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Sem pressa de chegar: Perspectivas por Classe de Ativo | Março 2024

Perspectivas de alocação e comentários por classe de ativo para os investimentos do mês de março de 2024.

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Em nossas carteiras recomendadas de alocação (“carteiras por perfil“), definimos mensalmente os percentuais sugeridos para investimento por classe de ativo de acordo com cada política de investimentos, sendo que cada política, por sua vez, tem um objetivo de risco (volatilidade) e um horizonte de investimento.

Abaixo as alocações sugeridas por classe de ativo para cada política de investimentos para o mês de março de 2024:

Esses percentuais de alocação por classe de ativo tem um componente estrutural, com base em retornos esperados de longo prazo (3 a 5 anos) e são revisados ao menos a cada 12 meses. Entretanto, uma outra parcela dessa alocação pode ter um componente tático, de curto e médio prazos, olhando para 3 a 6 meses a frente e que são revisados e sugeridos mensalmente com base nas discussões do Comitê de Alocação.

Essas perspectivas de alocação por classe de ativo de curto e médio prazos podem apresentar 3 qualificações possíveis:

  • Positiva – sugere uma sobrealocação para aquela classe de ativo em relação ao percentual definido em cada carteira
  • Neutra – sugere uma alocação em linha para aquela classe de ativo, ou seja, igual ao percentual definido em cada carteira
  • Negativa – sugere uma subalocação para aquela classe de ativo em relação ao percentual definido em cada carteira

Perspectivas de alocação por classe de ativo

Alguns dos destaques do mês:

  • Recomendamos manter uma parcela da alocação em títulos e/ou fundos indexados em IPCA+, pois podem oferecer ganhos reais, principalmente considerando a imprevisibilidade da inflação no Brasil em prazos mais longos, podendo se beneficiar de retornos ainda maiores por conta da marcação a mercado em cenários de corte da Selic, como o atual;
  • Acreditamos que a convergência dos spreads de crédito para a média histórica deva continuar ocorrendo, ocasionando queda gradual dos prêmios, principalmente para companhias de ratings elevados. Por outro lado, o aumento no número de ofertas de debêntures, tanto incentivadas quanto comuns, pode ajudar no equilíbrio dos spreads ao longo do tempo. Nesse cenário, passam a ser ainda mais importantes a seletividade e o comparativo entre as rentabilidades de papéis isentos e não isentos;
  • O momento segue propício para exposição à renda fixa global, apesar dos rendimentos terem caído levemente em relação às suas máximas e os spreads de crédito estarem mais apertados do que há alguns meses atrás;
  • Com a perspectiva de mais cortes de juros na Selic nos meses à frente e com os valuations atrativos, vemos como atrativa a das ações de empresas cíclicas domésticas que devem navegar bem durante este estágio do ciclo de corte de juros, mas ainda tendo grande foco em nomes de maior qualidade.

Na tabela abaixo estão as perspectivas de alocação por classe de ativo de curto e médio prazos para o mês de março de 2024:

Comentários gerais por classe de ativo

RENDA FIXA LOCAL

Pós fixado O ganho real (acima da inflação) dessa classe de ativo está em queda nos últimos meses e ainda estará nos meses à frente com a queda gradual da taxa Selic. De qualquer forma, quando esse retorno é ajustado ao risco, sem considerar o risco de crédito privado, a parcela pós fixada das carteiras parece ainda atrativa especialmente para os perfis mais conservadores e para investimentos de curtíssimo prazo.

Inflação – Nosso cenário base é que a inflação medida pelo IPCA fique um pouco abaixo dos 4% nos próximos 2 anos, com alguns riscos de curto prazo (climáticos e geopolíticos) e de longo prazo (fiscal) que podem voltar a pressionar a inflação nesse período. Por isso recomendamos manter uma parcela da alocação em títulos e/ou fundos indexados em IPCA+, pois podem oferecer ganhos reais, principalmente considerando a imprevisibilidade da inflação no Brasil em prazos mais longos, podendo se beneficiar de retornos ainda maiores por conta da marcação a mercado em cenários de corte da Selic, como o atual.

Prefixado – Com os prêmios de risco mais comprimidos e sendo o indexador da renda fixa com maiores riscos de cauda do que o pós fixado e a inflação, no geral possui menor exposição do que os demais em quase todas as carteiras. Entretanto, os ativos prefixados em geral, estão retornos esperados maiores do que o CDI médio dos próximos meses, que poderiam ser potencializados caso houvesse uma aceleração do ritmo de cortes da Selic, bem como se houver a expectativa de um Selic terminal menor do que nossa atual projeção (9% a.a. em 2025). Além disso, uma maior confiança sobre a melhora estrutural da dinâmica fiscal brasileira de longo prazo traria mais conforto em aumentarmos mais essa exposição, até mesmo utilizando vencimentos longos.

Crédito Privado – O processo de queda dos spreads de crédito, tanto em CDI quanto em IPCA, que vinha acontecendo de forma gradativa nos últimos meses após os picos no 1º trimestre de 2023 foi acelerado no mês passado (fevereiro/2024) por conta da publicação de Resoluções do CMN que tratam de restrições para as emissões de títulos isentos como LCIs, LCAs, LIGs, CRIs e CRAs.

Isso causou uma redução na oferta de algumas emissões, que tendo uma demanda igual ou maior por esses papéis, causaram queda mais abrupta dos prêmios de risco de crédito que, se por um lado, trouxeram efeitos positivos de marcação a mercado para os detentores de títulos privados, por outro, diminuíram de forma não desprezível a atratividade para novas alocações.

