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FOMC, OCDE, China, Tesla e Nvidia | 🌎 Top 5 temas globais da semana

1. FOMC: Fed mantem taxa de juros americana inalterada 2. OCDE: PIB global e americano revisados para baixo 3. China: Inteligência artificial, resultados e dados econômicos 4. Tesla: Companhia sofre com recall e ataques 5. Nvidia: Empresa anuncia entrada na corrida de Quantum Computing

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1. FOMC: Fed mantém taxa de juros americana inalterada - Quantidade maior de membros do FOMC espera nenhum ou apenas um corte até o final de 2025

2. OCDE: PIB global e americano revisados para baixo - Instituição agora projeta que o PIB dos EUA crescerá 2,2% em 2025 e 1,6% em 2026

3. China: Inteligência artificial, resultados e dados econômicos - Baidu anuncia dois novos modelos de AI buscando reconquistar sua posição no mercado

4. Tesla: Companhia sofre com recall e ataques - Tesla anuncia recall de Cybertrucks e FBI investiga vandalismo contra veículos da empresa

5. Nvidia: Empresa anuncia entrada na corrida de Quantum Computing - Companhia promoveu o Quantum Day para fazer anúncios relacionados à temática

1. FOMC: Fed mantém taxa de juros americana inalterada

Conforme amplamente esperado, o FOMC, comitê de política monetária do Federal Reserve, manteve pela segunda vez seguida a taxa dos Fed Funds inalterada no intervalo entre 4,25% e 4,50%.

O comunicado trouxe algumas mudanças relevantes: foi incluído um alerta para o alto nível de incertezas em relação ao cenário econômico e uma sinalização de que o ritmo no qual o Fed diminui o tamanho do seu balanço (processo que conhecemos como quantitative tightening, ou QT) foi reduzido de US$ 25 bi por mês para US$ 5 bi nas Treasuries, enquanto o ritmo permanece igual na parcela de títulos com hipotecas como colateral (US$35bi por mês). A decisão de juros foi unânime, porém Christopher votou por não alterar o ritmo de redução do QT.

A publicação do Resumo das projeções Econômicas, ou o SEP na sigla em inglês, também chamou atenção: apesar da manutenção da mediana das projeções de taxas de juros, com dois cortes de juros esse ano, dois em 2026 e um em 2027, uma quantidade maior de membros do comitê espera nenhum ou apenas um corte em 2025. O comitê reduziu significativamente a mediana das projeções de crescimento do PIB para 2025, de 2,1% para 1,7%, e, ao mesmo tempo, aumentou sua previsão de inflação para o ano, de 2,5% para 2,8%, quando olhamos o núcleo do deflator PCE.

As projeções de inflação para 26 e 27 foram mantidas inalteradas, em 2,2 e 2%, respectivamente, indicando que a elevação nas projeções de curto prazo está associada ao risco de imposição de tarifas. O efeito das tarifas sobre a inflação é o de um choque, que provoca alteração no nível de preços, porém tem impacto limitado sobre trajetória da inflação, que é uma medida de variação.

Na coletiva de imprensa, Jerome Powell, presidente do Fed, declarou que apesar do aumento dos riscos, não vê como grande a probabilidade de uma recessão nos EUA, e enfatizou o caráter “transitório” da inflação ligada às tarifas, ou seja, pouco responsivo à política monetária. Ainda sobre as tarifas, Powell ressaltou a dificuldade de estimar os efeitos completos sobre a inflação, dada a incerteza que persiste ao redor do tema.

A XP segue projetando manutenção de juros até o final do ano, o mercado, por sua vez, espera 3 cortes até o final do ano. Ao final da semana, a curva de juros fechou: a taxa de 2 anos caiu -10 bps, e a taxa de 10 anos caiu -7 bps.

2. OCDE: PIB global e os EUA são revisados para baixo

Temores de desaceleração da economia americana ganharam força ao longo do primeiro trimestre com dados mais fracos, e foram reforçados após o FOMC divulgar projeções piores para a atividade e Powell citar que riscos de recessão aumentaram, apesar da probabilidade ainda ser pequena (conforme comentamos no tema #1).

Dados de atividade divulgados até o momento foram impactados negativamente por temperaturas mais baixas que o esperado em janeiro, no inverno do hemisfério norte. O sentimento de incerteza em relação às políticas comerciais da nova administração tem afetado tanto a confiança do consumidor quanto a dos empresários, com destaque para os riscos inflacionários decorrentes das tarifas, que tem provocado, adicionalmente, antecipação de importações, que contribuem negativamente para o PIB.

