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Sob o olhar da estratégia: A eleição de Donald Trump

Entenda os principais temas associados às eleições na bolsa americana e a repercussão da eleição de Trump e do Red Sweep nos mercados

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https://www.youtube.com/watch?v=KJcNPA-Q6ac&t=21s

Ao longo dos últimos meses, posicionamos nossas carteiras recomendadas globais (Top Ações Globais XP e Top Dividendos Globais XP) para uma provável vitória do partido Republicano nos EUA. A vitória de Trump se concretizou na madrugada do dia 06/11/2024 e encerra um longo ciclo de campanha eleitoral, iniciando-se, assim, um novo ciclo político e econômico que tende a ser muito diferente dos últimos 4 anos.  Neste relatório, buscaremos:

  1. Apresentar o histórico desta longa campanha presidencial, das primárias ao resultado;
  2. Entender os principais temas associados a cada partido e identificar beneficiados e prejudicados;
  3. Mostrar a reação dos mercados ao longo do tempo;
  4. Ilustrar as mudanças feitas nas carteiras recomendadas globais nos últimos meses e apresentar nossas escolhas para novembro.

Reações do mercado:

Ações:

  • Bolsas Globais em alta (MSCI ACWI +1,2%)
  • Índices norte-americanos (S&P 500 +2,5%, Nasdaq +2,7%)
  • Small Caps +5,8%
  • Europa -2,1%
  • China -2,9%
  • Setores em alta: Financeiro +6,1%, Industriais +3,9% e Energia +3,8%
  • Setores em baixa: Utilidades Públicas -1,0%, Bens de Consumo -1,6% e Imobiliário -2,7%

Renda Fixa:

  • Treasury de 2 anos: +9 bps
  • Treasury de 10 anos: +16 bps
  • Queda nos spreads de Investment Grade (-13 bps) e High Yield (-4 bps)

Moedas (contra o dólar):

  • DXY: +1,67%
  • EUR: -1,84% / JPY: -1,95% / GBP: -1,25% / CHF: +1,54%
  • Emergentes: BRL +1,22% / MXN: +0,11%

Donald Trump foi eleito para seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos. Embora nem todos os estados tenham terminado de apurar as votações, Trump já ultrapassou a marca de 270 votos de delegados do colégio eleitoral necessários e lidera o voto popular. Kamala Harris, sua oponente, concedeu a vitória durante o dia.

Fonte: 270 to win

No Congresso, o partido Republicano conquistou a maioria no Senado e lidera a disputa pela Câmara dos Representantes, tornando o cenário de Red Sweep altamente provável.

Senado:

Fonte: 270 to win

Câmara:

Fonte: 270 to win

Como chegamos até aqui?

O caminho até a vitória foi longo. A campanha eleitoral de 2024 provavelmente foi a mais longa da história, considerando que os candidatos já estavam definidos desde muito antes do término das primárias dos partidos.

Entenda como funciona o sistema de votação americano e sua história

Acompanhamos a campanha continuamente (confira aqui nossa cobertura completa) e destacamos alguns eventos que marcaram pontos importantes de reversão ou consolidação das chances de vitória de cada candidato no mercado de apostas. Dentre os principais acontecimentos, destacamos:

-Debate Trump x Biden (27/06): Donald Trump e o incumbente Joe Biden realizaram um debate em junho, no qual o candidato Republicano saiu com larga vantagem. Após o debate, foram levantadas dúvidas sobre a capacidade de Biden seguir na corrida, especialmente devido às limitações da idade do presidente. As chances de Trump dispararam, e a possibilidade de uma substituição de Biden começou a ganhar força;

-Atentado contra Trump (13/07):  Em um comício realizado em julho na Pensilvânia, Donald Trump sofreu uma tentativa de assassinato. Após o ocorrido, as chances do republicano voltaram a aumentar e chegaram a atingir cerca de 70% com a visibilidade do caso e comoção gerada entre os eleitores;

-Troca de Biden por Harris na campanha Democrata (21/07): Joe Biden anunciou sua desistência de concorrer à reeleição e sua vice, Kamala Harris, foi oficializada como candidata substituta, revitalizando a campanha do partido Democrata;

-Debate Trump x Harris (10/09): No único debate em que Trump e Harris se enfrentaram, a candidata democrata saiu vitoriosa, se consolidando como líder em chances de vitória nos sites de apostas (por uma pequena margem) até perto da reta final das eleições;

Na reta final das campanhas, quando diversos estados já estavam recebendo votos antecipados, as chances de vitória de ambos os candidatos permaneceram próximas, com liderança de Kamala Harris por uma pequena margem nas intenções de voto gerais e vantagem de Trump nos swing states, verdadeiros definidores do resultado eleitoral.

