No 13º episódio da série Mundos e Fundos, recebemos Marcos Peixoto, da XP Asset. Ele é o gestor do XP Long Biased 30 FIC FIM.
Porque subir a bordo: O XP Long Biased FIC FIM é um fundo da XP Asset e conta com um time experiente e especializado. Iniciou em 14 de outubro de 2013 e tem apresentado um retorno acumulado bem acima do CDI e do Ibovespa (mesmo com uma volatilidade menor). Com foco em ativos locais, o fundo investe principalmente nos mercados de Ações Brasil, podendo investir também, em menor proporção, nos mercados de Ações Internacional.
Check in: Marcos Peixoto é formado em Engenharia de Produção pela UFRJ e iniciou sua carreira no mercado financeiro no Banco BBM em 2001 como estagiário do BackOffice. Em 2003 teve a oportunidade de entrar na mesa de análise de ações na tesouraria do BBM, onde foi analista e depois co-gestor. Desde então trabalha no mundo de ações.
Em 2007 ingressou na Itaú Asset para ser responsável pela parte de Renda Variável dos fundos Multimercados, onde permaneceu durante seis anos.
Os caminhos dele e da XP se cruzaram quando ele querendo voltar ao Rio de Janeiro e em busca de novos desafios, ingressou na empresa no início de 2013 para ser o responsável por toda a área de Renda Variável da Asset.
Nessa época a XP era uma empresa mais conhecida como uma corretora, com pouca relevância na gestão de fundos. A proposta dava a Marcos uma liberdade parecida com uma gestora independente (com ele sendo sócio do fundo e recebendo bônus de acordo com sua performance), mas com a vantagem de uma grande empresa por trás o auxiliando e fornecendo recursos para a melhor realização do trabalho.
Visita à cabine – O time de gestão do XP Long Biased FIC FIM conta com 14 pessoas (o gestor, dois traders e 11 analistas).
Enquanto cada analista é responsável e especialista em um setor, Marcos observa todos os setores de uma forma mais generalista para ter o melhor e mais equilibrado portfólio.
Fundos Long Biased consistem em uma modalidade de fundos de ações. Além de poder ganhar com as posições compradas, também podem ter ganhos com a queda dos preços dos papeis.
O net líquido (parcela comprada menos parcela que está vendida) para esse tipo de estratégia varia de acordo com o momento do mercado. No caso do XP Long Biased o net líquido médio histórico é cerca de 70%, chegando até a 100% em momentos otimistas.
Com isso o gestor tem uma liberdade maior para definir o portfólio, buscando em momentos positivos da bolsa ter um retorno maior que o Ibovespa e em momentos negativos ter um retorno maior que o CDI.
Desde o início do fundo as escolhas de Marcos para a parte comprada do XP Long Bias FIC FIM originam-se de alocações do XP Investor FIA, enquanto as posições de valor relativo (Long Short) são derivadas do XP Long Short, fazendo com que haja uma convergência de ideias entre as diferentes estratégias de fundos de ações da XP Asset.
O fundo também conta com derivativos em seu portfólio (tanto para proteção quanto para alavancagem).
Melhores voos – Há alguns anos o XP Long Biased FIC FIM conta com ações da Qualicorp (QUAL3) em seu portfólio, variando entre períodos com maior ou menor posição. O mercado apresentava muita desconfiança com a seguradora devido a problemas de governança, como o possível envolvimento em casos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato.
No final de 2018 a empresa estava em um período de melhora operacional e com isso a gestora vinha aumentando sua posição. Entretanto, quando o ex-controlador da empresa pagou a si mesmo um bônus milionário, as ações da Qualicorp caíram cerca de 30%. Nesse momento Marcos e seu time tomaram a difícil decisão, contrariando o mercado, de aumentar ainda mais sua posição. Além disso, a gestora que já controlava cerca de 10% da companhia exerceu pressões sobre o conselho da empresa (na época noticiadas na imprensa) e na reversão de algumas medidas (como o ex-controlador tendo que comprar mais ações) e em uma melhora operacional relevante da seguradora.
Cerca de seis meses depois Marcos e seu time foram recompensados com um aumento de mais de 100% do preço das ações, sendo uma das principais posições em 2019.
Pouso forçado – Um evento relevante de governança ruim, parecido com o da Qualicorp, mas que não teve um bom resultado foi com a Smiles há cerca de três anos. Diferente do caso da Qualicorp, Marcos e seu time decidiram vender suas ações da administradora de programas de milhagem por considerar que essa era uma posição perdida.
