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Utilizando ciclos econômicos como ferramenta de diversificação

Confira o resumo do painel sobre ciclos econômicos e a construção do portfólio de investimentos com Fernando Ulrich, da Liberta Investimentos, e Andressa Castro, do BNP Paribas Asset Management

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Neste painel, o economista da XP, Rodolfo Margato, conduziu uma conversa com Fernando Ulrich, head de Educação na Liberta Investimentos, e Andressa Castro, economista-chefe do BNP Paribas Asset Management, sobre a importância dos ciclos econômicos na formação de um portfólio diversificado.

Rodolfo introduz o tema perguntando aos convidados:

Em qual estágio do ciclo econômico global estamos?

Andressa: Estamos passando por processo de pouso suave (ou soft landing), com inflação melhorando pela normalização das cadeias de oferta e queda de commodities, enquanto atividade desacelera mas não a ponto de entrarmos em recessão. Daqui para a frente, bancos centrais devem manter os juros em patamares altos por algum tempo para garantir que levarão inflação para a meta. Em países desenvolvidos, vemos uma inversão na curva de juros, mas primeiro corte deve ocorrer somente em alguns meses. Com tudo isso, visão de cenário é benigna para ativos de risco.

Fernando: Estamos no estágio do ciclo em que é difícil ter certezas, com muitas economias passando por um esgotamento ao fim do ciclo de expansão. Olhando pra Europa, BCE deve continuar subindo juros dado cenário ainda desafiador com inflação resiliente. Na China, banco central está fazendo estímulos à economia, mas efeito por enquanto é limitado. Já nos EUA, a leitura de diversos indicadores ainda não dá a certeza de um pouso suave, e continuo vendo como cenário-base uma possível recessão — números ainda mostram performances que costumam ocorrer em períodos de recessão. Não significa que, caso tenhamos uma recessão, isso vai ser uma catástrofe, mas vai limpar os excessos da economia para retomar o crescimento.

Será que os ciclos de afrouxamento e apertos monetários vão ter os efeitos esperados? Esse efeito vai ocorrer em bloco ou de forma heterogênea?

Andressa: Por enquanto, dados nos EUA mostram que estamos caminhando para o pouso suave, com riqueza das famílias no maior nível da história e grande estoque de poupança. Mas é possível que o “atraso” de política monetária cause uma recessão no ano que vem. Olhando para a Europa, região passa por um momento muito difícil na economia, principalmente em pesquisas de confiança, que estão apontando para território de recessão, mas que não deve ser recessão profunda. Na China, a situação da economia deve depender da quantidade de estímulos.

Fernando: No caso da economia americana, temos indicadores compatíveis com recessões anteriores. Mercado de trabalho (que atualmente tem números fortes) costuma ser um indicador atrasado — na crise do subprime, por exemplo, ele só começou a deteriorar no final de 2008. Não imaginava que o Fed subiria a taxa de juros americana com essa intensidade e nessa magnitude pelos seguintes efeitos negativos: 1) o alto custo de juros na economia 2) a “quebradeira” bancária e 3) os prejuízos do balanço. Apesar destes efeitos, o Fed está mantendo juros altos frente à inflação. Há muitos anos não víamos juros nesses patamares nos EUA, o que reforça a atratividade da renda fixa.

As principais variáveis macro sustentam um cenário de recuperação para os ativos de risco nos próximos meses no Brasil?

Fernando: Ativos brasieiros, que estavam descontados, passaram por uma reprecificação recente à medida que o cenário fiscal doméstico ficou mais claro. Para não frustrar ciclo de corte de juros, o governo vai precisar fazer algumas medidas de correção de rota no fiscal daqui para a frente. Com Fed mantendo juros altos, fica mais difícil para outros bancos centrais reduzirem muito as taxas locais (e consequentemente, seu diferencial de juros).

Andressa: Cenário fiscal pode sim impactar no andamento do ciclo de cortes de juros, mas Banco Central tem espaço para acelerar passo de cortes na Selic depois da próxima reunião, encerrando 2024 com juros em 8,5%. O fiscal traz risco, e governo vai ter que se esforçar para cumprir meta fiscal e não gerar um choque na perspectiva de convergência da inflação daqui para a frente.

Falando de investimentos, quais classes de ativos trazem atualmente as maiores oportunidades? Suas preferências em termos de alocação mudaram bastante desde o começo de 2023?

Andressa: Olhando para médio a longo prazo, a melhor relação de risco e retorno está nas NTN-Bs mais curtas, que têm como referência o IMA-B 5 e ficam mais atrativas com risco fiscal no horizonte. Também gostamos de ativos de crédito, indexados ao CDI, principalmente com os spreads ficando mais atrativos ao longo desse ano. Contudo, estamos menos alocados em pré-fixados. Em renda variável, olhamos 3 pilares: 1) cenário macro, para o qual estamos positivos, 2) valuation, em que vemos perspectiva de redução do custo de oportunidade e 3) os posicionamentos de pessoas físicas e investidores institucionais ainda estão leves, então esse fluxo deve ir para a bolsa eventualmente. Momento também é de aumentar alocação em ativos no exterior, que ficam mais atrativos com alta de juros e dólar mais fraco.

Fernando: Para o Brasil, estou mantendo a alocação e evitando crédito privado. Com início de ciclo de cortes na Selic, pré-fixados ficam cada vez menos atrativos. Concordo com a visão da Andressa sobre NTN-Bs e também prefiro as mais curtas, mas crédito privado não é tão atrativo por ter pouca liquidez no mercado secundário. Momento é bom para dolarização de patrimônio, com dólar abaixo de R$ 5 mantendo a janela de oportunidade para dolarizar investimentos aberta por mais tempo. Embora evite treasuries por entender que tesouro americano está gastando muito, ainda vê boas oportunidades em empresas com balanço sólido e que passem bem por momentos de maior restrição na economia. Outra alocação importante para mim é o Bitcoin, dado este cenário macro complexo em diversos países, mas é um investimento para perfis específicos.

Há razões estruturais estruturais para investir no Brasil?

Fernando: a alocação no Brasil é sempre mais tática, assim como em outros emergentes. Temos janelas de oportunidade e, algum tempo depois, momentos de saída.

Andressa: Por um viés estrutural, sou mais positiva. Acho que o Brasil vai bem em relação aos outros emergentes, está aprovando reformas importantes, que devem ajudar no crescimento, e tem uma posição relevante na produção de energias renováveis. Daqui para a frente, a aprovação de reformas como a administrativa ajudariam a perspectiva fiscal.

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