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O que pode impactar o mercado hoje
Após semana de otimismo no Brasil com aprovação em primeiro turno no plenário da Câmara, o projeto da reforma da previdência voltou para a comissão especial, que aprovou o texto por 35 a 12. O segundo turno ficou mesmo para a volta do recesso, em agosto.
Até lá espera-se que o governo continue liberando recursos e cargos prometidos aos parlamentares. A equipe econômica calcula que a economia em 10 anos, após os destaques, ficou em torno de R$ 900 bilhões, o que vemos como positivo.
O presidente Jair Bolsonaro disse esperar que a votação da reforma ocorra no Senado até 15 de setembro. Levantamento do Estadão já conta com 42 votos a favor do projeto na casa (são necessários, no mínimo, 49 para aprovação de emendas à constituição), mas os membros do Senado julgam o prazo como otimista.
Rodrigo Maia elenca três prioridades para o pós-previdência: reforma tributária, reestruturação de carreiras do funcionalismo e uma “reforma social”. Na pauta econômica, citou ainda o projeto de lei da recuperação judicial, de saneamento e o da saúde privada. Sobre privatizações, disse que projetos que ajudem o caixa do governo no curto prazo sofrem mais resistências e, por isso, precisarão de diálogo para serem aprovados.
Ainda há uma série de incertezas quanto à aprovação da reforma no Senado, mas os riscos então sendo cada vez mais mitigados. Na nossa visão, a potencial aprovação da reforma, concomitante a um cenário de juros mais baixos por mais tempo e atividade acelerando, ainda que de maneira tímida nos próximos seis meses, traz uma série de oportunidades no mundo dos investimentos.
Destacamos a Bolsa como o melhor ativo já há algum tempo, com potencial de atingir 115 mil pontos até o final do ano e 140 mil até o final de 2020.
No internacional, futuros dos EUA operam em alta, em meio à sessão positiva na Ásia e mista na Europa durante a noite. Essa semana será marcada por discursos de autoridades do Banco Central americano (Fed), com o presidente Jerome Powell discursando na terça-feira, temporada de resultados das empresas e dados econômicos, como dados de varejo americano.
Na China, bolsas recuperaram perdas após produção industrial e vendas no varejo superarem estimativas em junho. Os indicadores mensais ofereceram algum otimismo depois que os dados trimestrais mostraram crescimento moderado do PIB de 6,2% no último trimestre, o mais fraco desde começo da série de dados em 1992.
Apesar disso, a meta do governo de PIB em 6,0-6,5% em 2019 permanece atingível e espera-se que a diminuição do ritmo de crescimento reforce o argumento para mais estímulos do governo.
Com relação a negociações comerciais EUA-China, o Secretário do Tesouro e o representante comercial dos EUA são esperados em Pequim para conversas. Qualquer avanço no tema seria bem recebido pelo mercado.
Do lado das empresas, publicamos análise detalhada sobre o setor de distribuição de combustíveis durante os meses de abril e maio de 2019. Cosan permanece nosso nome preferido no setor devido ao desconto injustificado que as ações negociam em relação a soma das partes. Mantemos Neutro em BR Distribuidora devido às incertezas sobre a sustentabilidade das margens atuais mesmo após uma privatização, embora a preferimos em relação à Ultrapar, para a qual não vemos um ponto de inflexão no futuro próximo.