O aumento das tarifas, a política fiscal expansionista e os choques climáticos recentes aumentaram o risco de recessão nos EUA. A última pesquisa do CNBC Fed Survey mostrou que a probabilidade de recessão subiu de 23% para 36%. Apesar disso, seguimos vendo o cenário como uma desaceleração, não como uma recessão. O consumo das famílias, embora mais fraco, ainda mostra resiliência, e a expectativa é que o Fed mantenha uma postura cautelosa, com cortes de juros graduais ao longo do ano.

Falando de desaceleração, a OCDE revisou para baixo suas projeções do crescimento global e, em especial, da economia americana. A instituição agora projeta que o PIB dos EUA crescerá 2,2% em 2025 e apenas 1,6% em 2026 (abaixo dos 2,4% e 2,1% esperados anteriormente). A justificativa principal para esse corte está na adoção de tarifas adicionais sobre importações, sobretudo vindas de parceiros comerciais relevantes como Canadá e México, elevando os custos para consumidores e empresas.

Outro sinal de desaceleração vem do mercado de petróleo. Apesar das projeções otimistas da OPEP e da AIE, os dados de importações da China mostram um recuo de -2,1% em 2024 e de -3,4% no início de 2025, indicando uma demanda mais fraca. Ao mesmo tempo, os preços seguem pressionados, com o Brent encerrando 2024 em US$ 74,64 e fechando a semana em US$ 72,16. Mesmo com estímulos na China e tensões geopolíticas, a expectativa de aumento de oferta e o crescimento global mais fraco limitam o avanço consistente dos preços.

3. China: Inteligência artificial, resultados e dados econômicos

Após onda de otimismo na China com tarifas menos expressivas que o temido, avanços em inteligência artificial e recuperação gradual da atividade econômica ter impulsionado a performance dos ativos locais, as bolsas chinesas passam por uma semana de leve correção: o KWEB, ETF de empresas chinesas de tecnologia, cai -3,3%, e o FXI, ETF de grandes empresas do país, recua -2,9%.

Notícias de grandes companhias foram catalizadoras de movimentos importantes ao longo da semana. Baidu, antes considerada uma das líderes em AI na China e bastante penalizada após avanços de rivais, lançou dois novos modelos de inteligência artificial focados em raciocínio e multimodalidade, com o objetivo de reconquistar sua posição no competitivo mercado de AI. O modelo ERNIE X1 da Baidu foi destaque por entregar desempenho equivalente ao modelo R1 da DeepSeek, porém a um custo mais baixo, demonstrando que a empresa está tentando recuperar seu protagonismo ante ascensão de concorrentes como DeepSeek e Alibaba. Com isso, as ações da Baidu (Ticker: BIDU) apresentaram alta de +0,8% na semana, mas chegaram a subir +9,0% na negociação após o anúncio.

Tencent e PDD divulgaram seus resultados na semana: ambas apresentaram surpresa no lucro em um ambiente econômico ainda desafiador. Tencent superou as expectativas com um crescimento notável em sua receita de jogos, tanto no segmento doméstico quanto internacional, além de um crescimento substancial em sua divisão de AI. A PDD, por sua vez, enfrentou a concorrência acirrada de Alibaba e JD.com, mas, ainda assim, conseguiu surpreender positivamente no lucro, além de anunciar que já possui estratégias para enfrentar as tarifas americanas, o que é significativo para a companhia, uma vez que a maior parte do crescimento de sua subsidiária Temu é proveniente do mercado dos EUA. Na semana, a Tencent (Ticker: TCEHY) apresentou queda de -2,0%, enquanto as ações da PDD (Ticker: PDD) subiram +3,4%.

O governo chinês, por sua vez, reiterou seu compromisso com as metas de crescimento e anunciou um novo pacote de estímulos fiscais, dando continuidade às medidas iniciadas no final de setembro. O objetivo é impulsionar o consumo doméstico, principalmente por meio de aumento da renda e implementação de um programa de subsídios ao ensino infantil. A medida também visa diminuir a dependência do país das exportações, historicamente o principal motor de crescimento da economia chinesa. Ações como estas são vistas com otimismo pelo mercado, embora ainda seja difícil estimar a magnitude de seu impacto, em um contexto em que os dados mais recentes de atividade econômica indicaram que, embora o consumo tenha mostrado sinais de recuperação, o crescimento ainda é modesto.

