gastos, a equipe econômica passou a apoiar o projeto. Segundo autores, a PEC tem chance de gerar um alívio fiscal na casa dos R$ 202 bi. Desafios: grande dificuldade de emplacar um monte de medidas ultra impopulares de uma vez, como suspender correção automática do salário mínimo, pagamento de abono e reduzir salários e jornada de servidores (R$ 109 bi).
Guedes se aproxima da proposta do Congresso após enfraquecimento da CPMF
- O noticiário local destaca que o ministro da economia, Paulo Guedes, está se alinhando com a proposta do Congresso a fim de achar uma solução viável para a desoneração da folha de pagamento após o enfraquecimento de seu projeto da volta da CPMF;
- De acordo com o Correio Braziliense, Guedes iniciou diálogos com Bernard Appy e já verifica com ele a possibilidade da desoneração de folha ser incluída na PEC 45 de sua autoria e que atualmente é encabeçada pelo Congresso. Appy formulou uma proposta de desoneração da folha que não depende da CPMF, mas prevê: eliminação do salário-educação e da contribuição do sistema S, eliminação da contribuição empresarial acima do teto de contribuição do INSS e redução da contribuição cobrada sobre o primeiro salário mínimo do trabalhador;
- O diálogo também teria abordado a possibilidade da indicação da advogada Vanessa Canado, diretora do Centro de Cidadania Fiscal (CciF), coordenado por Appy, para ser a nova secretária da Receita Federal. O Estadão também aventa a possibilidade de Mansueto Almeida, atual secretário do Tesouro, assumir a posição.
Banco Central revê estrutura dos compulsórios
- De acordo com o Valor Econômico, o Banco Central tem estudado a possibilidade de liberar parte dos compulsórios à vista para que as instituições financeiras possam utilizá-la como reserva para garantir as operações no sistema de pagamentos instantâneos. Caso entre em vigor, a ideia permitiria que o dinheiro chegasse de uma conta à outra em poucos segundos, durante 24 horas por dia e em qualquer dia semana, assegurando a liquidação das transações fora do horário comercial;
- O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já tem falado em rever a estrutura e o tamanho dos compulsórios. Os bancos são hoje obrigados a manter no BC, sem remuneração, o equivalente a 25% do volume de depósitos à vista, o que equivale a um volume depositado considerado excessivo pelo presidente do BC, de aproximadamente R$450 bilhões;
- Com a implementação da medida, as instituições financeiras poderiam, inclusive, passar a manter parte da reserva aplicada em títulos públicos, o que seria uma mudança importante para os bancos. O desenho do sistema de pagamentos instantâneos deve ficar pronto para operar no segundo semestre de 2020.
Setor de serviços apresenta expansão em julho e surpreende as expectativas
- Em julho de 2019, o setor de serviços apresentou expansão de 1.8% na comparação anual (jul19 / jul18), surpreendendo positivamente tanto as nossas expectativas (-0.4%) quanto as expectativas de mercado coletadas pela Bloomberg (0.1%);
- Na base de comparação mensal (jul19 / jun19), o indicador apresentou expansão de 1.2%, também acima das nossas expectativas (-0.2%);
- O maior destaque positivo foi a categoria de serviços de tecnologia da informação, que apresentou expansão de 8.2% entre junho e julho de 2019. O destaque negativo, por sua vez, foi a categoria de transporte aéreo, que apresentou queda de -3.7% na mesma base de comparação. Clique aqui para ver a análise do resultado na íntegra.
