IBOVESPA 1,20% | 101.292 Pontos
CÂMBIO -1,00% | 5,31/USD
O que pode impactar o mercado hoje
O Ibovespa encerrou o pregão de ontem em alta de 1,24%, fechando em 101.292 pontos e seguindo o movimento de alta observado nas bolsas americanas. As taxas futuras de juros operaram durante o dia em queda, com alívio no dólar e dados de inflação. Ao final da sessão, o fechamento da curva desacelerou, principalmente nas taxas longas. DI jan/21 fechou em 1,96%; DI jan/23 encerrou em 4,0%; DI jan/25 foi para 5,80%; DI jan/27 fechou em 6,75%.
Nos Estados Unidos, os futuros operam em baixa nesta manhã, revertendo a alta observada na última sessão. A alta havia em parte resultado de uma performance forte no setor de tecnologia. O movimento de hoje é acompanhado pelos mercados Europeus, que também operam em baixa enquanto aguardam a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) hoje pela manhã. A maioria dos analistas consultados pelo Broadcast acredita que a instituição não fará alterações na política nessa reunião. Apesar disso, o mercado irá monitorar a comunicação do BCE, especialmente em relação à apreciação recente do Euro. Além disso, o Senado dos EUA deve votar hoje sua proposta de estímulo à economia de USD 300 bilhões, que não deve ser aprovada por falta de apoio da oposição.
No Brasil, a proposta da PEC do pacto federativo, que seria apresentada hoje à noite ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, foi adiada novamente para incluir a definição do programa Renda Brasil. De acordo com o Estadão, o parecer deverá ser apresentado ao presidente Jair Bolsonaro na quarta ou quinta-feira da próxima semana. Além disso, o Senado aprovou ontem um projeto para autorizar que prefeitos e governadores possam aplicar até o fim de 2021 os recursos que sobrarem dos repasses feitos nesse ano. Pelas regras atuais, o prazo de execução terminaria em 2020.
Também ontem foi divulgado pelo IBGE o IPCA referente a agosto, que registrou inflação de 0,24% no mês e de 2,44% no acumulado em 12 meses. Apesar de o cenário inflacionário ter permanecido benigno, alguns alimentos apresentaram alta significativa (como arroz, tomate, frutas, etc), o que nos fez revisar a nossa projeção de IPCA para o final de 2020 de 1,4% para 1,7%. Para o ano que vem, motivados pelo cenário de devolução dos preços de alimentos, revisamos de 2,7% para 2,6%. Depois da alta apresentada, o Ministério da Justiça notificou 65 supermercados e produtores a explicar em até 5 dias o aumento do preço de alimentos da cesta básica.
Na agenda de indicadores e eventos do dia, os destaques serão a divulgação dos números do varejo brasileiro em julho e dos dados de fluxo rodoviário (ABCR) referentes a agosto. No exterior, o dia é marcado pela decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e pela coletiva com a presidente da instituição, Christine Lagarde. Além disso, os Estados Unidos informam a inflação e os estoques do atacado, bem como os pedidos semanais de auxílio-desemprego.
Na esfera corporativa, o Grupo Pão de Açúcar anunciou na noite de ontem o início de estudos para a cisão da sua unidade de atacarejo (Assaí), com a listagem das ações na B3. Reconhecemos o potencial valor a ser destravado pela separação dos negócios. Entretanto, na nossa visão é pouco provável que o mercado atribua um múltiplo semelhante ou maior ao atual para a operação de GPA (ex-Assaí). Dessa forma, por ora mantemos a nossa recomendação de Neutro para as ações do GPA e preço-alvo de R$ 70,00 ao final de 2020.
