Destaques da ‘Converge Capital Conference’: A visão da Faria Lima sobre clima

Menos conversa e mais ação: Avaliando o papel do setor financeiro em acelerar a agenda climática

Hoje participamos da ‘Converge Capital Conference‘ (link), um dos maiores encontros com foco em fomentar discussões sobre investimentos sustentáveis ​​e de impacto. Contando com a presença de importantes vozes do mercado financeiro, o evento teve sucesso em manter um público engajado no debate sobre o clima. De forma geral, saímos da conferência com uma visão positiva de “mais ação; menos conversa”, com foco no risco e na adaptação climática. Abaixo nós trazemos as principais conclusões que extraímos dos painéis que participamos.

[Spencer Glendon, Probable Futures]

Quando as seguradoras não podem mais arcar com o risco. Glendon destacou como longos períodos de temperaturas estáveis no passado levaram a um menor foco nas mudanças climáticas e mais na utilização de recursos, com a baixa volatilidade nas temperaturas permitindo que os diferentes stakeholders ‘ignorassem’ os riscos climáticos. No entanto, o cenário de aquecimento global mais alarmante está direcionando uma maior atenção para a incorporação dos fatores climáticos nos modelos financeiros e na tomada de decisão, alterando a abordagem tradicional de projetar os cenários futuros com base nas ocorrências do passado. Mencionando o papel das seguradoras, Glendon observou que, embora elas sejam as primeiras a serem impactas no caso de acontecimentos catastróficos, à medida que estes eventos se repetem, o ônus de suportar o risco transfere-se para aqueles que detém o capital próprio e terceiro (empréstimos).

[Jonathan Foley, Project Drawdown]

Defendendo metas baseadas na ciência. Ressaltando que a “bomba-relógio climática está prestes a explodir”, Foley destacou a importância do uso de provas científicas para reforçar a ação climática. Em sua visão, uma vez que parte das soluções para redução das emissões de gases de efeito estufa não estão prontas para uma implantação rápida, o foco deve ser na identificação e na rápida expansão de soluções que possam funcionar como ‘freios de emergência’. Para tal, ele propôs priorizar a resolução dos impactos advindos de: (i) desmatamento (~12% das emissões); (ii) emissões fugitivas de metano provenientes de combustíveis fósseis; e (iii) emissões de ‘carbono preto‘ (black carbon)¹.

[Patricia Ellen, Aya Earth Partners; Luciana Costa, BNDES; Carolina Grottera, Ministério da Fazenda do Gov. Federal do Brasil]

Desbloqueando o potencial verde do Brasil. Em um painel focado no crescimento sustentável e descarbonização do Brasil, a Sra. Ellen destacou o potencial do país para crescer o PIB via o desenvolvimento de projetos ‘verdes’ capazes de destravarem desenvolvimento econômico e criação de empregos. Aprofundando-se na agenda verde do governo, a Sra. Grottera discorreu sobre o Plano de Transição Ecológica (link), observando as oportunidades que o mesmo pode potencialmente desbloquear, o que inclui programas de proteção cambial, debêntures de infraestrutura (principalmente focadas em adaptação climática) e a regulação do mercado de carbono. Por fim, a Sra. Costa, do BNDES, explorou as vantagens competitivas do Brasil, mencionando três principais ‘low-hanging fruit‘²: biogás, SAF e emissões do setor marítimo. Em termos de desafios, os elevados custos de financiamento e lacunas regulatórias foram mencionados.

¹partículas de aerossóis formadas majoritariamente por carbono que são liberadas após a queima de biomassa. 

²a expressão low-hanging fruit é usada para dizer que algo ou alguém é “fácil de se obter, persuadir ou vencer”.

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