Empresas
Frigoríficos: Visando controlar preços, China pode importar carne suína dos EUA
- Segundo o Valor Econômico, a China quer aumentar as compras de carne de porco do exterior, incluindo dos Estados Unidos e da União Europeia, devido à preocupação do governo com a alta dos preços;
- Em agosto, os preços de carne suína na China subiram +46,7% A/A, acelerando vs. +27% A/A em julho, com essa alta sendo responsável por elevar a inflação ao consumidor no país asiático em mais de 1%, fechando em 2,8% – O governo chinês pretende manter esse número abaixo dos 3% em 2019;
- Além do controle de preços, os planos vão em linha com um possível passo de Pequim para aliviar as tensões comerciais com Washington, com a retomada das importações de produtos agrícolas dos EUA antes das negociações nas próximas semanas. Não há uma meta oficial, mas fontes dizem que o volume total de importações de 2mt para o ano é considerado ideal. À título de referência, a China importou cerca de 1mt de carne suína este ano, das quais aproximadamente 8% vieram dos EUA;
- Vemos a medida como positiva, contudo, ressaltamos que ela é limitada. Segundo o vice-primeiro-ministro da China, Hu Chunhua, é provável que a China tenha um déficit de 10mt de carne suína este ano, acima dos cerca de 8mt do comércio global anual. Nesse cenário, vemos os frigoríficos brasileiros como claros beneficiários, ganhando tanto com a alta dos preços das proteínas em geral, como do aumento das exportações para a China.
Engie (EGIE3): Anuncia pagamento de dividendos
- A Engie comunicou via fato relevante, a data de 27 de setembro de 2019 para o pagamento de dividendos intermediários e complementares;
- Os dividendos intermediários foram calculados com base nas Reservas de Lucros de R$ 652 milhões o que correspondentes a R$ 1,00/ação, já os dividendos complementares no valor de R$ 76 milhões correspondentem a R$ 0,094/ação. Com isso, o total de proventos do exercício de 2018 foi de aproximadamente 2 bilhões ou R$ 2,78/ação;
- A Engie Brasil é tradicionalmente conhecida por uma sólida geração de caixa e estável pagamento de dividendos devido a uma boa estratégia de comercialização de energia somada a iniciativas positivas de crescimento como no segmento de energias renováveis, transmissão e, mais recentemente transporte de gás com a aquisiçao da TAG. Mantemos nossa recomendação Neutra com preço alvo de R$ 45,00/ação por acreditarmos que as ações estão precificadas.
Vale (VALE3): Lavra da mina de Brucutu e retorno de Onça Puma
- A Vale informou ontem que suspendeu trabalhos em uma frente de lavra na mina de Brucutu, em Minas Gerais. Segundo a empresa, essa ação não impactará a produção da mina de Brucutu (30mt/ano), com a Vale reafirmando sua estimativa de vendas entre 307 e 332mt para 2019, em linha com o divulgado anteriormente;
- A suspensão atende a uma determinação da Agência Nacional de Mineração (ANM), que entende que uma das frentes de lavra em execução excede os limites das reservas minerais aprovadas pela agência;
- Além disso, a Vale informou ontem que o STF determinou o retorno das operações do empreendimento de níquel da Vale, Onça Puma. Com a liberação, as minas de Onça e de Puma paralisadas desde setembro de 2017 e a usina de processamento de níquel desde junho deste ano, retornam às atividades. À título de referência, a produção em Onça Puma alcançou 23kt em 2018, equivalente a 9% da produção total de níquel da Vale.
Saneamento: Governo aposta no PPI para articular a aprovação do novo marco legal do saneamento básico
- Segundo o Valor Econômico, o governo aposta na articulação do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) para atrair o investidor privado, em nova tentativa de aprovar um novo marco legal do saneamento básico. O Projeto de lei (PL 3.261/2019) de autoria do Senador Tasso Jereissati (PSDB/CE) já foi aprovado no Senado e segue para a aprovação na Câmara;
- Martha Seillier, secretária especial do programa, vem acompanhado as reuniões da comissão especial da Câmara na tentativa de conter resistências no Congresso. Segundo Martha, seu papel também abrange engajar prefeituras na estratégia de obter ganhos de eficiência e garantir a expansão dos serviços de água e esgoto com o apoio da iniciativa privada, mas a mudança na legislação é importante para trazer segurança jurídica nessa abertura de mercado;
- Para Martha, o saneamento do país pode seguir o exemplo de outros setores regulados em que a remuneração varia de acordo com a eficiência na prestação do serviço. A ideia é a Agência Nacional de Águas (ANA) assuma a atribuição de regulador definindo condições de oferta do serviço e a remuneração do agente privado.
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