Com o objetivo de mantê-lo informado sobre o desempenho da indústria de fundos, mensalmente, publicaremos um resumo da performance das diferentes classes de ativos locais e globais. Além de mostrarmos os principais índices que mais impactam determinados tipos de fundos, também sinalizamos dentro do nosso próprio peer, ou conjunto de fundos, qual a rentabilidade do fundo com a melhor performance (Top 1), qual teve a pior performance (Bottom 1), a mediana dos retornos dos fundos do grupo no mês, no ano, em 12 meses e em 36 meses anualizada e não acumulada, além dos retornos nos anos anteriores de 2022, 2021, 2020 e 2019..
Neste relatório traremos os principais destaques positivos e negativos na Renda Fixa, Multimercados e Renda Variável dos fundos previdenciários
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Pano de fundo
No mês de março, problemas no setor bancário global evidenciaram os impactos do aumento de juros na economia. Nos EUA, dois bancos (Sillicon Valley Bank e Signature Bank) o foram fechados pelos reguladores, enquanto na Europa, o Credit Suisse teve que ser vendido às pressas ao UBS – temores a respeito da saúde financeira do Deutsch Bank também mexeram com o mercado
Apesar dos problemas no setor bancário e de um aumento adicional da taxa de juros do Fed nos EUA, a forte resposta dos governos logo no princípio da crise bancária parece ter acalmado o mercado – levando os principais índices americanos a fecharem o mês com performance positiva.
Destaque para o índice NASDAQ que apresentou uma alta de 9,46% e o S&P 500 com uma variação de 3,51%, refletindo principalmente uma reavaliação significativa das expectativas de taxas de juros – no mês foi possível observar o maior movimento de queda diária no rendimento do Tesouro dos EUA de 2 anos (-61bps) desde a quebra do mercado de ações em 1987.
Os dados de inflação mostraram aparente melhora, mas os dados do núcleo ainda apontam para uma inflação persistente e alta. Em relação a política monetária, o Banco Central Europeu, Banco Central Americano, o Banco Nacional Suíço, o Banco da Inglaterra e o Banco da Noruega aumentaram as taxas de juros em linha com o esperado.
Na China, dados oficiais indicam uma retomada de atividade muito forte. Com destaque aos serviços prestados às famílias, os números sugerem um crescimento no primeiro trimestre acima do esperado. O MSCI China encerrou o mês com uma performance de 4,50%, enquanto o índice que mede a performance das bolsas emergentes (MSCI EM), encerrou o mês com uma variação de 2,73%.
No Brasil, a questão chave continuou a ser a política fiscal. Investidores passaram a maior parte de março aguardando o novo arcabouço fiscal, que finalmente foi anunciado. Apesar da reação positiva do mercado no início, muitas questões permanecem sobre como o superávit fiscal será alcançado. Com a incerteza política pressionando os ativos domésticos, o Ibovespa teve outro mês negativo, caindo –2,9% em reais, mas com um real mais forte em relação ao dólar americano, ficou praticamente de lado em +0,1% em dólares.
Previdência Renda Fixa
Com uma redução de volatilidade considerável se comparado aos meses de janeiro e fevereiro, os fundos de renda fixa com crédito na carteira seguiram apresentando retornos abaixo do CDI, mesmo que marginalmente no mês de março. A reprecificação de Light foi um dos principais detratores na carteira dos fundos, também foi possível observar um leve movimento de abertura nos spreads de crédito ao longo do mês.
O movimento de abertura dos spreads de crédito no mês de março pode ser observado através do do IDEX JGP – excluindo as debentures de Americanas e Light da análise, vemos que o Idex BID Spread DI+ (ex-lame e ex-light), saiu de CDI+2,62% no fim de fevereiro, para CDI+2,86% em março.
Dessa forma, a amostra com 113 fundos classificados como “high grade” obtiveram um retorno mediano de 0,82% em março, enquanto os fundos de Crédito “high yield” apresentaram uma variação de 0,39% – o CDI, apresentou uma variação de 1,17% no período.
O índice IDEX-CDI que mede o desempenho de uma cesta de debêntures indexadas ao CDI teve uma variação de 1,17% em março, enquanto o IDA DI, índice que reflete uma cesta de debêntures da Anbima, teve retorno de 0,76%.
Nesse atual cenário, gestores seguem com postura de cautela, focando em uma carteira mais conservadora, diversificada e com alocações em setores historicamente mais resilientes e com menor grau de alavancagem – parte dos gestores entende o movimento de estabilização dos spreads de crédito deve seguir em abril, reduzindo também o volume de resgates que segue para a classe.