Acreditamos que a convergência dos spreads de crédito para a média histórica deva continuar ocorrendo, ocasionando queda gradual dos prêmios, principalmente para companhias de ratings elevados. Por outro lado, o aumento no número de ofertas de debêntures, tanto incentivadas quanto comuns, pode ajudar no equilíbrio dos spreads ao longo do tempo. Nesse cenário, passam a ser ainda mais importantes a seletividade e o comparativo entre as rentabilidades de papéis isentos e não isentos.

RENDA FIXA GLOBAL

O momento segue propício para exposição à renda fixa global, apesar dos rendimentos terem caído levemente em relação às suas máximas e os spreads de crédito estarem mais apertados do que há alguns meses atrás.

As taxas dos títulos de vencimento mais curtos seguem mais elevadas que as taxas dos vencimentos mais longos, deixando a exposição a títulos curtos mais atrativas em termos de risco x retorno, não podendo ser desconsiderado o risco de reinvestimento, que recentemente até ficou menor por conta de um cenário de juros mais altos por mais tempo, com probabilidade cada vez menor de uma recessão.

Para exposição diversificada à classe, os fundos de renda fixa internacional oferecem acesso a diferentes estratégias e instrumentos, estando com seus carregos ainda em níveis elevados, principalmente se considerarmos o carry (diferencial de juros entre Brasil e EUA) para quem optar pelo investimento em fundos com hedge cambial.

MULTIMERCADOS

Reforçamos o papel dessa classe de ativos nas carteiras uma vez que conseguem manter ou até reduzir a volatilidade desses portfólios, geralmente aumentando o retorno esperado, pela sua baixa correlação com as outras classes de ativo. Tipicamente não temos menos de 10% e não mais do que 30% de exposição estrutural em multimercados, pois estudos sugerem que essa seria a alocação ideal para que os fundos dessa classe contribuam como o esperado.

A escolha do nível de volatilidade que se tolera em produtos dessa classe é relevante para que não haja desalinhamento de expectativas em momentos adversos como os mais recentes. Dito isso, continuamos positivos com a classe, acreditando na capacidade que os gestores têm de gerar retornos acima do CDI em janelas longas de tempo (acima de 3 ou 4 anos).

RENDA VARIÁVEL LOCAL

A dinâmica de lucros para ações brasileiras têm melhorado. Recentemente, as estimativas do consenso de Lucro por Ação (“LPA”) para os próximos 12 e 24 meses foram revisadas para cima em 12%. Após um ano negativo para os resultados das empresas em 2023, a perspectiva futura é melhor. Para 2024 e 2025, a projeção do consenso de
mercado é um crescimento de LPA em 15% e 6%, respectivamente. Isso é próximo das nossas estimativas de 16% e 4% para os próximos dois anos.

Por conta dessa melhoria nas expectativas de LPA, revisamos nossa estimativa de valor justo do Ibovespa para 149 mil pontos, vindo de 142 mil pontos anteriormente. Com a perspectiva de mais cortes de juros na Selic nos meses à frente e com os valuations atrativos, vemos como atrativa a das ações de empresas cíclicas domésticas que devem navegar bem durante este estágio do ciclo de corte de juros, mas ainda tendo grande foco em nomes de maior qualidade.

RENDA VARIÁVEL GLOBAL

Nas últimas semanas temos visto o otimismo em relação a um iminente corte de juros pelo Fed diminuir consideravelmente. O que os mercados consideravam como uma certeza ao final de janeiro (corte de juros iniciando em março), passou a ter uma probabilidade de menos de 5%, com base nos preços dos mercados de futuros de taxas de juros. As apostas do mercado para uma primeira movimentação do comitê de política monetária dos EUA ficam concentradas em maio ou junho, sendo que a nossa previsão passou para um primeiro corte de juros pelo Fed acontecendo no 3º trimestre desse ano.

Mesmo com esse cenário macro, as bolsas globais continuam subindo, pois ainda há excesso de liquidez no sistema financeiro, além de estarmos vivendo uma temporada de resultados referente ao 4º trimestre de 2023 com resultados vindo acima das expectativas, em especial nas companhias ligadas à inteligência artificial. Seguimos cautelosos com a exposição em renda variável global, principalmente nas carteiras mais conservadoras e com prazos de investimentos mais curtos, considerando que o mercado parece bastante complacente com os desafios macroeconômicos, especialmente no que diz respeito à inflação e a possível necessidade de que os juros fiquem altos por mais tempo.

ALTERNATIVOS

Alocações normalmente pouco correlacionadas com as demais classes de ativos tradicionais, principalmente nos veículos e instrumentos ilíquidos. As teses de investimentos ilíquidos seguem tendo sua relevância pelo potencial de entregar altos retornos com baixa volatilidade, além de poder expor a carteira a fatores de risco distintos dos que normalmente estão nas classes de ativos tradicionais, investindo em empresas não listadas em bolsa, seja via Equity ou via dívida, investimentos em ativos judiciais ou até mesmo em projetos de desenvolvimento imobiliário ou infraestrutura, por exemplo.

Vindo de um ambiente macroeconômico mais desafiador para os fundos de Private Equity e Venture Capital, que inclusive começa a dar alguns sinais de melhora, temos dado preferência a outras estratégias ilíquidas, mais ligadas ao crédito estruturado e/ou estressado (distressed). Além disso, temos utilizado a maior parte desse orçamento de risco para exposição via fundos listados líquidos, mais especificamente os fundos imobiliários de tijolos, diversificando entre os 2 principais setores da nossa preferência: shoppings e galpões logísticos.

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