Cenário econômico
Os autores agradecem as contribuições do time de Economia da XP
Neste mês, vale começar nosso comentário sobre o cenário macro com uma frase do relatório Macro Mensal que resume bem o sentimento atual: "Tem sido assim no Brasil. Quando parece que teremos alguns meses de calmaria, uma nova onda de incertezas traz de volta a volatilidade – e os prêmios de risco – aos mercados."
Desde abril, os ativos brasileiros vinham melhorando, reduzindo a defasagem frente aos pares. No entanto, podemos citar uma combinação de turbulências domésticas e externas que reverteu parte da melhora recente dos ativos brasileiros: i) a polêmica proposta de reforma tributária; ii) a variante Delta da covid-19; iii) o impasse na OPEP que elevou ainda mais o preço do petróleo; e iv)os dados recentes que mostram a economia chinesa em desaceleração.
Na visão de nosso time de Economia, a maior parte desses fatores tende a ser temporária. Os principais bancos centrais do mundo devem manter a política monetária expansionista, mesmo com as inflações mais pressionadas no curto prazo, o que também deve ajudar na retomada. Assim, a projeção de crescimento foi elevada de 5,2% para 5,5% este ano, e de 2,0% para 2,3% em 2022 por conta dos números recentes mais fortes e pela perspectiva de aceleração da atividade do setor de serviços com a aceleração da vacinação.
Serviços mais fortes também pressionam a inflação no segundo semestre, o que levou à revisão na projeção de IPCA deste ano de 6,4% para 6,7%, com riscos assimétricos para cima. Com geadas e reabertura da economia no radar, a inflação pode ficar acima de 7% no ano. Na política monetária, acreditamos que o Copom vai acelerar o ritmo de alta de juros para 1pp na sua reunião de agosto, e encerrar o ciclo em 6,75%.
A incerteza maior parece vir do lado político, com o avanço das investigações da CPI e a proximidade do calendário eleitoral. Neste ambiente, pode haver excesso na expansão fiscal, tanto na calibragem final da reforma tributária como do novo (e mais amplo) programa Bolsa Família. Se isso acontecer, a Selic terminal tende a ser maior, ajustando o mix de política econômica.
Diante do cenário atual, esperamos Selic em 6,75% em 2021 e em 2022 e IPCA de 6,7% em 2021 e de 3,6% em 2022.
Leia o relatório Brasil Macro Mensal: mercados mais voláteis, mas retomada segue surpreendendo
Resumo de indicadores
Em relação ao mês anterior, a curva de juros fechou agosto com elevação de expectativas em todos os vencimentos. O mês foi marcado por volatilidade ao longo das semanas, tendo como protagonistas as incertezas em torno da reforma tributária, a variante delta da covid-19 e seus impactos sobre as economias globais. Além disso, a inflação não deu sinais de arrefecimento, o que elevou as apostas do mercado para a decisão do Copom no começo de agosto. Mais ao fim do mês de julho, o risco fiscal voltou a ser destaque no cenário doméstico com discussões em torno do Bolsa Família.
A curva dos títulos públicos indexados ao IPCA (NTN-Bs) também apresentou abertura ao longo do mês, o que indica maior expectativa de juro real ao longo dos vencimentos.
Como agir
Para o mês de agosto, realizamos trocas nas indicações de alocação para alguns perfis e classes de ativos. No campo da renda fixa, tanto no Brasil como no mundo, os prêmios de crédito continuaram se contraindo em julho, reafirmando a confiança do mercado na recuperação econômica do pós-pandemia. Ainda que esta recuperação se encontre em diferentes estágios dentro e fora do país, esta contração foi observada para os títulos emitidos em CDI, em IPCA e em dólares, trazendo bons retornos para estas classes. Seguimos com visão positiva para os ativos de credito.
Em nossa visão, os três indexadores da renda fixa são indicados para quase todos os perfis de investidores, dado o cenário atual de expectativa de elevação de juros e inflação e nossa visão de que o mercado ainda precifica Selic mais elevada do que o que esperamos.
Acreditamos que a melhor forma de se proteger de riscos é através de uma carteira diversificada, o que inclui ativos de renda fixa. Renda fixa não se limita a ativos conservadores e/ou que acompanhem a taxa Selic. Sendo assim, há diversas opções de prazos, indexadores e emissores diferentes que permitem encontrar maiores rentabilidades.
*Em "Outros" estão todas as outras classes de ativos: ações, fundos de investimentos (ações, renda fixa e multimercados), FIIs, internacional (incluindo renda fixa global), moedas etc.
