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Ata do Copom: Mantendo uma postura cautelosa, apesar de alguma melhora no cenário inflacionário

Em nossa visão, a ata sugere que um ciclo de corte de juros é bastante improvável neste ano.

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O Copom divulgou, nesta manhã, a ata da reunião de novembro. O documento reforçou o tom do comunicado pós-reunião, destacando que, como o cenário tem se materializado conforme o esperado, o Copom opta “por manter a taxa inalterada por período bastante prolongado, mas já com maior convicção de que a taxa corrente é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta” (p. 17). Em nossa avaliação, o Comitê tenta evitar qualquer discussão de mercado sobre cortes de juros no curto prazo.

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Cenário internacional

O Copom demonstrou preocupação com o cenário global, mencionando que ele “ainda segue incerto”. Entre os riscos, a ata citou a situação fiscal em diversas economias, as negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, e a incerteza em relação à política monetária norte-americana em meio à paralisação do governo (shutdown) (p. 5).

Segundo a nota, o cenário global ainda incerto “deve preservar uma postura de cautela” adotada pela autoridade.

Por fim, o Comitê enfatiza que a recente apreciação da taxa de câmbio – um dos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica de inflação no Brasil – foi “em parte relacionada ao diferencial de juros, em parte à depreciação da moeda norte-americana frente a diversas moedas”.

Cenário doméstico

No que diz respeito à atividade doméstica, o Comitê enfatizou a recente trajetória de crescimento moderado, com sinais mistos entre os setores. Segundo o documento, “Mercados mais sensíveis às condições financeiras apresentam maior desaceleração, ao passo que mercados mais sensíveis à renda e menos sensíveis às condições financeiras apresentam maior resiliência” (p. 7). Em linhas gerais, o Copom avalia que seu cenário-base está, até o momento, se confirmando.

Ainda sobre atividade, o Copom trouxe elementos importantes acerca do impacto das medidas de estímulo recentemente discutidas pelo mercado. O Comitê decidiu incorporar uma estimativa preliminar do impacto da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IRPF), ressaltando que tal estimativa é altamente incerta e poderá ser ajustada com a divulgação de novos dados. Segundo a ata, “esta opção por uma postura conservadora e dependente de dados é reforçada por exemplos recentes de medidas, fiscais e creditícias, que se conjecturava que poderiam levar a uma discrepância em relação ao cenário delineado, mas não provocaram divergências relevantes em relação ao que se esperava” (p. 12). Em nossa visão, o Comitê se refere ao impacto dos pagamentos de precatórios e das novas linhas de crédito consignado para trabalhadores do setor privado, cujos efeitos têm sido (ao menos por ora) inferiores ao inicialmente previsto.  

O comentário do Copom sobre a inclusão do efeito da isenção do IRPF confirma nossa suspeita de revisão altista em sua estimativa de hiato do produto. Isso provavelmente explica o aumento na projeção do Comitê para o componente de preços livres do IPCA de 2026, conforme divulgado no comunicado pós-decisão. Sua projeção para o IPCA cheio de 2026 permaneceu em 3,6%, enquanto esperávamos uma ligeira redução para 3,5%.

Sobre a inflação de curto prazo, o Copom afirmou que os dados recentes “seguem indicando uma dinâmica mais benigna em relação ao que se previa no início do ano”, especialmente nos bens industriais e alimentos. A ata acrescenta que “a inflação de serviços também apresentou algum arrefecimento, mas ainda se mostra mais resiliente, respondendo a um mercado de trabalho que segue dinâmico e a uma atividade que tem apresentado moderação gradual”. Esse cenário, segundo o Comitê, requer “uma política monetária contracionista por um período bastante prolongado” (p. 11).

Em relação às expectativas de inflação, o Comitê reconheceu que elas continuam em queda no curto prazo, “mas observou-se movimento agora mais nítido em horizontes além do relevante”. O documento ressalta ainda que a desancoragem das expectativas inflacionárias segue sendo uma fonte de desconforto, mas que “perseverança, firmeza e serenidade na condução da política monetária favorecerão a continuidade desse movimento, importante para a convergência da inflação à meta com menor custo” (p. 9).

Com relação ao balanço de riscos para a inflação, o Comitê destacou que tanto os riscos de alta quanto os de baixa seguem elevados. Entre os riscos de alta, destaca-se: “(i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.” Por outro lado, os riscos de baixa são: “(i) uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; (ii) uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e (iii) uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários” (p.14).

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Nosso cenário

Em suma, acreditamos que a melhora moderada no cenário inflacionário tende a se consolidar nos próximos meses, abrindo espaço para uma política monetária menos restritiva em 2026. Mantemos nossa projeção de início de um ciclo gradual de flexibilização em março, com a taxa Selic atingindo 12,00% após seis cortes consecutivos de 0,50 p.p..

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