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Brasil
- Alimentação no domicílio pressiona inflação e motiva revisão de cenário para 2020 e 2021
Internacional
- Política internacional: Senado americano deve votar hoje pacote de estímulo à economia de USD 300 bi
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Empresas
- Grupo Pão de Açúcar (PCAR3): Análise sobre a possível cisão do Assaí
- Petrobras (PETR4): Retomada da iniciativa anticorrupção do Fórum Econômico Mundial
- Copasa (CSMG3): Governo de MG contrata BNDES para prestação de serviços técnicos do processo de privatização da Copasa
- Proteínas (MRFG3, BRFS3): de acordo com DLR, importações dos EUA de carne bovina cresceram 41% A/A em julho
Veja todos os detalhes
Brasil
Alimentação no domicílio pressiona inflação e motiva revisão de cenário para 2020 e 2021
- O IPCA referente a agosto registrou inflação de 0,24% (2,44% no acumulado de 12 meses), em linha com as expectativas de mercado coletadas pela Bloomberg e levemente abaixo das nossas expectativas (+0,29%). Bens duráveis e eletricidade foram as principais surpresas baixistas, enquanto gasolina e alimentação no domicílio foram as principais surpresas inflacionárias;
- Com as surpresas inflacionárias vindas principalmente de alimentação no domicílio, revisamos a nossa projeção de IPCA para o final de 2020 de 1,4% para 1,7%. Para o ano que vem, motivados pelo cenário de devolução dos preços de alimentos, revisamos de 2,7% para 2,6%;
- Apesar da revisão, o cenário inflacionário continua benigno e os principais núcleos de inflação, que expurgam da contabilização os itens com os preços mais voláteis, seguem bem-comportados e alinhados com o cenário de Selic a 2,0% a.a. até meados de 2021.
Internacional
Política internacional: Senado americano deve votar hoje pacote de estímulo à economia de USD 300 bi
- O Senado dos EUA deve votar hoje sua proposta de estímulo à economia de USD 300 bilhões, que não deve ser aprovada por falta de apoio da oposição;
- Na seara eleitoral, o candidato democrata à presidência, Joe Biden, fez novo aceno ao centro-oeste nesta quarta-feira (9) ao detalhar sua proposta para proteger empregos americanos em discurso em Michigan, estado que Donald Trump venceu por apenas 0.23% em 2016 e hoje volta a apresentar leve vantagem para os democratas (por volta de 3%). Além das medidas anteriormente anunciadas, o ex-vice-presidente disse que pretende elevar os impostos sobre os lucros das empresas americanas no exterior;
- Biden também voltou a fazer críticas à administração de Trump da pandemia, um dos temas sobre qual o presidente é pior avaliado. Por sua vez, o presidente americano reconheceu em entrevista que minimizou a ameaça representada pelo Covid-19 para não criar pânico;
- Ainda sobre temas de relevância eleitoral, os EUA anunciaram a retirada de 2 mil militares do Iraque como parte de sua promessa de terminar “guerras intermináveis”.
Empresas
Grupo Pão de Açúcar (PCAR3): Análise sobre a possível cisão do Assaí
- O Grupo Pão de Açúcar anunciou no dia 9 de setembro, após o fechamento de mercado, que o Conselho de Administração da companhia autorizou o início de estudos para a cisão da sua unidade de atacarejo (Assaí; Sendas Distribuidora S.A.), com a listagem de ações do Assaí na B3 (Novo Mercado) e de ADRs na NYSE;
- Segundo o comunicado, a reestruturação envolveria a separação do GPA em duas empresas listadas diferentes: (i) CBD, incluindo as operações de Multivarejo (33% das vendas) e América Latina (Éxito; 27% das vendas), e (ii) Assaí (40% das vendas). Dessa forma, caso aprovada a operação, cada acionista atual da companhia (58,4% em circulação e 41,2% Casino) receberia uma participação igualmente proporcional em cada uma das novas empresas;
- Mantemos Neutro. Reconhecemos o potencial valor a ser destravado pela separação dos negócios – que poderia evidenciar o valor não reconhecido na operação de varejo. Entretanto, levantamos alguns pontos de discussão em relação ao valor da soma das partes: (i) as informações públicas divulgadas pela companhia hoje permitem uma estimativa (ainda que não ideal) de avaliação por soma das partes, (ii) a separação dos dois negócios poderia potencialmente gerar ineficiências, como redundância da estrutura administrativa, (iii) na nossa visão é pouco provável que o mercado atribua um múltiplo igual ao atual ou maior para a operação de GPA (ex-Assaí), dado o menor potencial de crescimento;
- Dessa forma, por ora mantemos a nossa recomendação de Neutro para as ações do GPA (PCAR3) e preço-alvo de R$ 70,00 ao final de 2020. Atualmente, vemos as ações do GPA negociando a um múltiplo P/L de 17,5x em 2021, que avaliamos como justo. Clique aqui para conferir o conteúdo completo com a nossa análise sobre a potencial geração de valor com a cisão.
