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No universo do mercado de crédito, como navegam os FIDCs?

Os gestores Daniel Pegorini (Valora Investimentos) e Ricardo Binelli (Solis Investimentos) trazem suas visões sobre esse mercado

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Entre os diversos mercados afetados pela crise, os ativos de crédito têm sofrido bastante e oscilado em níveis historicamente atípicos. Os efeitos são notáveis principalmente nas debêntures e letras financeiras, que compõem majoritariamente as carteiras dos fundos de crédito high grade. Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, – comumente chamados de FIDCs – por sua vez, têm tido um comportamento distinto no período da crise.

No último dia primeiro de abril, os gestores Daniel Pegorini e Ricardo Binelli tiveram a oportunidade de trazer suas avaliações e perspectivas para o mercado de FIDCs, em transmissão pelo canal da XP no Youtube. Confira a seguir a live realizada e abaixo um resumo dos principais pontos abordados pelos gestores, assim como um descritivo elaborado pelo time de Análise de Crédito da XP sobre o que são os FIDCs, suas principais características e riscos.

A visão dos gestores

Com início das atividades de gestora em 2008, a Valora Investimentos tem hoje mais de R$ 3 bilhões sob gestão, com foco em produtos estruturados, seja crédito ou imobiliário. Na plataforma da XP, o fundo Valora Guardian tem estratégia de investimento em FIDCs. O CEO e gestor Daniel Pegorini conta que já vivenciou diversas crises e, nesses períodos, é fundamental intensificar o monitoramento do portfólio, realizando-se conversas diárias com os gestores dos FIDCs e reavaliações dos créditos.

Durante a crise atual, o gestor tem priorizado a diversificação do portfólio, reduzindo a exposição a setores mais expostos aos efeitos da paralisação da economia. Segundo Pegorini, é esperado um movimento de aumento das inadimplências, em que as dívidas devem ser renegociadas ao longo do tempo, mas, nesse ambiente, os FIDCs em que investem estão preparados para suportar cenários prolongados de paralisação, sobretudo devido ao mecanismo de subordinação dos fundos – o Valora Guardian está investido em mais de 50 FIDCs, com subordinação média acima de 40%.

Fundada em 2016, a Solis Investimentos tem mais de R$ 4 bilhões sob gestão, com especialização em FIDCs. Na plataforma da XP, o Solis Capital Antares, assim como o Valora Guardian, é focado no investimento em FIDCs. O gestor Ricardo Binelli destaca a relevância dos FIDCs para a economia, que atuam como ferramenta de ajuste primário para o capital de giro de pequenas e médias empresas. Com o desenvolvimento dessa indústria, naturalmente surgem operações bem estruturadas e com remuneração atrativa entre os FIDCs.

Segundo Binelli, no período da crise, houve um aumento de pedidos de renegociação de prazos das dívidas, mas os gestores dos FIDCs tem sido cautelosos na originação de novos créditos. Com a possível extensão do período de paralisação da economia, os gestores podem taticamente aumentar o nível de caixa dos FIDCs, o que ajuda a proteger o fundo. O Solis Capital Antares está investido em mais de 55 FIDCs, com subordinação média acima de 50%.

As principais características dos FIDCs

O que são os FIDCs?

Os FIDCs são veículos de securitização, em que o fundo adquire recebíveis de uma empresa – chamada de “cedente” – e assume o risco de crédito destes ativos. Os FIDCs podem investir em uma grande variedade de ativos (recebíveis): empréstimos/financiamentos a pessoas físicas (financiamento de veículos, crédito consignado), contas de água/luz, faturas de cartão de crédito, empréstimos a empresas, duplicatas, entre outros.

O que são os FIDCs da categoria Multicedente Multissacado?

Os FIDCs Multicedente Multissacado (FIDCs MC MS) são especializados em adquirir duplicatas, que são títulos representativos de uma transação comercial, em que uma parte vende produtos/serviços e a outra parte se compromete a pagar dentro de um prazo, geralmente entre 30 e 60 dias. Os FIDCs MC MS antecipam o pagamento dessas duplicatas ao fornecedor (o “cedente”) e assumem o risco de crédito do cliente (o “sacado”). A antecipação é uma importante fonte de capital de giro para empresas de todos os portes – grandes empresas como Petrobras, Braskem e BRF têm plataformas estabelecidas para essas operações.

Geralmente, as duplicatas têm baixa representatividade em relação ao patrimônio líquido do fundo, garantindo uma elevada pulverização dos créditos (da ordem de 0,01% do PL), a ponto de ser possível tratar as perdas da carteira – resultantes de inadimplências – por um viés estatístico e não fundamentalista.

Como funciona o esquema de subordinação de um FIDC?

Apesar da pulverização das duplicatas, perdas de crédito são esperadas, especialmente quando se trata de cedentes e sacados de porte pequeno e médio, que são o público alvo da maioria dos FIDCs MC MS. Para proteger os investidores das perdas, os FIDCs dispõem de alguns mecanismos de reforço de crédito, sendo o mais comum deles a subordinação: o fundo emite diferentes classes de cotas, com níveis distintos de senioridade, em que os investidores externos adquirem cotas sêniores, com prioridade no pagamento, e o gestor/consultor de crédito fica com a cota subordinada, que é a primeira a ser impactada pelos atrasos/perdas da carteira de crédito.

Desse modo, quanto maior a subordinação, maior a segurança para os investidores. A subordinação cumpre ainda um papel de alinhamento de interesses do gestor com o resultado do fundo, uma vez que quanto menor a perda, maior será o seu ganho.

Quais são os riscos associados aos FIDCs Multicedente Multissacado?

Além de inadimplência da carteira de crédito, os FIDCs MC MS ainda apresentam outros riscos, entre os quais os principais são fraude na originação dos créditos e concentração excessiva em alguns cedentes ou sacados. A fraude pode ocorrer quando o gestor/consultor de crédito adquire créditos que não existem realmente, ou seja, não houve uma transação comercial, e que obviamente não serão pagos. Esse provavelmente é o maior risco de um FIDC MC MS, mas para os profissionais que vão adquirir esse tipo de ativo, é possível mitigar o risco a partir de uma análise diligente e monitoramento constante da carteira do FIDC.

O risco da concentração excessiva é de que a perda esperada da carteira de crédito deixe de ter a característica estatística, passando a depender mais de uma análise fundamentalista de algum cedente ou sacado, o que dificulta o trabalho dos gestores. Uma perda em volume elevado machucaria as cotas subordinadas e potencialmente as cotas seniores.

Para se proteger desses riscos, o investidor deve sempre buscar gestores reconhecidos, com longa experiência na concessão desse tipo de crédito, e, principalmente, que mantenham a disciplina na alocação da carteira, com a pulverização dos créditos e a diversificação dos setores e regiões onde opera. Para os gestores, é importante também acompanhar de perto o desempenho da carteira, observando indicadores como o índice de liquidez (pagamentos em dia), recompras (substituição de créditos), volume de créditos em atraso e renegociações.

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