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Especialistas abordam a evolução do spread de crédito e oportunidades em Renda Fixa

Camilla Dolle, analista de Renda Fixa da XP, Fausto Filho, gestor de Renda Fixa e Crédito Estruturado na XP Asset Management, e Eric Vieira, co-gestor de Renda Fixa da XP Asset Management.

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Em painel realizado na manhã desta quinta-feira (16) dentro da programação da Expert XP 2020, especialistas em renda fixa debateram sobre a evolução do spread de crédito (a diferença entre a taxa de juros cobrada aos tomadores de crédito e a taxa de juros paga aos depositantes pelos bancos).

Camilla Dolle, analista de Renda Fixa da XP, conduziu a conversa com o gestor de Renda Fixa e Crédito Estruturado na XP Asset Management, Fausto Filho, e Eric Vieira, co-gestor de Renda Fixa da XP Asset Management.

Confira os principais destaques:

O que é o spread de crédito e o que o influencia

Camilla Dolle, analista de Renda Fixa da XP

Spread é um prêmio que o investidor vai receber pelo risco que ele está correndo. E ultimamente temos visto muitas movimentações no spread.

Fausto Filho, gestor de Renda Fixa e Crédito Estruturado na XP Asset Management

Realmente esse é um tema super importante que vamos ouvir muito. Os movimentos recentes realmente chamaram a atenção.

O que compõem esse spread? O risco do emissor de pagar, que precisamos analisar sempre. Segundo, são as taxas de juros praticadas no mercado – no Brasil, a taxa Selic. Quando ela está alta, os spreads são maiores. E o terceiro é mais difícil de mensurar, que é o chamado prêmio de risco, muito influenciado pelo ciclo econômico e certeza e incerteza que a economia está trazendo.

O que vimos a partir de março foi uma maluquice nos spreads e muitas oportunidades apareceram e ainda existem.

Eric Vieira, co-gestor de Renda Fixa da XP Asset Management

Temos alguns tipos de ativos no mercado de renda fixa. Debêntures, por exemplo, tem remuneração atrelada a CDI mais o spread. Uma letra financeira que pague 120% do CDI, esses 20% é o spread. E ainda existem as debêntures incentivadas.

Os impactos da pandemia

Fausto Filho, gestor de Renda Fixa e Crédito Estruturado na XP Asset Management

Há fatores preponderantes, que são as questões de mercado, de momento, de oferta e demanda. Durante muito tempo os fundos de crédito ficaram escondidos nos privates dos bancos, não era muito democratizado.

Conforme a economia foi evoluindo, com um caminho mais normal para a taxa Selic, esses fundos foram mais acessados por mais investidores. A partir de 2016 entramos num ciclo de queda mais acentuada da Selic, ensejando mais tomada de risco pelos investidores.

E isso tudo teve impacto nos spreads. No ano passado, algumas emissões que estavam com os spreads muito baixos e não representava o risco de crédito daquele emissor, tiveram uma readequação. Houve queda nos preços.

Já em março, com a pandemia, foi um movimento irracional dos investidores. E que foi fruto de um mercado ainda formação no Brasil. Muitos investidores saíram dos fundos e venderam seus papéis, retroalimentando o movimento de queda dos preços.

Houve muito pânico por parte dos investidores, e nós tentamos acalmar a todos. Sempre lembrando que já havíamos amargado uma recessão de 3, 4 anos seguidos. Com taxa Selic de 14% ao ano. E inflação alta. Agora, por mais que a incerteza exista, é um período mais curto e uma taxa de juros baixa.

Eric Vieira, co-gestor de Renda Fixa da XP Asset Management

Incerteza é um fator preponderante para essa situação. As pessoas não sabiam como a economia iriam se comportar, e à medida em que o governo e o Banco Central foram tomando medidas fiscais e monetárias, a gente conseguiu montar um cenário menos pessimista do que o do auge de março.

Observamos que desde a segunda quinzena de abril esses spreads se normalizaram e baixaram. Ainda vemos, apesar disso, que frente ao ano passado ainda está muito algo.

É um momento muito propício para ter essa classe de ativo.

E o segundo ponto é a liquidez. Podemos observar que ao longo desses meses a gente vê que ao longo de março e abril, o volume diário de negócios em debêntures dobrou. E a partir de maio, quando existe uma estabilidade, a gente percebe que cessa a venda de ativos e novos compradores indo ao mercado de crédito.

Percentual do CDI

Fausto Filho, gestor de Renda Fixa e Crédito Estruturado na XP Asset Management

Chegamos a comentar com o BC de que os spreads praticados no mercado secundário estavam sendo ruins para todos, tornando a política monetária “contracionista”.

O que percebemos é que o mercado primário começou a exigir mais prêmios, e isso representa melhores oportunidades.

Hoje a gente entende que, por mais que a pandemia tenha sido ruim, no ponto dos spreads o mercado trouxe uma certa regulação, sem comprar por percentual dos CDIs e tornando mais atraentes.

Oportunidades

Eric Vieira, co-gestor de Renda Fixa da XP Asset Management

Temos uma curva de juros muito inclinada nesse momento. De fato achamos que o juros não vai voltar mais para dois dígitos, mas também não ficar no patamar atual por um tão longo período.

Esse fator do spread de crédito ter aumentado compensou o fechamento dos juros. Dá um colchão e aumenta a rentabilidade nesse período mais curto. E na nossa gestão sempre tivemos uma duration mais curta do que a do mercado em média.

Sempre optamos por ficar mais curtos para proteger a carteira. Hoje, num cenário oposto e com um patamar de juros baixo, faz sentido alongar a duration do portfólio.

Somos muito fãs de debêntures incentivadas. É possível já pegar a inclinação da curva de juros.

Fausto Filho, gestor de Renda Fixa e Crédito Estruturado na XP Asset Management

Setores mais cíclicos são de maior incerteza. Talvez a gente deve evitar e ter posições menores. E reiterar a renda fixa. Ela não é CDI, é muito ampla. Falamos de estratégia aqui, pois tem muita opção. A boa composição do seu portfolio tem a ver com o quanto de risco você quer tomar.

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