Tópicos do dia
Brasil
- Política Brasil: Texto da previdência volta à comissão especial e é aprovado
- Estimativa do PIB de maio deve mostrar avanço de 0,90% em relação a abril
Internacional
- China: Dados mais fracos do PIB no segundo trimestre são compensados por boa performance da indústria e varejo. Velocidade da desaceleração ainda é incerta
Empresas
- Distribuição de combustíveis: Tudo que você precisa saber antes dos resultados do 2T19 de Cosan, BR Distribuidora e Ultrapar
- CSN (CSNA3): Anúncio de novo pré-pagamento de minério com a Glencore; US$250mi
- Aviação: Proibição de voos do Boeing 737 MAX pode ser postergada
- Via Varejo (VVAR3): Notícia sugere que Helisson Lemos (17 anos de Mercado Livre) será o novo diretor de ecommerce
- Frigoríficos: Produção de carne suína na China cai 5,5% A/A no primeiro semestre
- Hapvida (HAPV3): Anúncio de oferta primária
- Alupar (ALUP11): Governo estuda subsidiar linhão de energia entre Manaus e Boa Vista
- Setor de Varejo: Cresce o uso do conceito de “cashback” pelas varejistas
Veja todos os detalhes
Brasil
Política Brasil: Texto da previdência volta à comissão especial e é aprovado
- Após aprovação em primeiro turno no plenário da Câmara, o projeto da reforma da previdência voltou para a comissão especial, que aprovou o texto por 35 a 12. O segundo turno ficou mesmo para a volta do recesso, em agosto. Até lá o governo continuará liberando recursos e cargos prometidos aos parlamentares. A equipe econômica calcula que a economia em 10 anos, após os destaques, ficou em torno de R$ 900 bilhões;
- O presidente Jair Bolsonaro disse esperar que a votação da reforma ocorra no Senado até 15 de setembro. Em que pese levantamento do Estadão já contar 42 votos a favor do projeto na casa (são necessários, no mínimo, 49 para aprovação de emendas à constituição), os próprios membros do Senado julgam o prazo como otimista. Após desempenho apagado no primeiro semestre, será a chance de os senadores ganharem exposição;
- Rodrigo Maia elenca três prioridades para o pós-previdência: reforma tributária, reestruturação de carreiras do funcionalismo e uma “reforma social”. Na pauta econômica, citou ainda o projeto de lei da recuperação judicial, de saneamento e o da saúde privada. Sobre privatizações, disse que projetos que ajudem o caixa do governo no curto prazo sofrem mais resistências e, por isso, precisarão de diálogo para serem aprovados. O Estadão estimou em R$ 450 bilhões o potencial de arrecadação do programa de desestatização do governo.
Estimativa do PIB de maio deve mostrar avanço de 0,90% em relação a abril
- O Banco Central anunciará às 8h30 a sua estimativa de PIB (IBC-Br) para o mês de maio. Após quatro quedas consecutivas, a leitura deve indicar retomada do crescimento;
- As nossas expectativas apontam para um avanço de 0,90% em relação ao mês anterior e de 4,70% em relação ao mesmo mês do ano passado (vs. expectativa de mercado de 0,54% e 4,4%, respectivamente). O resultado desse mês sofre a influência de uma base fraca devido à greve dos caminhoneiros em maio de 2018;
- O crescimento do IBC-Br deve ser sustentado pelo resultado dos setores de serviços e agropecuária. De toda forma, o quadro geral ainda é de uma recuperação muito moderada da atividade econômica.
Internacional
China: Dados mais fracos do PIB no segundo trimestre são compensados por boa performance da indústria e varejo. Velocidade da desaceleração ainda é incerta
- O PIB da China cresceu 6,2% no segundo trimestre em relação ao mesmo trimestre do ano passado. O desempenho ficou levemente abaixo da expectativa de mercado (6,3%) e passa a ser o menor ritmo de crescimento em 27 anos;
- A má notícia foi compensada pelo anúncio de bons resultados da indústria e varejo ao final do trimestre. A produção industrial apresentou expansão de 6,3% em junho ante igual mês de 2018, enquanto as vendas no varejo subiram 9,8% em junho na comparação anual. Ambas as marcas vieram acima da expectativa de mercado de 5,5% e 8,4%, respectivamente;
- A economia chinesa passa por um processo de desaceleração em decorrência da introdução de medidas de controle de crédito e da fraca atividade econômica global. Os dados positivos de junho, no entanto, adicionam incerteza sobre o ritmo dessa desaceleração e abrem discussões sobre o momento em que a economia esboçará reação às medidas de estímulo recentes.
