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Radar ESG | Enjoei (ENJU3): O usado é o novo “novo”?

Ao longo deste relatório, trazemos uma perspectiva ESG setorial em relação à indústria de moda e destacamos como o Enjoei está posicionado quando o tema é ESG.

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Resumo

É inegável que o comportamento do consumidor está mudando e de forma rápida. Muitos dos itens mais desejáveis ​​dos jovens por uma década ou mais mudaram drasticamente, passando da propriedade para o uso compartilhado, ou da posse do item novo, pelo já usado. Indo além, a importância das gerações mais jovens na condução da agenda ESG é evidente, ao mesmo tempo em que a Covid-19 impulsionou o número de indivíduos que consideram os fatores socioambientais em suas decisões de consumo.

Empresas inovadoras, mesmo em setores mais tradicionais, estão adaptando seus modelos de negócios para contemplar essa nova realidade. Ao nosso ver, essa tendência faz parte de um movimento crescente que busca estimular a sustentabilidade por meio do mercado de segunda mão, ou seja, de produtos usados. E vemos o Enjoei (ENJU3) bem posicionado para atender a essa demanda e acompanhar essa tendência no futuro, sendo peça-chave na melhoria dos padrões ESG para empresas de vestuário por meio da promoção da moda circular.

Neste relatório, trazemos uma perspectiva ESG setorial em relação à indústria de moda e destacamos como o Enjoei está posicionado quando o tema é ESG.


Indústria da Moda: Nossa visão ESG em uma perspectiva setorial

É inegável que o comportamento do consumidor está mudando e de forma rápida. Muitos dos itens mais desejáveis ​​dos jovens por uma década ou mais mudaram drasticamente, passando da propriedade para o uso compartilhado, ou da posse do item novo, pelo já usado. Empresas inovadoras, mesmo em setores mais tradicionais, estão adaptando seus modelos de negócios para contemplar um mundo onde usar vale mais do que possuir ou então possuir algo usado vale mais do que não possuir. E quando falamos de empresas de e-commerce dentro do setor de consumo, esperamos que esse movimento se intensifique adiante. Conforme mencionamos em nosso último relatório com a análise ESG do setor de e-commerce, vemos o pilar Social como o mais importante, seguido pelo de Governança e Ambiental, respectivamente.

Uma das principais mensagens da primeira edição do evento Expert ESG, o maior evento de investimento sustentável no Brasil organizado pela XP no início de março, foi a importância das gerações mais jovens na condução da agenda ESG – nas palavras de Fiona Reynolds, CEO da Principles for Investimento Responsável (PRI), 85% dos millennials acreditam que investimentos sustentáveis ​​são essenciais.



E isso reforça nossa visão de que os consumidores mais jovens tendem a ser mais receptivos em termos ambientais e sociais do que os consumidores mais velhos. De acordo com a pesquisa thredUp, o crescimento nas vendas de produtos de segunda mão (ou seja, produtos usados) é impulsionado pela Geração Z (nascidos após 1990). Esta geração tem a sustentabilidade como prioridade: 80% não têm estigma de comprar produtos de segunda mão e 90% dos compradores da Geração Z compram ou estão abertos a comprar produtos usados quando eles precisam economizar. Além disso, mesmo no caso das gerações mais velhas, a pesquisa apontou também um crescimento na compra de tais produtos (veja o gráfico ao lado).

Alguns podem argumentar que a relevância dos consumidores da Geração Z na condução da agenda ESG é baixa. No entanto, discordamos. Como mencionamos em nosso relatório de início de cobertura ESG no Research da XP, os indivíduos da Geração Z, nascidos após 1990, constituem um quarto da população global e estão crescendo em meio às rápidas mudanças ambientais, tecnológicas e sociais, bem aumentando sua influência em suas famílias. Embora os membros da Geração Z sejam jovens e, portanto, ganhem menos do que a média, eles têm uma influência mais ampla.

Além disso, quando pensamos na quantidade de indivíduos que consideram os fatores ESG em suas decisões de consumo, vemos que esse número também recebeu um impulso significativo frente à Covid-19. Uma pesquisa realizada no ano passado pela McKinsey & Company descobriu que dois terços dos consumidores pesquisados no Reino Unido e na Alemanha disseram que se tornou ainda mais importante limitar os impactos nas mudanças climáticas. Além disso, 65% dos entrevistados disseram estar planejando comprar itens de moda mais duráveis, com 71% planejando manter os itens que já possuíam por mais tempo.

Ao nosso ver, essa tendência faz parte de um movimento crescente que busca estimular a sustentabilidade por meio do consumo de segunda mão. E vemos o Enjoei (ENJU3) bem posicionado para atender a essa demanda e acompanhar essa tendência no futuro.


Enjoei (ENJU3): Moda circular é o nome do jogo

O Enjoei atua no segmento de e-commerce, porém destacamos que o modelo de negócios da empresa é baseado na economia circular, estando diretamente envolvido com o consumo responsável. Dito isso, vemos o alinhamento do Enjoei com os fatores ESG como intrínsecos às atividades e operações da empresa. Uma vez que os produtos comercializados são reparados e reaproveitados ao invés de serem descartados, o Enjoei contribui para o sistema ao permitir, através de uma gestão eficiente, que matérias-primas e recursos naturais sejam utilizados de forma a minimizar ou erradicar a geração de resíduos – prolongando, na medida do possível, a vida útil e o valor do produto. Isso posto, vemos o Enjoei como peça-chave na melhoria dos padrões ESG para empresas de vestuário por meio da promoção da economia circular.