Em termos de alocação, na Renda Fixa (pós) reforçamos uma maior diligência e seletividade na escolha dos ativos de Crédito Privado tanto no Brasil quanto nos títulos globais, pois juros muito elevados por muito tempo, pesam ainda mais nos resultados de empresas muito endividadas, que precisam buscar financiamento continuamente, e com menor capacidade de geração de caixa.
Sendo destaque perante as demais classes de ativos, os fundos de inflação apresentaram um forte desempenho no mês de março. Apesar da volatilidade no mercado de crédito no geral, as debentures de infraestrutura foram beneficiadas tanto pelo fechamento das NTN-Bs, quanto pelo fechamento nos spreads de crédito.
A reversão dos spreads ocorre após meses de movimento negativo para a classe, gestores acreditam que as taxas que estão sendo praticadas trazem atratividade para esses papeis – e tem chamado atenção dos investidores. A queda de emissões também é um ponto levantado pelos gestores – em linha com o cenário conturbado para o crédito.
Dessa forma, para os fundos classificados de Debentures Incentivadas atrelados ao IPCA, a variação no mês foi de 1,69%, enquanto os fundos hedgeados atrelados ao CDI apresentaram um retorno de 1,09%. Em resumo, a reversão de um fluxo vendedor para comprador, somado a inflação observada, trouxe bons resultados para as estratégias atreladas ao IPCA.
Fundos Multimercados Brasil
No mês de março, o IHFA, que é o principal índice de fundos multimercados do Brasil, apresentou uma variação de -0,15%, impactado negativamente principalmente pela performance dos fundos LS/Arbitragem que tiveram suas perdas concentradas em bolsa Brasil. Por outro lado, os fundos do tipo Macro, seguem se destacando perante as demais classes, com uma variação de 0,98% no mês.
Em relação à performance das demais estratégias multimercados, os fundos Sistemáticos apresentaram uma variação de 0,44% em março, seguido dos fundos Long&Short/Arbitragem que apresentaram rentabilidade mediana levemente negativa de -0,93%.
Com variações levemente positivas das cotas, os multimercados Macro/Multiestrategia tem suas perdas concentradas nas posições compradas em bolsa local, dólar e petróleo.
Como destaque positivo para a classe de Multimercados do tipo Macro/Multiestrategia dentro dos fundos previdenciários, o fundo Kapitalo K10 Global Prev XP Seg Advisory, obteve uma variação de 2,66%, com ganho nos livres de juros, bolsa, commodities e câmbio.
Nos fundos Long&Short/Arbitragem, o fundo Kadima XP Seg Prev Long Short, obteve destaque com uma variação de 0,97% no mês. A principal contribuição positiva para o desempenho do fundo foi o modelo seguidor de tendências de longo prazo operando o mercado futuro de juros local. Além disso, os modelo de alocação sistemática entre diferentes classes de ativos e de contratendências também apresentaram ganhos.
No lado negativo, o modelo de fatores foi o principal detrator no período.
Em termos de alocação, seguimos com uma visão construtiva para a classe – que possui como caracteristica flexibilidade para navegar nos diferentes cenários do mercado.
Fundos de Ações Brasil
Da parte dos fundos de ações, a bolsa brasileira apresentou uma das performances mais fracas no relativo às bolsas globais, com uma queda de -2,91% em reais e 0,2% de valorização em dólar. A questão chave continuou a ser a política fiscal. Investidores passaram a maior parte de março aguardando o novo arcabouço fiscal, que finalmente foi anunciado. Apesar da reação positiva do mercado no início, muitas questões permanecem sobre como o superávit fiscal será alcançado.
Os gestores de ações tanto Long Only, quanto Long Biased tiveram uma mediana de performance negativa para o mês. Os fundos de ações Long Biased apresentaram performance um pouco melhor do que o principal índice de ações, porém ainda registrando -1,50% no mês, enquanto os fundos de ações Long Only obtiveram um retorno mediano de -2,91%.
Com a incerteza política pressionando os ativos domésticos, o Ibovespa teve outro mês negativo, caindo -2,9% em reais impactado negativamente principalmente pelo setor de Saúde (-10,5%), Papel & Celulose (-10,5%) e Educação (-4,1%). Porém, voltamos a ver a recuperação de alguns setores como Bens de Capital (+10,9%), Transportes (+7,3%), Agro, Alimentos & Bebidas (+5,7%) mostraram a maior resiliência em meio a um cenário macro ainda desafiador.
Sem destaques de performance para o mês.
Em termos de alocação, apesar dos preços das ações brasileiras ainda estarem bastante descontados, seguimos com cautela e seletividade para exposição em Renda Variável Brasil pelas incertezas políticas, fiscais e manutenção de política monetária apertada (Selic alta por mais tempo). Reforçando o cuidado com empresas de alto crescimento e muito alavancadas.