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Zeina Latif: Vasos comunicantes

A receita para o crescimento de longo prazo de um país não está na macroeconomia. As políticas macroeconômicas estão mais associadas ao desempenho da economia no curto/médio prazo, sendo sua função suavizar o ciclo econômico. A receita do crescimento está na microeconomia, ou seja, na capacidade de um país de promover ganhos de produtividade. Mas […]

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A receita para o crescimento de longo prazo de um país não está na macroeconomia. As políticas macroeconômicas estão mais associadas ao desempenho da economia no curto/médio prazo, sendo sua função suavizar o ciclo econômico. A receita do crescimento está na microeconomia, ou seja, na capacidade de um país de promover ganhos de produtividade. Mas macro e micro não são coisas independentes. Há importantes conexões entre elas.

No Brasil há várias distorções microeconômicas causadas por regras, inclusive tributárias, que dificultam o bom funcionamento dos mercados, o que, aliado à baixa qualidade da política, fiscal, geram tremenda má alocação de recursos na economia e, portanto, menor potencial de crescimento.

Ocorre que a confusão microeconômica do país reduz a eficácia da política macroeconômica. Alguns exemplos: o mercado de credito é segmentado, sendo que atualmente mais da metade das concessões de crédito têm taxas subsidiadas, o que significa que é necessário ter taxa de juros mais elevada para garantir o efeito desejado da política monetária. Outros exemplos são as leis trabalhistas e o difícil ambiente de negócios, com regulações excessivas, que desincentivam a produção. Com custo-país elevado, a estrutura produtiva tende a ficar mais concentrada, pois só com ganhos de escala é possível diluir tamanho custo fixo. Fatores como estes acima tornam a oferta de bens e serviços mais rígida, e assim, o país fica mais sensível a choques inflacionários. Um grande peso nos ombros do Banco Central.

O emaranho das políticas públicas é tal que muitas vezes atrapalha o diagnóstico dos problemas. Por exemplo, culpa-se injustamente o Banco Central pelas taxas de juros elevadas. Mas como ter taxas de juros equivalente à dos pares na América Latina (em média de 5% na Colômbia, Chile, México e Peru) com tantas distorções aqui, isso sem contar os excessos fiscais?

Quando as políticas macro funcionam mal, acabam fragilizando também o crescimento de longo prazo. Ora, um ambiente macroeconômico instável prejudica o investimento na produção e na qualificação da mão-de-obra, e atrapalha a gestão dos negócios. São fatores que prejudicam a produtividade das empresas e comprometem o crescimento de longo prazo.
É inegável que a taxa Selic mais elevada produz consequências adversas, por exemplo ao desestimular o investimento produtivo. O que não se pode é deixar de reconhecer o que veio primeiro, para assim atacar o problema de forma adequada. Muitas vezes o governo alimenta um círculo vicioso ao tentar equivocadamente compensar o efeito da taxa de juros elevada por meio de novas distorções, como as políticas de subsídios e proteções a setores e empresas.

Uma forma de apontar o quanto a macroeconomia importa é analisar a posição do Brasil nos levantamentos globais de competitividade. Na comparação com a América Latina, o ponto que realmente prejudica o panorama do país é o quesito ambiente macroeconômico. Conforme ranking do Fórum Econômico Mundial (no Brasil elaborado em parceria com a Fundação Dom Cabral), a nota do Brasil é 3,5 e a da América Latina, que não é nenhuma maravilha, é 4,5. O que realmente segura uma posição razoável do Brasil no ranking total (se bem que não evitou sua queda nos anos recentes) é o tamanho de mercado. Ou seja, a dádiva, não a conquista.

Enfim, agenda macro e agenda micro estão mais conectadas do que se imagina. Seria importante avançar em ambas para garantir um ambiente macroeconômico estável e benigno.

28 de Outubro de 2016

Fonte: Artigo replicado do Estadão

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