Empresas
Distribuição de combustíveis: Tudo que você precisa saber antes dos resultados do 2T19 de Cosan, BR Distribuidora e Ultrapar
- Fornecemos uma análise detalhada do que aconteceu no setor de distribuição de combustíveis durante os meses de abril e maio de 2019, não apenas em termos de volumes, mas também em termos de preços de combustíveis e margens brutas por empresa. Com base nestes dados, realizamos a prévia dos resultados de Cosan, BR Distribuidora e Ultrapar no 2T19;
- Nossa análise aponta que as margens de gasolina e diesel das empresas na nossa cobertura permaneceram estáveis, dado que as repassaram quase integralmente os reajustes de preços praticados em refinarias. Distribuidoras menores continuam a ser muito competitivas em termos de preço relativo às 3 grandes empresas do setor (Ipiranga, Raízen Combustíveis e BR Distribuidora), amparados por importação de combustíveis a preços inferiores ao praticado no mercado doméstico;
- Cosan permanece nosso nome preferido no setor devido ao desconto injustificado que as ações negociam em relação a soma das partes. Mantemos Neutro em BR Distribuidora devido às incertezas sobre a sustentabilidade das margens atuais mesmo após uma privatização, embora preferimos as ações sobre a Ultrapar, para a qual não vemos um ponto de inflexão no futuro próximo. Link para relatório completo.
CSN (CSNA3): Anúncio de novo pré-pagamento de minério com a Glencore; US$250mi
- A CSN anunciou na sexta-feira que concluiu as negociações para outro contrato de pré-pagamento com a Glencore de US$250mi, relacionado ao fornecimento adicional de minério de ferro de ~10 milhões de toneladas em 5 anos. O primeiro contrato de US$500mi foi em fevereiro (22mt em 5 anos) e nessa época já era esperado mais um de US$250mn;
- O contrato faz parte do plano de desalavancagem da empresa, que tem como meta terminar 2019 em 3x Net Debt/EBITDA, vs. 4x no 1T19. Além dessa operação, a CSN negocia (1) contrato de streaming (US$500mi numa primeira etapa, US$1bi ao todo) e (2) venda de ativos na Alemanha (SWT) – estima-se um potencial de US$0,5bi;
- Embora já esperado, vemos o anúncio como positivo. Mantemos recomendação neutra para CSN, preço-alvo de R$19/ação. Vemos as ações negociando a patamares justos em 6,9x EV/EBITDA 2020 – portanto, preferimos a Vale e a Gerdau para se posicionar nos setores de minério de ferro e aço, respectivamente.
Aviação: Proibição de voos do Boeing 737 MAX pode ser postergada
- De acordo com o Valor, é crescente o número de funcionários do Governo e da indústria de aviação que acredita que os jatos Boeing 737 MAX só poderão voltar a voar a partir de 2020. A American Airlines estendeu nesse domingo a proibição dos voos da aeronave até o início de novembro;
- Nenhum cronograma oficial foi estabelecido e a Boeing ainda deve responder os reguladores americanos sobre questões de segurança pendentes;
- Vale relembrar que a Gol (GOLL4) opera uma frota 100% composta por jatos Boeing, e o plano de frota envolve a gradual substituição dos jatos Boeing 737 NG (geração antiga) por jatos Boeing 737 MAX (nova geração), processo que deveria acelerar no segundo semestre desse ano. Um eventual atraso no cronograma pode postergar os ganhos de eficiência provenientes da maior participação desses jatos na oferta de assentos, resultando em ganhos de margem levemente menores que o esperado.
Via Varejo (VVAR3): Notícia sugere que Helisson Lemos (17 anos de Mercado Livre) será o novo diretor de ecommerce
- Segundo o Brazil Journal, a Via Varejo anunciará hoje Helisson Lemos para comandar o ecommerce. O executivo trabalhou 17 anos no Mercado Livre, inicialmente nas áreas de marketing/vendas e em 2010 assumiu como líder da operação no Brasil. Nos últimos dois anos, Lemos esteve na Movile (que controla o iFood) como Diretor de Operações (COO);
- A notícia ainda sugere que para acelerar a estratégia de transformação digital, a Via Varejo irá colocar toda a área de recursos humanos se reportando diretamente a Lemos;
- No nosso último relatório, ressaltamos a importância de monitorar quem seriam os executivos por liderar e executar a nova estratégia da Via Varejo. Na nossa visão, o time de gestão anunciado recentemente tem ampla experiência no setor e é positivo para a tese de investimento. Os próximos passos, para termos mais convicção na recuperação da empresa, são acompanhar quais serão as estratégias para o ecommerce e as lojas físicas. Temos recomendação de Neutro para Via Varejo, com preço-alvo de R$ 5,7/ação para final de 2019.