Em meados de outubro, a curva de probabilidades passou a alargar um pouco mais, dando vantagem para Donald Trump, mas a emoção foi mantida até o final, quando as chances de vitória Harris saíram 33% no dia 30/10 para 44% no dia 03/11, de acordo com o site de apostas Polymarket.

O que é o Trump Trade?

Ao longo de toda a campanha eleitoral, os mercados foram assumindo posições compatíveis de acordo com o cenário previsto para cada candidato à medida que ganhavam ou perdiam força.

Afinal, quais temáticas ganharam força com Trump?

  • Desregulação: Os setores financeiro (especialmente bancos regionais, representados pelo ETF KRE) e de saúde (seguros de saúde, representados pelo ETF IHF) foram os principais beneficiários da temática de desregulação, forte bandeira defendida pelo partido Republicano. O tema de cripto e suas adjacências também são beneficiados pela desregulação;
  • Cortes de tributos: A associação do partido Republicano e de Trump a cortes de tributos gerou uma grande expectativa no mercado, beneficiando especialmente Small Caps (ETF IWM) na bolsa americana;
  • Drill, baby, drill! O slogan da campanha republicana de 2008 segue de grande relevância para os mercados hoje, se referindo à promoção da extração de petróleo e gás natural pelo processo de fracking. O incentivo ao setor tende a beneficiar os serviços de óleo e gás (representados pelo ETF OIH), enquanto a ampliação da oferta das commodities pode ser negativa para preços (ETFs USO e UNG);
  • Reindustrialização: A eleição foi de certa forma um referendo da velocidade da desglobalização. Desde a pandemia, os riscos de manter as cadeias de suprimentos distantes de onde se encontra o consumo ficaram em evidência, e as temáticas de reshoring e near shoring emergiram como prioritárias nestas eleições. Reindustrializar a América perpassa investimentos em uma série de áreas, mas destacamos o setor industrial (ETF XLI) como beneficiário mais óbvio. Para além de subsídios, planos de reindustrialização incluem a imposição de tarifas e possuem como principal risco a inflação, que vem não apenas por conta do aumento do custo de importações como também por custos mais elevados de mão de obra.

O que tende a não ir tão bem em um governo Trump?

Do outro lado da moeda, uma série de temáticas podem ser negativamente impactadas no governo Trump. Destacamos:

  • Big Techs: Vemos Donald Trump como potencialmente mais negativo para as Big Techs, uma vez que o presidente eleito já levantou questões sobre a abrangência da atuação dessas companhias, seu enquadramento tributário e o debate sobre moderação de conteúdo digital (plataforma vs. veículo de mídia, section 230). Este último tópico impacta particularmente companhias ligadas a mídia, como Meta Platforms (META) e Alphabet (GOOG). Considerando o próprio histórico pessoal de Trump (banimento do Facebook), de seus aliados (JD Vance tem sido extremamente vocal contra Big Techs) e que algumas destas companhias foram as principais doadoras da campanha do partido Democrata, mantemos cautela em relação ao tema, mas há quem aposte que a bandeira de desregulação do partido Republicano vá beneficiar as Big Techs;
  • Energia renovável: A temática foi uma das principais pautas do partido Democrata ao longo dos últimos anos, e receberam extensivo incentivo governamental. Donald Trump não indicou que o tema seja prioridade em seu governo;
  • Defesa: Ao contrário da tendência histórica de ligação do partido Republicano a alta nas ações ligadas ao setor de defesa (ETF SHLD), Donald Trump adota uma retórica mais ligada a problemas domésticos e sinaliza que não irá seguir apoiando a Ucrânia e Israel em seus respectivos conflitos da mesma forma que o partido Democrata vinha fazendo;
  • China: Espera-se uma escalada de tensões comerciais entre Estados Unidos e China (ETF FXI), considerando o histórico de uma guerra comercial sob Trump, promessa de imposição de tarifas sobre importações chinesas e conflitos relacionados a propriedade intelectual. Apesar do aumento de tensões, permanecemos com visão positiva para China. O país recentemente anunciou uma série de medidas de incentivo para a economia, e se comprometeu a seguir fornecendo estímulos fiscais enquanto for preciso para promover crescimento.

Como a XP se posicionou para as eleições?

Clique aqui para acessar todas as Carteiras Globais

Há alguns meses, posicionamos nossas carteiras recomendadas globais para uma provável vitória do partido Republicano nas eleições. As mudanças realizadas em outubro compreenderam:

Aumento de exposição a trades republicanos:

  • Setor Financeiro: Citi (+8,4% após vitória do Trump)
  • Setor de Energia: SLB (+7,9% após vitória do Trump) e ExxonMobil (+1,7%)
  • Desregulação: CVS (+11,3% após vitória do Trump)

Diminuição de exposição a temas democratas:

  • Energia Renovável: NextEra (-5,25% após vitória do Trump)

Alocação por setor da Carteira Top Ações Globais XP:

Alocação por setor da Carteira Top Dividendos Globais XP:

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