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Renda fixa: Selic ou IPCA? Qual indexador trouxe melhores retornos nos últimos 10 anos?

Analisamos o comportamento de ambos, considerando períodos de estresse na curva de juros e a influência do cenário macroeconômico

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Investir em renda fixa pode parecer simples, mas a escolha do indexador correto pode fazer toda a diferença no longo prazo. Entre as opções mais comuns estão os investimentos atrelados ao CDI ou IPCA (inflação).

Se você já investe ou está começando agora, entender as diferenças entre esses títulos pode te ajudar a escolher a melhor estratégia. Abaixo, analisamos o comportamento dessas duas subclasses da renda fixa por meio de indexadores, o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e o Índice de Mercado ANBIMA – Índice de Títulos Públicos Atrelados à Inflação (IMA-B). O CDI representa a taxa média de juros praticada entre bancos e está correlacionado com a taxa Selic, enquanto o IMA-B reflete a performance dos títulos públicos indexados ao IPCA.

Ao fim, respondemos à seguinte questão: qual deles teve melhor desempenho nos últimos 10 anos? Para responder a essa pergunta, analisamos o comportamento de ambos, considerando períodos de estresse na curva de juros e a influência do cenário macroeconômico.

O que são o CDI e o IMA-B?

O CDI é um índice que acompanha a taxa média de juros utilizada nas operações entre instituições financeiras. Ele serve como referência para diversos investimentos de renda fixa, incluindo CDBs, LCIs, LCAs e fundos DI. Por estar correlacionado com a taxa Selic, o CDI geralmente oferece retornos próximos à taxa básica de juros da economia brasileira.

Já o IMA-B é um índice calculado pela ANBIMA que reflete a performance dos títulos públicos atrelados ao IPCA (Tesouro IPCA+). Ele é composto por dois subíndices principais:

               •             IMA-B 5: Representa títulos com vencimento de até cinco anos, com menor volatilidade.

               •             IMA-B 5+: Representa títulos com vencimento superior a cinco anos, mais sensíveis à variação da curva de juros.

Dessa forma, o IMA-B mede o desempenho dos títulos atrelados à inflação e, historicamente, tem apresentado alta volatilidade devido à marcação a mercado dos títulos.

Comparação da rentabilidade nos últimos 10 anos

Avaliando os dois índices em questão, ao longo da última década, o IMA-B teve um desempenho superior ao CDI.

Vale lembrar que o rendimento acumulado do IMA-B também é influenciado pelo que chamamos de “carrego dos títulos”. No caso dos títulos atrelados ao IPCA, o carrego inclui tanto a taxa de juros real contratada na compra quanto a atualização monetária com base na inflação.

Esse fator explica por que o IMA-B tende a apresentar boa rentabilidade no longo prazo. Afinal, mesmo que a marcação a mercado cause oscilações nos preços dos títulos ao longo do tempo, seu impacto tende a ser neutro no vencimento dos títulos. Dessa forma, o carrego dos títulos IPCA+ acaba se tornando o principal motor da rentabilidade superior do IMA-B em relação ao CDI.

O que explica o desempenho do IPCA? Descompressão de riscos!

Como visto, o IMA-B se sobressaiu ao CDI em praticamente todo o período, ficando com performance abaixo de seu par apenas em 2015, 2021, 2022 e 2024. Os motivos por trás dessa diferença de rentabilidade relativa do Tesouro IPCA+ são de origem macroeconômica – e o mecanismo de transmissão é a chamada marcação a mercado.

Avaliando a crise de 2015 – um período de forte contração do PIB e instabilidade macroeconômica no Brasil – notamos a elevação das taxas de juros cobradas para emprestar ao governo, fazendo com que os títulos IPCA+ emitidos anteriormente sofressem desvalorização.

O período que se sucedeu à crise, entretanto, registrou substancial avanço em matéria fiscal – em especial, a implementação da reforma da previdência e da regra do teto de gastos. Esses avanços permitiram ao Banco Central a redução gradual da taxa básica de juros, conforme a inflação retomou aos poucos a trajetória em direção à meta.

Mas, talvez ainda mais relevante do que a gradual redução da taxa Selic, a melhora da percepção de risco fiscal fez com que investidores passassem a esperar juros menores no futuro – e incluir tal expectativa nos preços cobrados para emprestar ao governo.

Esse movimento de redução das taxas de juros projetadas para o futuro – ou fechamento da curva de juros – levou à queda das taxas dos títulos IPCA+ emitidos no período, e consequente elevação nos preços dos títulos emitidos anteriormente.

Assim, já no ano seguinte, diante da melhora da percepção de risco fiscal e queda gradual da Selic, pudemos observar a valorização dos títulos IPCA+ emitidos antes da queda dos juros.

Esse movimento explica a performance bastante positiva do índice dos títulos indexados à inflação nos anos seguintes a 2015.

