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Eleições americanas: veja tudo que você precisa saber​

Veja o que observar para o resultado da disputa entre Donald Trump e Kamala Harris

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As eleições americanas acontecem nesta terça-feira (5), e Kamala Harris e Donald Trump chegam à véspera em empate técnico tanto nas pesquisas nacionais quanto nas estaduais.​

Em nossa avaliação, o republicano é ligeiramente mais provável de vencer a disputa devido à sua tendência de crescimento nos estados-chave do mapa eleitoral americano, nossa interpretação do histórico das pesquisas e a vantagem do candidato em relação aos principais temas que pautam a corrida.​

Dito isso, eleição tende a ser acirrada e pode trazer surpresas.​

Por exemplo, um dos fatores determinantes das eleições nos EUA é o engajamento pelo voto não ser obrigatório. Nessa seara, o eleitor de Donald Trump tende a ser mais engajado, ainda que haja dúvida especialmente entre a proporção de homens jovens que dizem pretender votar no candidato mas que historicamente tem baixo comparecimento. Há mais incerteza sobre o eleitor de Harris, desengajado por conta da frustração com o governo Biden e a situação atual. Um resultado democrata acima do esperado, puxado especialmente por mulheres, poderia mudar o cenário.​

Esse é o maior ponto de preocupação para os republicanos neste momento, à medida que os dados mostram maior engajamento democrata em comparação com eleições anteriores. Segundo pesquisa Gallup, 78% dos eleitores democratas se dizem mais entusiasmados do que o habitual sobre as eleições.​

Apesar dessa incerteza, a tendência ainda aponta positivamente para Trump, tanto em questão de dados quanto de temas que mais preocupam o eleitor.​

Confira abaixo mais detalhes sobre o que está em jogo, o que dizem as pesquisas, nossas expectativas, quando serão anunciados os resultados e os principais impactos diplomáticos para o Brasil.​

O que está em jogo?

Nesta terça-feira (5), os eleitores dos Estados Unidos devem ir às urnas para escolher seu próximo presidente, além de renovar um terço do Senado e todos os assentos da Câmara dos Deputados.​

Como o país tem apenas dois principais partidos, o Partido Republicano e o Partido Democrata, o evento é uma disputa entre eles pelo controle tanto do Executivo quanto do Legislativo, para avançar suas agendas.​

 ​Num cenário de forte polarização, os partidos apresentam agendas com divergências  ​relevantes — ou seja, estão em jogo visões distintas para o rumo que o país deve seguir.​

​Apesar de o Executivo ter maior poder para pautar a agenda, a composição do Congresso, em especial as maiorias nas câmaras, é considerada essencial para determinar quanto espaço o candidato vencedor terá para avançar sua agenda.​

Na pauta econômica, Harris propõe o aumento do imposto corporativo de 21% para 28%, controle de preços de alimentos, a criação de um fundo de USD 40 bilhões para moradia e incentivo a energias renováveis.​

Por sua vez, Trump busca reduzir o imposto corporativo de 21% para 15% e defende políticas protecionistas, como uma possível tarifa de 10% sobre todos os produtos importados pelos EUA.​​

O que dizem as pesquisas e quais são nossas expectativas?

Por se tratar de uma eleição indireta, acompanhamos de perto tanto as pesquisas nacionais quanto as estaduais, que podem nos dizer ainda mais sobre a composição do colégio eleitoral, chave para a vitória.​

 Conforme ilustrado abaixo, nas pesquisas nacionais observamos um crescimento de Trump nas últimas quatro semanas, mas que perdeu ímpeto na rodada final de levantamentos divulgados nos últimos dias. O republicano hoje aparece 0,1% à frente de Harris no agregador de pesquisas Real Clear Politics e 1,1% atrás de Harris no agregador Five Thirty Eight.​

A essa altura da disputa em 2016 e 2020, os candidatos democratas lideravam por 4% e 7%. Sendo assim, o cenário parece favorável a Trump à primeira vista. No entanto, notamos que as pesquisas ajustam suas metodologias com frequência e esse tipo de comparação deve, portanto, ser feito com cautela.​

Ainda, vale lembrar que são 538 votos no colégio eleitoral, e para vencer a disputa um candidato precisa de 270. Cada estado tem um número determinado de eleitores, e os candidatos buscam formar um quebra-cabeça de estados que permitam alcançar o número-chave.​

Acompanhamos especialmente as pesquisas em um grupo de estados onde as disputas são mais acirradas e podem acabar definindo a eleição. São eles: Pennsylvania, Michigan, Wisconsin, Arizona, Nevada e Geórgia.​

Conforme ilustrado abaixo, o cenário favorece Trump levemente, dentro da margem de erro nas pesquisas.​

Segundo o Real Clear Politics, Trump lidera em Pennsylvania, Nevada, Geórgia e Arizona, enquanto Harris tem vantagem em Wisconsin e Michigan. De acordo com o Five Thirty Eight, os candidatos estão empatados em Pennsylvania e Nevada, Harris lidera em Michigan e Wisconsin, e Trump está numericamente à frente em Geórgia e Arizona.​

 ​Em nossa avaliação, os dados reforçam nossas expectativas de chance de vitória um​ ​pouco maior de Trump, mas os números pouco elásticos indicam o alto grau de incerteza.​

Quando serão anunciados os resultados?

Não há uma data certa para o anúncio do resultado, que no país é feito pelas principais emissoras de forma não oficial.​

 Apesar de a contagem iniciar logo após o encerramento da votação na terça-feira, por se tratar de uma eleição indireta na qual cada estado faz a contagem sob regras diferentes, pode haver atrasos em cenários em que poucos milhares de votos definam a disputa, especialmente se Trump estiver perdendo por margem apertada​.

Sendo assim, o processo pode a demorar alguns dias. Em 2020, por exemplo, o resultado só foi definido no sábado após a eleição. Por um lado, mudanças regulatórias na Pensilvânia e na Geórgia podem contribuir para uma contagem mais rápida neste ciclo, por outro, nos últimos anos houve esforço relevante de apoiadores do candidato republicano que não acreditam na derrota de 2020 para assumir posições nos órgãos eleitorais locais, o que pode judicializar e atrasar a certificação célere dos resultados caso ele seja derrotado novamente.​

Quais os impactos diplomáticos para o Brasil?

A expectativa é que a eleição tenha impactos limitados para as relações entre o Brasil e os Estados Unidos, que são de longa data e regidas por instituições bem estabelecidas.​

 O Brasil não é foco da política externa americana e a expectativa é que isso não mude. Os países devem interagir principalmente por questões relacionadas à Venezuela e ao meio ambiente, mas essas interações devem ser limitadas.​

Observamos que o governo brasileiro expressou preferência pela vitória da democrata Kamala Harris. No entanto, mesmo em um cenário de vitória de Trump, espera-se a continuidade do relacionamento protocolar com a Casa Branca.

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