Veja aqui as recomendações de carteira por perfil.
Seleção de ativos de renda fixa
As rentabilidades abaixo são indicativas do dia 02/08/21 e podem sofrer variações ao longo do mês.
Para verificar disponibilidade e taxas, acesse a plataforma, disponível para compra das 10h às 15h, em dias úteis.
Invista de acordo com o seu perfil de investidor.
Pós-fixados
Classe representada por ativos atrelados à variação de um dia das taxas de juros básicas (Selic ou CDI). A remuneração acompanha, portanto, altas e baixas nas taxas de juros.
Nosso cenário base é de que a taxa Selic continue a ser elevada nas próximas reuniões do Copom, encerrando 2021 e 2022 em 6,75%. Ou seja, os ativos pós-fixados devem se beneficiar das altas esperadas na taxa básica de juros.
Indicamos o Tesouro Selic para a reserva de emergência e/ou gestão de caixa.
Inflação
Aqui estão os ativos cujo valor a ser recebido no vencimento, ou nos pagamentos de juros, é predeterminado em forma de uma taxa de juros, mas também corrigido por um índice de inflação, normalmente o IPCA.
Como o valor a ser recebido no futuro é corrigido, o valor atual do produto flutua conforme mudam as expectativas de taxas de juros de hoje até o vencimento, mas menos do que um produto prefixado de mesmo prazo. Em caso de alta nas expectativas para os juros, os títulos se desvalorizam e vice-versa. Essa variação só é colocada em prática (valorização ou desvalorização) em caso de resgate antes do vencimento.
Em nosso cenário base, esperamos que a inflação feche o ano de 2021 em 6,7% e 2022 em 3,6%. Enxergamos ser importante manter parcela de ativos atrelados à inflação para proteção contra seu efeito ao longo do tempo, especialmente considerando a imprevisibilidade em relação à sua trajetória em prazos mais longos.
Apresentamos aqui ativos que acreditamos ter boa combinação entre qualidade de crédito e rentabilidade, buscando diversificação em relação setores de atuação e prazo de exposição ao investimento. Note que as taxas podem variar ao longo dos dias, sendo estas aqui apresentadas apenas uma referência.
Confira o risco e invista de acordo com o seu perfil de investidor.
Duration é o prazo médio ponderado dos recebimentos de fluxos referentes ao ativo. Quando o ativo paga juros e/ou amortização periodicamente (por exemplo, todo semestre), sua duration será mais curta do que o prazo. Caso não haja fluxos de pagamento durante a duração do ativo, a duration será igual ao prazo. Quando maior a duration, mais sensível a taxa do ativo será às movimentações do mercado (em caso de venda antes do vencimento).
Entenda tudo sobre crédito privado em nosso artigo Quem tem medo do crédito privado?
Prefixados
Ativos prefixados são aqueles sobre os quais conhecemos, desde o início, exatamente quanto será pago ao final do prazo de investimento (ou seja, no vencimento). Por ser uma taxa fixa, que não é atrelada a nenhum indexador, é benéfica em cenários de expectativa de baixa de juros. Além disso, estes ativos são recomendados para quem busca previsibilidade, independentemente da expectativa para os juros no futuro.
As taxas dos ativos do Tesouro Direto variam diariamente. Portanto, é necessário checar a taxa e valor unitário do título no momento da compra, o que pode ser feito através da conta na corretora.
Invista de acordo com o seu perfil de investidor.
Na categoria de prefixados, optamos por títulos relativamente mais curtos, diante do cenário particularmente incertos para além de 2022. Sendo assim, buscamos títulos com vencimento não muito além deste horizonte. Títulos prefixados mais longos pagam juros ainda maiores, mas continuamos a enxergar que a incerteza do cenário parece não justificar o alongamento excessivo deste tipo de ativo neste momento.
Como a Selic hoje está em 4,25% (com expectativa da XP de chegar a 5,25% na próxima reunião do Copom), para que o título seja menos vantajoso que uma aplicação pós-fixada conservadora (100% DI), a taxa Selic precisaria superar cerca de 7,8% em 2021, 8,8% em 2022 (nosso cenário é de 6,75% para ambos os anos) e 9,3% em 2023, 2024 e 2025 (segundo expectativas do mercado no momento da publicação deste relatório).
Apesar dos desafios recentes, ainda nos parece um cenário pouco provável. Assim, ainda que estejamos errados e o Banco Central tenha que subir a Selic além do esperado, aos preços atuais os prefixados curtos e médios parecem alternativas bem defendidas, a depender da estratégia de cada investidor.
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