4. Tesla: Companhia sofre com Recall e ataques

Desde que Elon Musk se aproximou de Donald Trump, ainda durante a campanha presidencial, as ações de Tesla têm enfrentado volatilidade mais pronunciada. Imediatamente após a vitória do partido republicano em um Red Sweep, as ações da companhia dispararam, na expectativa que a proximidade entre o CEO da Tesla e o presidente americano fossem ser benéficas para a empresa. No entanto, desde 20 de janeiro, data da posse de Trump, as ações Tesla acumulam queda de -41,7%.

Na última semana, a companhia tem estado no centro das atenções ao se deparar com uma série de novos desafios e polêmicas. A empresa tem sido alvo de uma onda de vandalismo, com vários ataques a suas lojas e veículos em várias partes dos EUA. As ações têm sido associadas a protestos contra a figura pública de Elon Musk, sua relação com o governo Trump e seu papel no DOGE, o departamento de eficiência governamental que tem realizado uma série de cortes de empregos e serviços federais. O FBI está investigando os ataques, e Musk reagiu, classificando os ataques como “terrorismo” e culpando organizações de esquerda por incitar as manifestações.

Já na quinta-feira (20), a Tesla anunciou um recall para quase todos os Cybertrucks fabricados entre novembro de 2023 e fevereiro de 2025, devido a um problema em um painel externo que pode se soltar enquanto o veículo está em movimento, aumentando o risco de acidentes. Esse recall afeta a grande maioria dos Cybertrucks nas ruas e se soma a uma lista crescente de problemas de qualidade relacionados ao modelo. Com o incidente, os analistas apontam que, apesar de pequeno impacto financeiro imediato, há um risco relevante para a reputação da marca.

Com os acontecimentos recentes, as ações da Tesla apresentaram uma queda de -0,5% na semana, enquanto a companhia segue sendo impactada pela crescente pressão dos concorrentes. Diante disso, o secretário de Comércio dos EUA e ex-CEO da Cantor Fitzgeral, Howard Lutnick, fez uma declaração polêmica, incentivando a compra de ações da Tesla, afirmando que elas estavam “baratas”, o que suscitou discussões acerca de uma potencial violação das regras de conflito de interesse para oficiais do governo americano. Além disso, o governador Tim Walz também entrou na polêmica, ironizando publicamente a queda das ações como um “alívio no meio do dia”. As ações da companhia têm apresentado muita volatilidade desde o ano passado, chegando a subir mais de 60% em 2024 e já tendo devolvido praticamente toda a alta em 2025.

5. Nvidia: Empresa anuncia entrada na corrida de Quantum Computing

A agora terceira companhia mais valiosa do mundo, Nvidia, promoveu o Quantum Day, evento para discutir computação quântica assim como o momento da empresa, estratégias, expectativas.

Jensen Huang, CEO da companhia, se retratou sobre alguns comentários feitos anteriormente, em que indicou que esperava que ainda levaria cerca de 20 anos para que computadores quânticos úteis se tornassem uma realidade. Durante o evento, Huang admitiu o erro e se comprometeu a apoiar o setor, destacando a importância da colaboração da Nvidia com empresas de computação quântica e universidades como Harvard e MIT. A companhia está investindo em um centro de pesquisa no tema em Boston, o que pode acelerar o desenvolvimento e trazer grandes inovações nesse campo.

Em relação às tarifas, o CEO comentou que, apesar de o governo Trump ter imposto novas restrições, o impacto imediato não será grande para a Nvidia. Ele ressaltou que a empresa tem buscado alternativas, como parcerias com a TSMC, para garantir a produção de chips nos EUA. Também foi mencionado que, embora a TSMC tenha discutido a possibilidade de comprar a Intel, a Nvidia não foi abordada para fazer parte de um consórcio nesse sentido. A Nvidia tem adotado estratégia de diversificação como uma forma de continuar a crescer no setor de inteligência artificial.

Huang também reforçou o compromisso da Nvidia com a fabricação nos EUA, anunciando que a empresa planeja investir centenas de bilhões de dólares ao longo dos próximos quatro anos para fortalecer sua produção no país. Essa decisão se alinha com a estratégia de garantir uma cadeia de suprimentos mais robusta e minimizar os efeitos das tarifas impostas por Trump, que afetam diretamente o mercado de semicondutores e componentes essenciais para suas tecnologias.

As incertezas sobre tarifas e demanda futura ainda deixam os investidores cautelosos, fazendo com que as ações da Nvidia caíssem -3,3% durante a semana. Apesar das promessas de crescimento no longo prazo, a reação do mercado também mostra que ainda existem dúvidas sobre o potencial de retorno de chips de computação quântica no curto/médio prazo.

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