Petrobras (PETR4): Retomada da iniciativa anticorrupção do Fórum Econômico Mundial
- Ontem a Petrobras informou, via comunicado ao mercado, que se tornou novamente signatária da iniciativa anticorrupção Partnering Against Corruption Initiative (PACI) do World Economic Forum – Fórum Econômico Mundial. A PACI é a principal organização internacional de combate à corrupção com agentes de conformidade de grandes multinacionais, organismos internacionais e governos;
- A participação na PACI traz à Petrobras a oportunidade de discutir e contribuir com players do mercado sobre as melhores práticas de transparência e combate à corrupção, possibilitando o aperfeiçoamento dos processos da companhia e a incorporação de novas ferramentas e metodologias de trabalho. A Petrobras foi membro da organização de 2005 até 2014;
- O retorno é um reconhecimento dos esforços da companhia na promoção da transparência e combate à corrupção realizados nos últimos anos. Ao longo dos últimos anos, a Petrobras vem implementando diversas medidas de governança, transparência e conformidade, trabalhando para a disseminação da cultura de integridade entre seus colaboradores e suas contrapartes. Mantemos nossa recomendação de Compra em Petrobras com preço-alvo de R$30/ação em PETR4 e R$29/ação em PETR3.
Copasa (CSMG3): Governo de MG contrata BNDES para prestação de serviços técnicos do processo de privatização da Copasa
- Ontem a Copasa informou, via fato relevante, que o Conselho Mineiro de Desestatização – CMD autorizou a assinatura de contrato com o BNDES, para prestação de serviços técnicos necessários a estruturação e implementação do processo de desestatização da companhia, para a qual é necessária autorização legislativa;
- Acreditamos que a probabilidade de a Copasa ser privatizada é muito baixa devido: (i) à dificuldade de articulação política do partido do Governador do Estado (Partido Novo) dentro do Congresso do Estado de Minas Gerais que necessita realizar mudanças na Constituição do Estado para viabilizar processos de privatização e (ii) O contrato de Programa da capital do estado, Belo Horizonte (30,9% do faturamento), em que há cláusulas explícitas que levam à anulação do contrato no caso de um processo de privatização (veja mais no link);
- Em virtude dos motivos apresentados acima, não achamos justa uma eventual valorização das ações da Copasa após notícias referentes à assinatura de contrato entre o Conselho Mineiro de Desestatização e o BNDES para estruturar a privatização da companhia. Na nossa visão, os riscos existentes para o processo deveriam justificar um desconto das ações em relação ao preço atual e à Sabesp em termos de múltiplos. Mantemos nossa recomendação de Venda nas ações da Copasa (CSMG3), com preço-alvo de R$46/ação.
Proteínas (MRFG3, BRFS3): de acordo com DLR, importações dos EUA de carne bovina cresceram 41% A/A em julho
- De acordo com o Daily Livestock Report, em julho, as importações dos EUA de carne bovina – fresca, congelada e cozida – aumentaram 41% em relação ao mesmo período no ano anterior. O maior aumento foi nas importações vindas da Nova Zelândia, que registraram um volume praticamente duas vezes aquele do ano anterior. Isso teria acontecido porque o país diminuiu significativamente suas exportações para a China este ano, já que os compradores chineses estariam suprindo a maior parte de suas necessidades via importações vindas da América do Sul, de acordo com Len Steiner;
- As exportações do Brasil para os EUA aumentaram 141% A/A em volumes. O Brasil embarca carne tanto fresca/congelada (3.473 MT) quanto processada (4.363 MT). Ainda de acordo com o DLR, os embarques brasileiros de carne fresca devem aumentar até o limite da cota; a partir daí, seria mais difícil prever, pois o embarque de produtos fora da cota implicaria no pagamento da tarifa adicional de 26,4%;
- Em relação às exportações americanas, elas caíram 7% A/A, mas aumentaram 38% versus junho. O principal motivo por trás da queda foi a redução das exportações dos EUA para o México (-52% A/A), parcialmente atenuada pela estabilidade nas exportações para Japão e Coreia do Sul. O DLR observa que esses dois mercados asiáticos responderam por quase 57% de todas as exportações de carne bovina dos Estados Unidos em julho, ou seja, seguem sendo os mais relevantes para os EUA;
- Consideramos esta notícia positiva porque ela mostra que (i) as exportações do Brasil para a China continuam fortes, principalmente em preços, assim como as exportações do Brasil para os EUA, impulsionadas por volumes; (ii) além disso, as exportações dos EUA para os países asiáticos também permanecem estáveis. Temos perspectiva positiva para a carne bovina no curto e médio prazo e acreditamos que notícias como essa devem beneficiar as empresas expostas ao segmento, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
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