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Transparência na divulgação de dados e a agenda ESG

Em painel durante a Expert 2021, o professor George Serafim descreveu alguns desafios da agenda ESG

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Para explorar as ações realizadas por diferentes organizações ao redor do globo a fim de gerar vantagem competitiva e transformação a partir dos fatores ESG, tivemos a presença do professor George Serafaim no painel mediado pela Head de Sustainables Wealth, Marina Cançado, e o gerente ESG, Wesley Miquelino, ambos da XP.

George Serafeim é professor de Administração de Empresas e Presidente do Corpo Docente do Projeto de Contas Ponderadas pelo Impacto na Harvard Business School. Ele ministrou cursos de MBA, educação executiva, programas de doutorado e apresentou suas pesquisas em mais de 60 países ao redor do mundo.

George Serafeim

“Precisamos redefinir o que definimos como lucro”, diz George

Logo no início da conversa, George explica que, 10 anos atrás, sua ideia sobre ESG e negócios sustentáveis era completamente diferente do que ele entende hoje. Após anos de estudos e pesquisas, os aprendizados são diversos e estão apenas no começo. Quando se trata dos fatores ESG, existe uma longa jornada a ser percorrida.

Para abordar a relação entre criação de valor, sustentabilidade e performance de um negócio, o professor inicia a conversa contando como vê o mercado atual: as empresas, no geral, estão entendendo quais são os pontos materiais a serem endereçados em suas respectivas indústrias, uma vez que os mesmos diferem de setor para setor. Mas uma coisa é certa, “empresas que estão atualmente performando bem, selecionaram bem a sua materialidade”, ele diz. Uma vez tendo isso definido e claro, tais companhias se colocam à frente de seus pares, tomando medidas difíceis de serem alcançadas por aqueles que ainda estão um passo atrás.

A cultura da companhia também precisa estar alinhada entre os colaboradores a fim de gerar valor. Desenvolver um ambiente onde as pessoas não sejam deixadas para trás, mas se envolvem no processo, é crucial.

Os desafios nessa agenda são muitos, mas George elenca três principais:

George Serafeim

Esta é a década em que o impacto social será tão transparente quanto as divulgações de performance financeira.

(i) Por se tratar de um tema relativamente recente, as empresas estão aprendendo quais são os principais fatores que precisam ser endereçados, como podem ser mitigados e em que momento da trajetória do negócio. O conhecimento é muito importante;

(ii) Desenvolver diferentes capacidades dentro da organização, uma vez que a agenda é abrangente;

(iii) Promoção de incentivos à aderência à agenda ESG (algumas empresas optam pelo incentivo financeiro, inclusive).  

Adicionalmente, o professor evidencia um grande problema enfrentado globalmente pelas empresas no que diz respeito à busca pela sustentabilidade nos negócios: a falta de capacidade de mensurar o impacto das companhias que, por sua vez, interfere na disponibilização de dados de maneira transparente aos investidores. “Quanto mais a gente consegue medir, maior o benefício da iniciativa”, ele diz.

Empresas que (i) mensuram o impacto de suas iniciativas e (ii) são transparentes com o mercado, dão aos seus clientes capacidade de escolha com relação ao que querem consumir e, aos seus investidores, novas possibilidades de alocação. Este é um movimento que precisa ser global e, apesar de todas as dificuldades, George acredita que “esta é a década em que o impacto social será tão transparente quanto as divulgações de performance financeira.”

Em um estudo publicado por George, ele constatou que a valorização de mercado das companhias com as melhores performances ESG aumentou com o tempo com relação aos seus pares. O mercado não é o mesmo de dez anos atrás. Hoje, os investidores reconhecem os esforços ESG como algo positivo, inclusive em termos de retorno financeiro. Agora, existem muitos desentendimentos com relação à mensuração da performance ESG dentre os provedores de dados. E ainda mais desentendimentos com relação às métricas utilizadas para a medição dos dados (ou, em outras palavras, do impacto da companhia).  Ter as métricas ESG consistentes faz toda a diferença em termos de credibilidade para o investidor e capacidade de geração de valor da empresa.

Um movimento que veremos mais e mais é o envolvimento ativo dos investidores na demanda por melhor qualidade de dados. Esta é uma jornada, e nós estamos apenas no começo.  

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