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SELIC em 2,00% por longo tempo, se o fiscal permitir

Por: Caio Megale (Economista-chefe da XP Investimentos) e Vitor Vidal (Economista da XP Investimentos).

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  • O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica SELIC em 2,00% ao ano. A decisão veio em linha com o esperado pela XP Investimentos e pelo mercado, como apontava nossa pesquisa Pré-Copom.
  • O comunicado que acompanhou a decisão manteve as mensagens da reunião anterior: i) “a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado”, mas com pouco espaço para cortes adicionais da SELIC por questões prudenciais;ii) sinalizou que a SELIC deve permanecer no patamar atual enquanto as expectativas de inflação não se aproximarem das metas, a menos que o cenário fiscal se deteriore (forward guidance).
  • Entendemos que a decisão de hoje reforça nosso cenário de que a taxa SELIC permanecerá em 2,00% até o segundo semestre de 2021, e subirá gradualmente até 3,00% no final do ano. Caso a perspectiva de sustentabilidade das contas públicas se deteriore significativamente, o Copom pode optar por elevar a SELIC mais cedo do que o contemplado em nosso cenário. 

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Conjuntura e Projeções de Inflação

No cenário global, o Copom avalia a que retomada da atividade, ainda que desigual, “tem resultado em um ambiente relativamente mais favorável para as economias emergentes”. É uma avaliação um pouco mais favorável do que na reunião anterior. O Copom salienta, no entanto, “que há bastante incerteza sobre a evolução desse cenário”, dada a “possível redução dos estímulos governamentais e à própria evolução da pandemia da Covid-19”.

No Brasil, a avaliação da atividade econômica é de que “indicadores recentes sugerem uma recuperação parcial, similar à que ocorre em outras economias”. Sobre a inflação, o Comitê cita a recente alta “temporária” de alimentos e alguns serviços. No entanto, mantém a avaliação de que as “diversas medidas de inflação subjacente permanecem abaixo dos níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária”.

As projeções de inflação nos diferentes cenários apresentados se elevaram para 2020, incorporando o atual choque de preços ao atacado. Mas se alteraram pouco para os anos seguintes, reforçando a visão de que a pressão é temporária (tabela abaixo).

Os fatores de risco seguem, em geral, os mesmos apontados na reunião de agosto:

i) Por um lado, a ociosidade ainda bastante elevada, notadamente no setor de serviços, produz inflação abaixo do esperado            

ii) Por outro, a piora da perspectiva fiscal para o próximo ano e a possibilidade de interrupção da agenda de reformas estruturais possibilitando a desancoragem das expectativas inflacionárias.

Pouco espaço para o corte adicional da SELIC

O Copom manteve a porta aberta para uma eventual redução adicional na taxa SELIC. Como no último comunicado, ressaltou que o espaço, se houver, é pequeno por questões prudenciais.

Forward Guidance

Desde a última reunião, o Comitê passou a fornecer uma prescrição futura (forward guidance) para a política monetária. O comunicado de hoje descreveu melhor essa política, afirmando que “(D)e forma a prover o estímulo monetário considerado adequado para o cumprimento da meta para a inflação, mas mantendo a cautela necessária por razões prudenciais, o Copom considera apropriado utilizar uma “prescrição futura” (isto é, um “forward guidance”) como um instrumento de política monetária adicional.” Em nossa visão, como as projeções para 2021 seguem estáveis, em níveis abaixo da meta, a prescrição indica que o Copom não deve elevar a SELIC nos próximos trimestres.

Para 2022, no entanto, as projeções estão próximas da meta de 3,50%. Desta forma, conforme 2022 se torne mais relevante no horizonte de política monetária, entendemos que o guia sugere que a SELIC comece a subir. O forward guidance, portanto, é consistente com nosso cenário de elevações graduais da SELIC no segundo semestre de 2021, chegando a 3,00% no fim do ano.

A prescrição, no entanto, depende do cenário para as contas públicas: “Essa intenção é condicional à manutenção do atual regime fiscal e à ancoragem das expectativas de inflação de longo prazo”. Assim, caso o cenário evolua para um aumento dos gastos públicos que gerem déficits primários superiores àqueles necessários para estabilizar a dívida pública, o Copom pode optar por elevar a taxa básica mais cedo do que o contemplado em nosso cenário.

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