Cenário do Agronegócio e comportamento dos Fiagros

Durante a edição de 2024 da Expert XP, o agronegócio e os Fiagros foram temas centrais de discussão. Samuel Isaak e Pablo Spyer junto com especialistas Guilherme Nastari da DataAgro e Paulo Mesquita da Riza, analisaram o cenário atual do setor agrícola, discutindo as tendências de mercado e o comportamento dos fundos de investimento no agronegócio, essenciais para o desenvolvimento do setor no Brasil.

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Agro em alta

O agronegócio brasileiro nunca esteve tão em alta, tanto dentro quanto fora do país. Segundo Guilherme Nastari, diretor na Datagro, o Brasil se tornou um exemplo para outras regiões do mundo devido ao seu desenvolvimento robusto que começou a ganhar força a partir da década de 1970. Antes disso, o país era um importador líquido de alimentos, mas as condições climáticas favoráveis e um vasto mercado consumidor impulsionaram o crescimento do setor. A produtividade no mercado de grãos, por exemplo, cresce significativamente mais rápido do que a área plantada, fazendo do Brasil uma das regiões mais produtivas no mundo. Além disso, o país ocupa apenas 1% de sua área com a produção de cana-de-açúcar, mas consegue ser 10 vezes maior em produção de açúcar do que o segundo maior produtor mundial.

Paulo Mesquita, um dos fundadores da Riza, destaca que o crescimento do agronegócio desde 1970 foi impulsionado por investimentos significativos, e a necessidade de mais capital para sustentar essa velocidade de crescimento levou à aproximação do agro com o mercado de capitais. Os fundos de investimento em cadeias agroindústrias (Fiagros), surgiram como uma ponte essencial entre esses dois mundos, ajudando a aumentar o volume de investimentos no setor. Embora o mercado de Fiagros tenha enfrentado desafios iniciais, como a alta dos juros e problemas de alavancagem em alguns fundos, a perspectiva é de crescimento contínuo. A B3, bolsa de valores brasileira, acredita que o agronegócio poderá ganhar mais relevância em futuras janelas de IPOs, dado o seu peso no PIB nacional.

O que esperar da regulação

O painel também discutiu sobre as medidas regulatórias da classe. Paulo Mesquita ressaltou que a regulamentação dos Fiagros deve abrir novas portas e facilitar ainda mais os investimentos, ampliando as possibilidades dentro dos fundos. A estratégia da Riza é focada na especialização, com um olhar atento para investimentos em terras agrícolas e grãos, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Essas áreas têm mostrado grande potencial de crescimento e desenvolvimento ao longo do tempo, o que colabora para a existência de diversos produtores robustos e o que na visão do gestor melhora a relação de risco e retorno nos investimentos. Além disso, a integração entre a produção de energia e alimentos também é um desenvolvimento importante, criando sinergias que beneficiam ambos os setores.

O mercado de Fiagros, que já conta com mais de 500 mil investidores, mostra sinais de maturação após superar seus primeiros desafios, mas ainda parece ter espaço para desenvolvimento quando comparado com o mercado de fundos imobiliários. No mercado secundário, onde há transações de ativos financeiros já emitidos, essa maturação tem se traduzido em valorização dos papéis. A percepção é de que o pior momento já passou, e as expectativas são positivas para o crescimento das cotas, especialmente com o potencial aumento na taxa de juros. Esse cenário reflete a crescente confiança dos investidores no mercado de Fiagros, que promete continuar expandindo e se consolidando como uma classe de ativos relevante no mercado de capitais brasileiro.