XP Expert

FIAgro: investindo olhando apenas dividend yield, um dos maiores erros que um investidor pode cometer

Estudo realizado com os FIAgros Listados e Cetipados em conjunto com o time da FG/A e João Rissi

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail

A grande novidade no mercado de investimentos, os FIAgros (fundo de investimento em cadeias agroindustriais) oferecem uma alternativa acessível de investir no setor que representa mais de 27% do PIB, o agronegócio. Com diversos atrativos, o veículo oferece também a oportunidade de começar a investir em cotas com apenas R$10 (dez reais), tendo como contrapartida o pagamento de dividendos e isenção de imposto de renda.

Popularizado, há cerca de 1 ano e meio, de acordo com o boletim mensal da B3 sobre os FIAgros, ao final de fevereiro de 2023, o número de investidores já atingiu cerca de 215 mil investidores totalizando R$ 7,6 bilhões em ativos listados. Nesta data, já eram 27 fundos listados que possibilitam diversas teses de investimento ao investidor.

No entanto, o veículo que “caiu nos braços da torcida” precisa ser analisado com cautela, assim como quaisquer investimentos, e para isso vamos explicar melhor sobre a dinâmica por trás dos dividendos distribuídos. A análise será baseada em: (i) dividendos distribuídos (ii) diferentes riscos de crédito e (iii) tipos de devedores.

Iniciando sob a ótica da distribuição de dividendos, os 10 FIAgros com maior volume de negociação, distribuíram em 2023 em média R$ 0,13/cota, o que equivale à CDI + 2,42% ao ano.

Fonte: Fundos.net

Os FIAgros têm a possibilidade de construir carteiras com diferentes classes de ativos, tais como: CRAs, direitos creditórios, imóveis, ações e participações em sociedades.  No entanto, atualmente a classe de ativo que é o alvo da maior parte dos FIAgros listados são os CRAs.

No que se refere a análise sob a ótica do risco da carteira, de forma ilustrativa elaboramos uma tabela de sensibilidade com o objetivo de mensurar qual a alocação necessária da carteira, para que possibilite determinadas distribuições, levando em consideração de custos de administração, de gestão e performance vis a vis a taxa de carrego tendo como premissas base o cenário de juros atual (CDI a 13,65%), um fundo com cota base R$ 10,00 e 21 dias úteis no mês.

Conforme podemos ver na sensibilidade, para distribuição mensal de um FIAgro de, por exemplo, R$ 0,14 cota considerando uma taxa de performance de 10% do que exceder o CDI é necessário que ele tenha uma carteira com carrego médio de 5,25%.

Antes de iniciar a diferenciação entre diferentes tipos de riscos, é importante saber que a classificação de risco reflete diretamente na remuneração do CRA para o investidor. Os papéis podem ser classificados como “high yield”  onde as dívidas são emitidas por empresas com uma menor classificação de risco e “high grade” são emitidas por empresas com uma classificação de risco mais alta.  Dessa forma, a precificação é dada pela relação risco versus retorno, na medida em que quanto maior o grau de risco de inadimplência e setorial, maior o custo da dívida.

Partindo da perspectiva de diferentes riscos e taxas de créditos, vamos olhar para a natureza do devedor em dois aspectos, sendo eles: (a) pessoa física e (b) pessoa jurídica. Conforme mostra a apresentação do Roberto Campos Neto, Diretor do Banco Central do Brasil, há uma notória diferença entre os spreads, e consequentemente entre os riscos de cada um. Com Pessoas Jurídicas pagando juros em patamares de 19,0% ao ano enquanto pessoas físicas pagam em torno de 34,1% ao ano. Vale ressaltar que na categoria pessoa física, as taxas praticadas podem variar de forma mais relevante de acordo com diversos fatores de risco em cada uma das operações, como: (i) prazo, (ii) destinação dos recursos (crédito pessoal, imóveis, veículos), (iii) garantias apresentadas, (iv) histórico e situação cadastral do devedor. Portanto, em relação às garantias, em grande maioria das vezes o patrimônio de pessoa física quando comparado com o de empresas apresentam significativa diferença, de forma que em um exemplo hipotético de inadimplência, o credor possui maior segurança no risco corporativo.

Fonte: Apresentação Roberto Campos Neto, “Cenário Econômico e Agenda” 23/11/2022, Banco Central do Brasil

Já dentro do universo de Empresas, ou seja, de Pessoas Jurídicas, também há algumas formas de classificar e identificar os diferentes riscos de crédito. A mais conhecida, são as classificações realizadas pelas grandes agências como S&P, Fitch e Moody’s. Contudo, é de se esperar que todas as instituições que participem do processo de concessão de crédito possuam a sua própria metodologia.

Fonte: Sistema Curvas de Crédito – ANBIMA – Março/23

Já dentro do universo de Empresas, ou seja, de Pessoas Jurídicas, também há algumas formas de classificar e identificar os diferentes riscos de crédito. A mais conhecida, são as classificações realizadas pelas grandes agências como S&P, Fitch e Moody’s. Contudo, é de se esperar que todas as instituições que participem do processo de concessão de crédito possuam a sua própria metodologia.