Ambiental

De acordo com a thredUp, a indústria da moda é um dos setores mais poluentes do mundo, com destaque para alguns números que, além de importantes, impressionam: (i) uma média de £ 75 de CO2 é emitida para a produção de calças jeans; (ii) 700 galões de água são necessários para a produção de uma nova camiseta; e (iii) 1 em cada 2 pessoas joga suas roupas indesejadas direto no lixo. Além disso, de acordo com a thredUp, se todos comprassem um item usado no lugar de um novo durante um ano, haveria uma redução de £ 5,7 bilhões de emissões de CO2, 25 bilhões de galões de água e £ 449 milhões de lixo. Isso posto, o modelo de negócios do Enjoei colabora com a redução do impacto ambiental advindo da indústria da moda, incentivando a reutilização e revenda de peças de vestuário sem função, o que vemos como muito positivo. No entanto, vale a pena mencionar que sentimos falta da divulgação de dados ESG referentes ao pilar Ambiental, como por exemplo, o quanto a empresa emite de gases de efeito estufa (GEEs).

Apesar de reconhecermos que a empresa fez seu IPO (Initial Public Offering, na sigla em inglês) recentemente, esperamos que a empresa passe a divulgar mais informações sobre suas métricas ESG, com o objetivo de dar maior transparência aos investidores e ao mercado em geral, visto que a falta de divulgação de dados ESG por parte das empresas em todo o mundo é um desafio importante para ambos investidores e analistas. Em nossa visão, esperamos que o caminho do Enjoei em direção a uma transparência cada vez maior beneficie a empresa, dado seu grande trabalho na agenda ESG e várias iniciativas respeitáveis.

Social

O Enjoei tem iniciativas positivas no pilar Social (S), com destaque para o engajamento da empresa na promoção da diversidade – eles criaram um comitê interno, que se reúne quinzenalmente para discutir como aumentar a representatividade de todas as classes, raças, gêneros e pessoas com necessidades especiais dentre seus funcionários e clientes.

Além disso, a empresa está comprometida com doações: todo item que chega no Enjoei Pro (loja própria da empresa) e não está marcado para venda é doado, com a anuência de seu proprietário – como referência, nos últimos dois anos, os usuários doaram 150.000 itens para instituições de caridade.

Ainda na frente S, um tópico importante que vale a pena observar é o que diz respeito à segurança e privacidade de dados. O Enjoei, como um player que opera seu negócio de varejo online por meio de aplicativo, compras online e plataforma de pagamento integrada (EnjuBANK), está exposta ao risco de violação de dados. O aumento da coleta de dados online, aliado ao fortalecimento das normas de privacidade, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), também significa que as empresas de comércio eletrônico precisam de melhores práticas para proteger dados confidenciais e demais informações de seus clientes.

Por fim, mas não menos importante, vale ressaltar que produtos falsificados são um risco inerente às plataformas de e-commerce e, não diferentemente, também o são para o Enjoei. No entanto, vemos que a empresa está comprometida com iniciativas de forma a mitigar este risco. É impossível revisar fisicamente todos os produtos oferecidos na plataforma, pois eles têm mais de 30 milhões de produtos listados e a maioria das transações são C2C (consumidor para consumidor). Sendo assim, o Enjoei corre o risco de ter produtos falsificados em sua plataforma, desafio este também enfrentado por outros players como Ebay, Alibaba e MELI. Para mitigar este risco, a empresa tem atuado em diferentes frentes:

i) reforçou e reestruturou a sua equipa de fraude através da criação de uma equipa dedicada responsável tanto pela verificação de novas contas na plataforma (ex: nome, CPF, e-mail etc) quanto pela identificação de produtos falsos que estão sendo vendidos;
ii) verificação do preço antes de colocar o produto na plataforma;
iii) criação de um canal de denúncia; e
iv) investimento considerável em tecnologia para desenvolver um software que seja responsável pela triagem de todos os produtos, verificando, por exemplo, o comportamento do vendedor na plataforma, o que permite ao Enjoei afastar esse vendedor em caso de conduta controversa; entre outros.

Além disso, vale ressaltar que este risco é tratado por meio do enjuPRO (loja própria da empresa), dado que os produtos são gerenciados pelo Enjoei e, portanto, são inspecionados pela empresa antes de serem disponibilizados na plataforma. Além disso, esperamos que os investimentos adicionais do Enjoei em tecnologia reduzam cada vez mais esse risco.

Governança

O Enjoei tem suas ações (ENJU3) listadas no segmento do Novo Mercado, o mais alto padrão de governança corporativa do mercado brasileiro, com 80,7% das ações da companhia em Free Float. Sobre os principais executivos, vemos a agenda de diversidade de gênero na liderança do Enjoei como o principal destaque. Destacando-se em relação aos pares, o Conselho de Administração da empresa tem maioria feminina, sendo 60% composto por mulheres (3 dos 5 membros), além da Diretoria do Enjoei, que também conta com 1 mulher dentre os 5 membros, a Sra. Ana Luiza McLaren, co-fundadora e diretora de comunicação e recursos humanos do Enjoei. Além disso, o Conselho de Administração da empresa tem uma maioria independente, uma prática que se identifica com o desempenho superior do conselho e que destacamos positivamente.

Estrutura acionária da companhia pré e pós IPO


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