BC e CVM na Expert XP 2024: política monetária, mercados financeiros e regulação digital no Brasil

O que esperar da política monetária do Brasil? A Expert XP 2024, maior festival de investimentos do mundo, começou nesta sexta-feira (30). No painel “Política Monetária, Mercados Financeiros e Regulação Digital no Brasil”, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, João Pedro Nascimento, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Caio Megale, economista-chefe da XP, e Fabrício Almeida, sócio, diretor político e compliance da XP, conversaram sobre o cenário macroeconômico, o mercado de capitais e regulação digital.

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João Pedro Nascimento, presidente da CVM, destacou a evolução do mercado de capitais no país nos últimos anos, com o crescimento exponencial da participação de investidores “pessoa física” no mercado brasileiro – na Bolsa, em fundos de investimento e produtos de renda fixa. Para Nascimento, ainda há muito espaço para que milhares de brasileiros comecem a investir, e o papel de profissionais de investimento é fundamental nesse processo. Nesse sentido, o presidente da CVM destacou os esforços da agência reguladora em simplificar e digitalizar processos para prover as melhores ferramentas possíveis para que cada vez mais brasileiros se sintam “empoderados para investir”.

Nesse cenário de evolução célere e aprofundamento do mercado de capitais no país, Roberto Campos Neto destacou que vê o processo como positivo para a política monetária. Para ele, a maior capilaridade do mercado de capitais permite dois movimentos muito importantes tanto para a condução da política monetária quanto para o crescimento econômico: tais quais a democratização do acesso à intermediação financeira e a melhor alocação de recursos na economia. De maneira simplificada, quanto mais líquido e evoluído o mercado de capitais no Brasil, maior a potência da política monetária implementada pelo Banco Central – por meio da gestão da taxa básica de juros e outras ferramentas macroprudenciais.

Para onde vão os juros?

Sobre a conjuntura atual de inflação e juros, Campos Neto destacou a complexidade do cenário atual para a condução da política monetária e a importância da cautela na definição dos próximos passos em relação aos juros no país. Segundo o presidente do BC, embora o balanço de riscos esteja assimétrico (ou seja, com maiores riscos para a elevação da inflação),  prover uma sinalização clara dos próximos passos poderia prejudicar a credibilidade do Banco Central. Isso porque, diante do cenário incerto, a autoridade monetária prioriza manter a flexibilidade, agindo conforme a avaliação dos dados econômicos – em detrimento do comprometimento com um potencial ciclo de elevação da taxa Selic.

Nesse contexto, o presidente da autarquia destacou que possíveis ajustes futuros na taxa de juros dependerão do comportamento da inflação em relação à meta. De grande importância, a autoridade afirmou que “ciclo de ajuste da Selic, se e quando acontecer, será gradual”.

Por fim, Campos Neto lembrou da importância da credibilidade do Banco Central no controle da inflação. De acordo com ele, o Banco Central seguirá priorizando o elevado patamar de credibilidade conquistado nos últimos anos, por meio de uma política monetária com arcabouço técnico, comunicação clara e manutenção da visão de que as instituições são maiores do que as pessoas – e o trabalho técnico será sempre central.

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