1. Economia americana: Dados de emprego corroboram expectativa de corte de juros em dezembro - Mercado passa a precificar chance de 88% para um corte de 25 bps na próxima reunião
2. França: Voto de desconfiança derruba primeiro-ministro - Macron deixa claro que permanecerá no cargo e que nomeará um novo primeiro-ministro nos próximos dias
3. K-Drama: Rápida reação do parlamento sul-coreano derruba lei marcial - Presidente é forçado a recuar e pode ser removido de seu cargo
4. Vodafone: Fusão com Three criará maior operadora do Reino Unido - Órgão regulador aprovou a transação e impôs rigorosas condições
5. Bitcoin: Criptomoeda ultrapassa marca dos 100 mil dólares - Trump anuncia nomes vistos como positivos para a temática de criptomoedas
1. Economia americana: Dados de emprego corroboram expectativa de corte de juros em dezembro
Com a moderação da inflação americana, o mercado de trabalho assumiu o protagonismo entre os indicadores econômicos utilizados para a tomada de decisão de política monetária pelo Federal Reserve. Em setembro, o corte de 50 bps que deu início ao atual ciclo de afrouxamento monetário foi motivado pelo emprego, que vinha se normalizando de um estado bem aquecido, e temia-se que pudesse enfraquecer com o esfriamento da atividade econômica.
A pouco mais de uma semana da próxima reunião do comitê de política monetária, o FOMC, o payroll indicou que o mercado de trabalho segue forte, com criação de 227 mil empregos formais em novembro, levemente acima da expectativa (220 mil) e revisão para cima dos dois meses anteriores (+56 mil). Do lado contrário, a taxa de desemprego registrou uma leve alta, subindo de 4,05% em outubro para 4,15% em novembro (expectativa de 4,1%). O crescimento interanual dos salários seguiu próximo a 4%, acima do nível consistente com a convergência da inflação para a meta (estimado em 3% a 3,5%).
Ao longo da semana, o principal destaque entre os pronunciamentos de dirigentes do Fed foi a fala de Jerome Powell, presidente do banco central, que declarou que a economia americana está “indo bem” e que o comitê poderá ser mais cauteloso à medida que se aproximam da taxa neutra. Com os dados do payroll praticamente em linha com o esperado, o mercado continua esperando um corte de 25bps.
A curva de juros americana fechou em relação à semana anterior. A taxa de 10 anos caiu 2bps (de 4,17% para 4,15%), enquanto a taxa de 2 anos caiu 6bps (de 4,15% para 4.09%)
2. França: Voto de desconfiança derruba primeiro-ministro
Desde as eleições para o parlamento europeu que levaram o presidente francês Emmanuel Macron a dissolver o Congresso e convocar novas eleições, o risco político associado à França tem aumentado. As eleições atípicas elegeram um parlamento sem maioria, no qual a articulação política se torna peça imprescindível para governar. A escolha de Michel Barnier, um nome moderado e defensor do alinhamento europeu, foi vista como uma tentativa de agradar múltiplas frentes.
Nesse contexto, Barnier foi sujeito de um voto de desconfiança da parte de parlamentares dos extremos de esquerda e direita, o primeiro do tipo desde 1962. Barnier, que estava no cargo há apenas nove semanas, tentou aprovar um orçamento controverso, que incluía EUR 60 bi em cortes de gastos e aumentos de impostos.
Apesar das críticas e pedidos para que renuncie, Macron deixou claro que permanecerá no cargo até o término de seu mandato em 2027 e que planeja nomear um novo primeiro-ministro nos próximos dias. Até a aprovação de um novo orçamento sob um novo governo, o país seguirá operando sob o orçamento de 2024, conforme previsto na constituição. A nova liderança seguirá enfrentando o mesmo parlamento dividido. Para Macron, o desafio será equilibrar as demandas de um parlamento polarizado enquanto tenta salvar sua agenda política nos últimos dois anos de mandato.
O impacto do voto de desconfiança nos mercados foi imediato. As taxas de juros de 10 anos na França chegaram a ultrapassar as da Grécia em alguns momentos. Ao final da semana, o ETF EWQ, representativo das ações francesas, teve alta de +2,6%. Essa reação do mercado pode ser atribuída à realização das expectativas após sequência de 8 semanas consecutivas de queda, rápida reação de Macron e uso provisório do orçamento de 2024. A incerteza elevada em relação ao orçamento do país e a instabilidade política na segunda maior economia da União Europeia seguem sendo fatores de risco, e podem levar a região a passar por um período de volatilidade elevada.
3. K-Drama: Rápida reação do parlamento sul-coreano derruba lei marcial
Na noite de 3 de dezembro de 2024, o presidente Yoon Suk Yeol declarou lei marcial na Coreia do Sul e mobilizou tropas para bloquear a Assembleia Nacional. A lei marcial transfere poderes civis para as forças militares em situações de emergência e permite medidas severas, como censura à imprensa, proibição de manifestações e prisões sem mandado. Yoon justificou sua decisão como necessária para proteger a nação de “forças antinacionais”, e provocou reação imediata dos civis e dos congressistas, que apesar da entrada bloqueada, escalaram os muros da Assembleia Nacional e votaram unanimemente pela revogação da medida, forçando o presidente a recuar.