A trajetória do fundo passa por diversos pousos forçados e bons voos. Entretanto os bons resultados do fundo vêm de ganhos relevantes em acertos e perdas controladas nos erros.
Há até exemplos de acertos e erros na mesma posição, como na Via Varejo.
Em 2019, ao acreditar em uma mudança de gestão da companhia Marcos e seu time obtiveram um bom ganho para o fundo (compraram as ações por aproximadamente R$4 e elas chegaram a valer R$15). Entretanto, por terem uma posição muito grande em uma empresa que era de certa forma arriscada, tiverem de fazer um pouso forçado durante a pandemia, optando por reduzir a posição da varejista no portfólio, quando as ações voltaram a valer R$4.
Veja também: Mundos e Fundos com Paolo Di Sora, da RPS Capital.
Voos futuros – O gestor vê o movimento de aumento das taxas de juros nos países desenvolvidos como resultado de uma reabertura atrelada a um forte crescimento econômico e não como um aumento efetivo da inflação. Com isso considera um bom momento para a renda variável internacional.
No âmbito nacional Marcos também tem uma visão otimista em relação a renda variável.
No Brasil, historicamente, os preços das commodities e o valor do câmbio costumam ser correlacionados. Entretanto, agora, enquanto as commodities estão em alta o Real apresenta uma relevante depreciação. Isso fez com que as empresas dependentes dos preços das commodities (cerca de 30% do Ibovespa) tivessem um bom resultado e sustentassem o resultado do índice. Já as outras empresas estão, de forma geral, com o valor descontado, fazendo com que os indicadores de lucro das ações que compõe o Ibovespa estejam sendo negociados abaixo ou na média histórica.
No ponto de vista político, apesar das próximas eleições terem sido pautadas recentemente depois da possibilidade de o ex-presidente Lula ser candidato, em 2022, o gestor acredita que isso não terá tanto impacto no mercado nesse ano.
Já no fiscal, para Marcos, a aprovação da PEC Emergencial foi fundamental e ele acredita que as possíveis reformas (tributária e administrativa) terão pouco impacto no otimismo do mercado.
Em relação a pandemia, o gestor acredita que mesmo o país estando em seu pior momento, a tendência é que com o aumento da vacinação nos próximos meses e com a diminuição do número de óbitos e internações, a economia volte a reabrir e tenhamos um segundo semestre positivo.
Pousa ou não pousa:
Eletrobras – Marcos pousa no ativo. Das estatais brasileiras (federais e estaduais) é a única em seu portfólio.
A Eletrobras faz atualmente geração e distribuição de energia. As ações da estatal entraram no XP Long Biased FIC FIM durante a pandemia, após uma relevante desvalorização, por Marcos e seu time acreditarem que essa era uma ação defensiva durante o período de crise por não perder arrecadação frente as medidas restritivas.
Apesar da privatização da Eletrobras ser fundamental para a confiança do mercado no longo prazo da empresa (acabaria a desconfiança de possíveis interferências de governos em sua gestão), o gestor não considera esse fato determinante para sua alocação pois acredita nos fundamentos da estatal.
Bancos – O gestor não pousa nesses ativos. O último banco em seu portfólio foi o Banco do Brasil, que teve sua posição zerada no início do presente mês.
No ano passado um dos setores com perdas mais relevantes no fundo durante a crise foi o setor de bancos. Apesar dos bancos terem devolvido parte dessa queda no fim do ano 2020, atualmente há um alinhamento entre as teses do mercado e da gestora para o setor e com isso Marcos não acredita que este seja um bom investimento atualmente.
Commodities – O gestor pousa nesse setor com exposição a diversos ativos: celulose na Suzano, mineração na Vale e siderurgia na Usiminas e CSN. Apesar de haver alguma correlação entre alguns tipos de commodities, para o gestor as teses de cada uma dessas empresas são individuais.
Para ele um dos principais motivos pelo bom momento dessas empresas é a alta na demanda sem a perspectiva de novas ofertas.
Com isso o preço das commodities está subindo, como no exemplo do Aço que só em 2021 subiu cerca de 30%.
Magazine Luiza – apesar do gestor considerar que a empresa tem uma excelente gestão e reconhecer o erro ao não ter o ativo em seu portfólio durante a forte alta dos últimos anos, ele não pousa.
Boa parte do bom desempenho da Magalu nos últimos anos se deu pela venda de eletrodomésticos e para Marcos as empresas que trazem os melhores resultados nesse setor são as que conseguem realizar vendas de ticket médio menor, como o Mercado Livre e a Amazon (no exterior).
Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!