Ao mesmo tempo, o ciclo de queda da taxa Selic (permitido pela melhora do ambiente inflacionário) reduziu a rentabilidade dos títulos atrelados ao CDI - tanto em termos nominais, quanto em relação aos seus pares indexados à inflação.

Para ilustrar, a taxa Selic foi reduzida de 14,25% em setembro de 2016 para 6,5% em março de 2018 – um ciclo historicamente rápido, refletido na menor rentabilidade observada no CDI no período. 

Tesouro Selic: ótimo, mas nem sempre

Como vimos, títulos atrelados ao CDI (como o Tesouro Selic) são uma excelente opção de segurança, ideal para reservas de emergência, caixa ou oportunidade. No entanto, para quem busca melhores retornos ajustados ao risco, podendo também alongar a liquidez, outros investimentos podem se enquadrar melhor.

Além disso, o CDI nem sempre será a melhor opção para o longo prazo, tampouco para equilibrar os riscos durante períodos de crise. Em períodos de inflação pressionada e em alta acelerada, por exemplo, o retorno do CDI pode não ser o suficiente para manter o valor real do investimento – ou seja, o poder de compra do seu patrimônio.

Conforme podemos ver na tabela abaixo, o CDI teve performance abaixo de outros indexadores da renda fixa nos últimos 10 anos, ao mesmo tempo em que ficou abaixo da inflação nas crises da pandemia da Covid-19 e de 2015.

Assim, outros indexadores dentro da renda fixa podem representar melhores alternativas para equilibrar a porção dessa classe de ativos na sua carteira. Em outras palavras, nem só de CDI deve viver sua carteira de renda fixa.

O que são o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA?

O Tesouro Selic é um título pós-fixado que acompanha os movimentos da taxa básica de juros brasileira, a taxa Selic.

De maneira simplificada: quando a Selic sobe, o rendimento do título aumenta; quando a Selic cai, ele acompanha esse movimento e passa a ter um retorno menor. Esse título tem rendimento e liquidez diária e, por esse motivo, é uma boa opção para reserva de emergência ou aplicações de curto prazo.

Já o Tesouro IPCA+ é um título híbrido, que paga uma taxa fixa acrescida da variação da inflação no período – até o vencimento do título.

Isso significa que ele permite ao investidor um retorno real, ou seja, acima da inflação, sendo indicado para objetivos de médio e longo prazo, com proteção do poder de compra. Esse título, por possuir uma parcela de seu rendimento prefixada, sofre os efeitos da marcação a mercado em resgates antes da data de vencimento. Assim, é recomendado para investidores que não pretendem resgatar antes do vencimento, para garantir a rentabilidade contratada e não correr o risco de ter prejuízos em resgates antecipados.

Ambos são investimentos seguros, sendo títulos da dívida pública – isso significa que você está emprestando dinheiro ao governo em moeda nacional. Apesar do baixo risco de crédito (ou seja, de você não ser pago pelo emissor), o desempenho de cada um depende das condições econômicas do período.

Diversificar: entre indexadores e emissores

Como vimos, um desses indexadores é o IPCA+, que une os retornos eventualmente elevados, fruto de momentos de maior estresse no mercado (como o atual), à proteção contra a inflação.

Já os prefixados também podem ter espaço na carteira, desde que com cautela e coordenação entre objetivos e vencimento. Afinal, o preço desses títulos tende a variar mais ao longo do tempo, especialmente em momentos de incerteza em relação ao rumo da inflação e dos juros.

Além disso, a diversificação entre emissores também é importante. Afinal, embora títulos do Tesouro sejam alternativas acessíveis e seguras, também há oportunidades em títulos como emissões bancárias e de crédito privado.

Confira aqui nossas carteiras de renda fixa e esteja por dentro do nosso atual cenário econômico, além de conhecer as melhores oportunidades para investimentos.

Afinal, qual melhor investimento?

A análise histórica confirma que o IMA-B superou o CDI nos últimos 10 anos, especialmente em períodos de fechamento da curva de juros. No entanto, essa maior rentabilidade vem acompanhada de maior volatilidade e sensibilidade às mudanças no cenário macroeconômico.

Para investidores que buscam menor volatilidade, o CDI continua sendo um excelente indexador, principalmente em momentos de taxa Selic mais elevada. Já para aqueles que desejam retornos reais acima da inflação no longo prazo, títulos atrelados ao IPCA apresentam-se como uma alternativa interessante – desde que haja um alinhamento do prazo de vencimento do título com o objetivo do investidor.

A melhor estratégia dependerá do momento econômico, perfil do investidor e objetivos. Diante de um cenário atual com juros elevados, a diversificação entre CDI e títulos IPCA+ pode ser uma abordagem equilibrada para otimizar o retorno e reduzir os impactos da volatilidade no portfólio.

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