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Riscos de mercado e incentivo fiscal: novas estruturas na renda fixa

Painel da Expert XP 2025 abordou os impactos da política monetária global, o papel dos incentivos fiscais e o amadurecimento das estruturas de crédito e infraestrutura no país

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O painel sobre “Riscos de Mercado e Incentivo Fiscal” da Expert XP reuniu três importantes nomes da indústria financeira para discutir o momento atual da renda fixa no Brasil e no exterior. Com mediação de Luiz Felippo, da XP, o debate contou com as análises de Petrônio Cançado, da Occam, e Frederico Catalan, da Opportunity, que abordaram desde os impactos da política monetária global até o papel dos incentivos fiscais e o amadurecimento das estruturas de crédito e infraestrutura no país.

Diversificação e leitura global: a visão da Opportunity

Catalan abriu destacando o diferencial da estratégia de juros globais adotada pelo Opportunity, que busca diversificar o portfólio em diferentes geografias. Segundo ele, o fundo tem liberdade para operar onde houver melhores oportunidades — seja nos Estados Unidos, México, Suécia ou África do Sul — aplicando o mesmo tipo de análise macroeconômica que é feita no Brasil.

Catalan explicou que o mandato da casa é operar ciclos de política monetária global, analisando onde os bancos centrais deveriam estar colocando suas taxas de juros. Essa abordagem permite capturar assimetrias entre países, mesmo em cenários correlacionados.

“Você pode ter histórias distintas, como a do Canadá e da Suécia, em que o impacto da alta dos juros foi muito mais forte no consumo das famílias por causa do tipo de financiamento imobiliário local”, explicou.

Complementaridade entre crédito e macro: a estratégia da Occam

Cançado trouxe uma perspectiva mais voltada a crédito privado e infraestrutura. Para ele, o diferencial está em integrar a análise micro das empresas à leitura macro do cenário de juros, inflação e atividade.

“O cenário macro influencia diretamente os setores que vão performar melhor e o risco das companhias. Quando as visões convergem — a empresa está bem do ponto de vista fundamentalista e o cenário favorece —, você tem uma convicção dupla”, explicou.

Cançado também defendeu que o crédito privado é uma das poucas classes de ativos que consistentemente supera o CDI, mesmo em diferentes fases de mercado. Contudo, alertou que não se trata de uma relação linear entre juros e spreads de crédito: “Existe alguma proporcionalidade, mas não é um para um. A abertura ou fechamento de spreads envolve também percepção de risco, fluxo e alternativas do investidor.”

O impacto dos incentivos fiscais na precificação

Um dos pontos centrais da discussão foi o impacto dos benefícios fiscais nos ativos de renda fixa, especialmente os papéis incentivados de infraestrutura. Segundo os gestores, o retorno real desses papéis é reforçado pela isenção de Imposto de Renda (IR), o que reduz a exigência de prêmio de risco.

“Quanto maior o juro nominal, maior o benefício da isenção. Com o CDI em 13,65%, por exemplo, um papel incentivado que paga 100% do CDI equivale a mais de 117% do CDI de um papel tributado”, explicou Cançado. Ele também destacou que, com a mudança de regra prevista para 2025, a janela de oportunidades para adquirir papéis ainda isentos pode acelerar o fluxo de novos investimentos até o fim de 2024.

Juros, eleições e assimetrias no Brasil

Catalan destacou que o Brasil vive hoje um dos ciclos mais restritivos de política monetária entre os emergentes. Apesar do juro alto, há sinais de desaceleração da atividade e inflação mais controlada, o que abriria espaço para um ciclo de corte de juros a partir de 2025. “A dúvida é o timing. O Copom sinalizou uma pausa prolongada, mas os dados de crédito e atividade estão convergindo”, avaliou.

O cenário eleitoral também entra na equação. Um eventual candidato de centro, com compromisso fiscal, poderia provocar uma reprecificação relevante de ativos brasileiros, criando uma “simetria positiva” no radar dos gestores. “Se esse arranjo político se confirmar, poderíamos ver um ciclo de queda de juros mais forte do que o atual cenário precifica”, disse Catalan.

Gestão de crédito em tempos incertos: separar o joio do trigo

Ao comentar sobre como separar boas oportunidades de riscos excessivos em crédito privado, Cançado usou uma analogia bíblica: “Só é possível distinguir o joio do trigo depois que a planta cresce. No início, parecem iguais. Por isso, é preciso paciência e foco em empresas maiores, com balanços robustos.”

Ele defendeu o uso de estruturas como FIDCs e CRIs subordinados para proteger o investidor de varejo e distribuir melhor os riscos.

“O investidor pessoa física deve buscar estruturas com colaterais sólidos ou investir via fundos que possam fazer hedge e lidar com a volatilidade de forma profissional”, afirmou.

Tributação e desafios de mercado

No encerramento, os palestrantes debateram os efeitos da tributação sobre papéis incentivados. Cançado reforçou que, mesmo com a perda da isenção integral, o benefício fiscal continuará relevante em 2025. Já Catalan alertou para o risco escondido em papéis longos atrelados à inflação (NTN-Bs ou papéis de infraestrutura com duration elevada): “Com uma pequena abertura de 50 bps na curva de juros reais, esses ativos podem cair 2,5%. Para um investidor não acostumado com essa volatilidade, isso pode assustar e gerar resgates.”

Conclusão: cautela e simetria em um mercado em transição

A palestra terminou com a visão de que o mercado de renda fixa vive um momento de transição: juros ainda elevados, perspectivas fiscais incertas e uma mudança estrutural nos produtos oferecidos aos investidores. Apesar dos desafios, os gestores enxergam oportunidades — especialmente para quem souber combinar prudência, flexibilidade e leitura macro com gestão ativa e seletiva.

“O crédito é um bom pagador. O desafio não é buscar o maior retorno, mas evitar os problemas. E isso exige estrutura, análise e, principalmente, disciplina”, concluiu Cançado.

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