O caminho até esse colapso político já vinha sendo construído há meses. Desde sua eleição em 2022, Yoon enfrenta uma oposição que domina dois terços do parlamento. Escândalos envolvendo sua gestão, somados à queda de sua popularidade, criaram um cenário de tensões crescentes. O decreto de lei marcial foi visto como uma tentativa desesperada de manter o controle em meio a investigações que ameaçam sua administração.
Os mercados reagiram rapidamente ao aumento da incerteza política no país. O won sul-coreano atingiu seu nível mais baixo em dois anos, e teve o pior desempenho semanal entre moedas emergentes. O índice KOSPI 200 despencou -1,0%, com perdas em gigantes como Samsung (-0,2%) e Hyundai (-6,9%). O ETF EWY, que reflete o mercado sul-coreano em dólares, recuou -4,4% na semana. Especialistas alertam que a crise pode agravar o já conhecido “desconto coreano”: uma desvalorização crônica dos ativos locais devido à percepção de riscos políticos e geopolíticos elevados.
O futuro do país agora está sob uma nuvem de incerteza. Caso o presidente seja removido do cargo, o primeiro-ministro assumirá temporariamente, e eleições serão realizadas em até 60 dias. Este cenário parece o mais provável, uma vez que o congresso do país, inclusive o partido governista, sinalizam que irão votar em favor do impeachment e o ministro da defesa nega rumores de uma segunda imposição de lei marcial.
4. Vodafone: Fusão com Three criará maior operadora do Reino Unido
Na última quinta-feira, o regulador do Reino Unido deu sinal verde para a fusão de US$ 19 bi entre a Vodafone e a Three UK, que juntas formarão a maior operadora móvel do país com mais de 27 milhões de clientes. Apesar de preocupações iniciais com aumentos de preços e redução de concorrência, a Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) aprovou o acordo com rigorosas condições. Para seguir adiante, as empresas precisarão cumprir alguns compromissos legais.
Essa fusão, anunciada em junho de 2023, une duas empresas que enfrentavam desafios em um mercado saturado. A Vodafone, que viu suas ações caírem pela metade nos últimos 5 anos, buscava meios de revitalizar seu negócio. A Three, por outro lado, lidava com limitações financeiras que dificultavam investimentos em escala. A junção de forças das companhias tem como objetivo não apenas melhorar a conectividade, mas também criar uma operadora mais robusta para competir com gigantes como BT e Virgin Media O2, que já passaram por fusões parecidas na última década.
O contexto do mercado de telecomunicações no Reino Unido também foi um fator crucial. O país tem sido criticado pelo ritmo lento de expansão do 5G, especialmente em comparação com os EUA e a Ásia. A CMA reconheceu que a consolidação tem potencial de ampliar os investimentos e oferecer melhores serviços no longo prazo, ainda que a redução de quatro para três operadoras gerasse preocupação no âmbito concorrencial. Ainda assim, os analistas apontam que, em casos como este, melhorias na infraestrutura podem demorar anos para se concretizar.
O futuro dessa fusão ainda depende do cumprimento de compromissos firmados. Além do investimento de 11 milhões em infraestrutura ao longo de oito anos, as duas empresas prometeram proteger consumidores de aumentos repentinos em tarifas e oferecer condições justas para operadoras virtuais que dependem de suas redes. Depois do anúncio da aprovação, as ações da Vodafone subiram +2,2%.
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5. Bitcoin: Criptomoeda ultrapassa marca dos 100 mil dólares
A eleição de Donald Trump desencadeou uma onda de otimismo no mercado de criptomoedas, como mencionamos recentemente no Top 5 Temas Globais. No ano, o criptoativo foi impulsionado pelo fenômeno conhecido como halving e pela autorização de lançamento de ETFs de criptoativos, assim como pela expectativa de uma postura favorável do governo Trump em relação à temática.
Nesta quinta-feira, o Bitcoin atingiu o preço recorde de US$ 103.619, impulsionado pela nomeação de Paul Atkins para presidência da SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA). Ex-comissário da agência e veterano do setor financeiro, Atkins é conhecido por suas posições favoráveis às criptomoedas e críticas a regulações rígidas. Sua chegada marca uma virada drástica em relação à gestão de Gary Gensler, que vinha combatendo o avanço do mercado cripto. Para reforçar seu compromisso com a temática, Trump anunciou ao final da semana a criação de um comitê especial para IA e cripto que será liderado por David Sacks. Com as sinalizações dessa semana espera-se um ambiente regulatório mais amigável e previsível para o setor.
Em 2022, o preço do Bitcoin chegou a cair para menos de US$ 16 mil após o colapso da FTX. Desde então, a adoção do tema por investidores institucionais cresceu significativamente, impulsionada pela aprovação de ETFs como veículos de investimento e pela entrada de grandes players, como BlackRock e Fidelity. Este ano, cerca de 3% de toda a oferta de bitcoins foi adquirida por investidores institucionais, consolidando o ativo como uma peça-chave no mercado financeiro global.
Para o futuro, a trajetória do Bitcoin dependerá do novo ambiente regulatório que deve surgir, reflexo das políticas de Trump, que prometem transformar os EUA na “capital mundial das criptomoedas”. Ao final da semana, o Bitcoin acumulava alta anual de +4,1%, fechando em US$ 101,3 mil.
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