Frigoríficos: Produção de carne suína na China cai 5,5% A/A no primeiro semestre
- De acordo com a Reuters, a produção de carne suína na China caiu menos do que o esperado no primeiro semestre, frente ao surto de peste suína africana que atinge o país, embora dados oficiais mostrem números conflitantes sobre o tamanho da redução do rebanho de suínos na China;
- De acordo com o Bureau Nacional de Estatísticas, a China produziu 24mt de carne suína nos primeiros seis meses de 2019, queda de 5,5% em relação ao ano anterior. O rebanho de suínos da China, por sua vez, teve queda de 15% A/A, para 347 milhões de cabeças, frente à morte dos porcos em decorrência do vírus, com os agricultores impedidos de reabastecer o rebanho;
- Quanto aos preços dos suínos no varejo, de acordo com dados semanais do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais, o preço na última semana de junho atingiu 26,45 yuans por kg, um aumento de 33% A/A.
Hapvida (HAPV3): Anúncio de oferta primária
- A Hapvida anunciou sexta-feira (12/07), por meio de fato relevante, o lançamento de uma oferta restrita de ações ordinárias a não mais de 75 investidores institucionais no Brasil (ICVM 476) e a compradores institucionais qualificados dos EUA. A oferta contemplará 46.440.000 ações, além de lotes adicional e complementar, potencialmente totalizando R$2,6 bilhões;
- De acordo com o mesmo documento, os recursos serão utilizados para fortalecer a estrutura de capital da empresa, bem como de suas subsidiárias. Além disso, pode ser usado para financiar possíveis aquisições futuras que contribuiam para a estratégia de expansão da Hapvida para novos mercados;
- A oferta será executada pelo BTG Pactual, BofA Merril Lynch, Goldman Sachs e Santander. O bookbuilding e a definição do preço estão programados para 24 de julho e liquidação para 29 de julho.
Alupar (ALUP11): Governo estuda subsidiar linhão de energia entre Manaus e Boa Vista
- Segundo o Estadão, o Ministério de Minas e Energia entrou diretamente nas discussões sobre a viabilidade financeira da linha de transmissão entre Manaus e Boa Vista. A concessionária TNE (formada por Alupar e Eletronorte), vencedora do leilão há 7 anos atrás, não conseguiu desenvolver o projeto por não obter licenciamento ambiental, haja visto que a linha passa por terras indígenas;
- Dada a iminência para se obter as autorizações do Ibama e da Funai, a TNE pediu um reequilíbrio financeiro do projeto, alegando que tem direito a receber R$395,7 milhões por 27 anos. A ANEEL rejeitou a proposta, apresentando em contrapartida o pagamento de R$256,9 milhões por 19 anos e meio;
- A entrada do MME nas discussões se âncora na melhoria do suprimento de energia a Roraima, que sofre com intermitências devido à redução do fornecimento da Venezuela. O governo Bolsonaro estuda repassar à TNE um complemento de receita baseado em um subsídio pago por todos os consumidores de energia, a Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis (CCC).
Setor de Varejo: Cresce o uso do conceito de “cashback” pelas varejistas
- O conceito de “cashback” – em que um percentual entre 1-50% do valor da compra é devolvido ao consumidor para estimular compras futuras – vem ganhando popularidade entre as empresas de ecommerce. A intenção é ampliar o fluxo no site e aumentar a recorrência de compra, assim como o valor final gasto. A notícia do Valor Econômico sobre o assunto sugere que as varejistas têm adotado maior racionalidade com relação ao “cashback”, que pode impactar a rentabilidade caso o aumento do volume de vendas não compense a devolução do valor da compra;
- Na notícia, o diretor financeiro da B2W, Fabio Abrate, comentou que a cada R$ 1 liberado em cashback são gerados R$ 2,5 em novas compras, com aumento no tráfego desse cliente em sete vezes. Além disso, outras empresas também tem adotado iniciativas de cashback, como a Via Varejo com o banQi (banco digital da varejista) e o Mercado Livre que anunciou acordo com o Itaú para lançar um cartão de crédito com cashback de até 10%.
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