Expert XP 2025: o impacto geopolítico nas commodities

O impacto geopolítico nas commodities foi um dos temas da Expert XP 2025. O painel, que aconteceu nesta sexta-feira (25), começou tratando da importância do petróleo, que ainda representa um terço da energia consumida globalmente. Apesar do crescente investimento em carros elétricos, especialmente na China, que visa reduzir a dependência do petróleo a longo prazo, a dinâmica geopolítica da commodity segue extremamente relevante.

Surpreendentemente, os recentes conflitos no Oriente Médio, que tradicionalmente aumentariam a incerteza e elevariam os preços do petróleo, revelaram uma menor percepção de riscos geopolíticos, com os adversários dos EUA em uma posição debilitada, o que sugere um cenário de maior estabilidade na região – fator baixista para o preço do barril. Além disso, países como Brasil, Estados Unidos e Guiana compensaram a queda na oferta da OPEP, o que impõe uma tendência de preços mais baixos para o petróleo no futuro, mesmo com sua relevância persistente na matriz energética global.

Transição energética

Além do petróleo, o evento abordou a transição para outras fontes de energia, como gás natural e urânio. A discussão enfatizou que as hidrelétricas estão chegando ao seu limite de capacidade, impulsionadas por preocupações ambientais e pela necessidade de diversificação na matriz energética. Nesse contexto, a revolução da inteligência artificial foi identificada como um fator crítico, já que essa tecnologia emergente demandará grandes quantidades de energia para sustentar seu crescimento. O papel do gás natural e do urânio se torna ainda mais relevante, pois ambos são vistos como alternativas viáveis para atender a essa demanda crescente.

Outro ponto importante discutido foram os minerais raros, consideradas essenciais para a tecnologia de inteligência artificial. A competição por esses recursos entre os Estados Unidos e a China intensificou-se, especialmente após as sanções que a China impôs às exportações desses minerais para os EUA. O cobre também foi mencionado como uma commodity significativa, com expectativas de alta nos preços, refletindo sua relevância na indústria moderna. Em relação ao ouro, a situação geopolítica, especialmente após a guerra na Ucrânia, resultou em um aumento na compra de reservas por bancos centrais, o que sugere uma tendência de valorização contínua para esse metal adiante.

Commodities agrícolas

No que diz respeito às commodities agrícolas, a perspectiva é de preços baixistas, uma vez que a produção de grãos no Brasil e nos Estados Unidos tem sido robusta nos últimos anos. Esse excesso de oferta, especialmente em relação a produtos como soja e milho, poderá pressionar os preços para baixo nos próximos anos, levando a uma visão cautelosa entre os palestrantes. A posição vendida em commodities agrícolas reflete essa expectativa de um mercado em excesso de oferta considerável nos próximos anos.

Em suma, uma das mensagens centrais do evento foi que o futuro das commodities no mundo será fortemente guiado pelas revoluções na inteligência artificial e nas mudanças na matriz energética global. O Brasil, em particular, foi destacado como um país bem-posicionado para se beneficiar desse cenário. Com uma matriz energética limpa e rica em recursos, tanto metálicos quanto agrícolas, além de um superávit em petróleo, o Brasil passou por uma transformação significativa. A mudança de um país que historicamente exportava poucas commodities para um dos maiores exportadores de grãos e petróleo do mundo representa uma conquista econômica notável. Essa nova realidade não apenas garante divisas para o país, mas também promete prosperidade para empresas e a economia em geral, mesmo em um ambiente de preços baixistas para algumas commodities.