Como podemos observar, uma empresa com o melhor risco de crédito possível (AAA) paga atualmente em torno CDI + 1,50%. Quando olhamos para a diferença de taxas vis a vis o risco de crédito, podemos observar que um aumento de 0,58% já impacta em uma queda de 2 níveis na qualidade de crédito. Desta forma, é possível dimensionar a diferença da qualidade de crédito entre uma empresa que paga CDI + 1,50% e outra empresa que paga CDI + 6,00%, ou seja, um spread 4 vezes superior ao de melhor risco de crédito.

De forma adicional ao risco de crédito, o momento em que os juros básicos da economia se encontram em 13,75% ao ano, eleva muito o que chamamos de despesa financeiras, para todas as empresas, e consequentemente diminui de forma relevante a geração de fluxo de caixa livre final. Assim os setores com menores margens de lucro podem ter grandes impactos negativos, e passarem por maiores dificuldades quando deparados com taxas de juros elevadas.

Um equívoco que está se tornando frequente por parte dos investidores, é definir sua opção de investimento através de dividend yield sem ao menos entender os riscos envolvidos e suas diferenças entre cada tese dos investimentos de FIAgros.

É preciso saber identificar as melhores oportunidades levando em conta a tolerância a riscos que o investidor possui. Não há problema algum com os fundos focados em ativos “high yield”, há espaço para todas as teses de investimentos e há investidores com esse perfil. O investidor precisa se conscientizar da importância de entender as diferenças entre os riscos primeiro, em vez de tomar sua decisão partindo dos retornos esperados. O investimento olhando apenas dividend yield recente é um dos maiores erros que um investidor pode cometer. Por fim, é sempre importante, antes de realizar qualquer investimento, entender a tese de atuação de cada um dos gestores, e levar em consideração não só o retorno proporcional, mas também o risco. Outro aspecto que não pode ser deixado de lado na análise do risco são as garantias que determinada operação possui. Garantias de boa qualidade reduzem o risco de perda do capital, pois em caso de problemas mais sérios com a empresa devedora é possível que o gestor recupere os recursos investidos sem maiores dificuldades.

Por fim, gostaria de agradecer ao João Rissi e time da FG/A pelo material e artigo.

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este conteúdo tem propósito exclusivamente informativo e se baseia em dados estatísticos, metodologias probabilísticas, fatos concretos do mercado financeiro e em resultados financeiros apurados. Em nenhum momento, o conteúdo desta mensagem representa opiniões pessoais ou recomendações de investimento financeiro de qualquer natureza. Não se configuram, portanto, como ideias, opiniões, pensamentos ou qualquer forma de posicionamento por parte da XP Investimentos CCTVM S/A. É terminantemente proibida a utilização, acesso, cópia ou divulgação não autorizada das informações presentes neste conteúdo. O investimento em ações é um investimento de risco. Na realização de operações com derivativos existe a possibilidade de perdas superiores aos valores investidos, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Para avaliação da performance de um fundo de investimentos é recomendável a análise de, no mínimo, 12 (doze) meses. Leia o prospecto e o regulamento antes de investir. Todas as informações sobre os produtos, bem como o regulamento e o prospecto e regulamento aqui listados, podem ser obtidas com seu agente de investimentos, em nosso site na internet ou no site do referido gestor. Fundos de investimento não contam com garantia do administrador, do gestor, de qualquer mecanismo de seguro ou fundo garantidor – FGC. A taxa de administração máxima compreende a taxa de administração mínima e o percentual máximo que a política do FUNDO admite despender em razão das taxas de administração dos fundos de investimento investidos. Os fundos de ações e multimercados com renda variável /sem renda variável podem estar expostos a significativa concentração em ativos de poucos emissores, com os riscos daí decorrentes. Os fundos de crédito privado estão sujeitos a risco de perda substancial de seu patrimônio líquido em caso de eventos que acarretem o não pagamento dos ativos integrantes de sua carteira, inclusive por força de intervenção, liquidação, regime de administração temporária, falência, recuperação judicial ou extrajudicial dos emissores responsáveis pelos ativos do fundo. Os fundos de cotas aplicam em fundos de investimento que utilizam estratégias com derivativos como parte integrante de sua política de investimento. Tais estratégias, da forma como são adotadas, podem resultar em perdas patrimoniais para seus cotistas. Os fundos de renda fixa estão sujeitos a risco de perda substancial de seu patrimônio líquido em caso de eventos que acarretem o não pagamento dos ativos integrantes de sua carteira, inclusive por força de intervenção, liquidação, regime de administração temporária, falência, recuperação judicial ou extrajudicial dos emissores responsáveis pelos ativos do fundo. Para informações e dúvidas, favor contatar seu agente de investimentos. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura. As rentabilidades divulgadas não são líquidas de impostos e taxas de saída e performance. As informações publicadas não levam em consideração os objetivos de investimento, situação financeira ou necessidades específicas de qualquer investidor. Os investidores devem obter orientação financeira independente, com base em suas características pessoais, antes de tomar uma decisão de investimento. Caso os ativos, operações, fundos e/ou instrumentos financeiros sejam expressos em uma moeda que não a do investidor, qualquer alteração na taxa de câmbio pode impactar adversamente o preço, valor ou rentabilidade. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização dessa plataforma. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. Investimentos nos mercados financeiros e de capitais estão sujeitos a riscos de perda superior ao valor total do capital investido.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.