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Alta do dólar: principais causas e efeitos

Principais causas O processo de desvalorização cambial que caracterizou os últimos meses de 2019 continua sendo uma das principais fontes de preocupação em 2020.  Na nossa visão, acreditamos que tanto fatores estruturais (fundamentais) quanto fatores pontuais (choques) colaboraram para a desvalorização do real frente ao dólar. Dentre os possíveis fatores estruturais, elencamos quatro de maior […]

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Principais causas

O processo de desvalorização cambial que caracterizou os últimos meses de 2019 continua sendo uma das principais fontes de preocupação em 2020. 

Na nossa visão, acreditamos que tanto fatores estruturais (fundamentais) quanto fatores pontuais (choques) colaboraram para a desvalorização do real frente ao dólar.

Dentre os possíveis fatores estruturais, elencamos quatro de maior destaque.

Com relação aos fatores pontuais, acreditamos que a escalada de tensões comerciais, geopolíticas e a recente eclosão da epidemia do coronavírus aumentaram a aversão ao risco no mundo todo e colaboraram para o enfraquecimento de diversas moedas de países emergentes frente ao dólar. O real não foi uma exceção.

Além disso, o cenário de juro doméstico baixo acelerou o processo de desalavancagem de empresas, isto é, empresas passaram a trocar suas dívidas externas por dívida interna e isso adicionou um pouco mais de pressão sobre a taxa de câmbio, uma vez que a procura por dólares aumentou.

Por fim, o cenário político doméstico, a despeito da aprovação da reforma da Previdência e do endereçamento de pautas reformistas, também contribuiu para maior volatilidade do câmbio no período em análise.

Principais efeitos

A dinâmica cambial não é um determinante fundamental de crescimento de longo prazo de um país. Fatores mais fundamentais, tais como educação, investimento em pesquisa e instituições, são muito mais relevantes para explicar a diferença de crescimento e desigualdade observada entre países. No entanto, no curto prazo, é natural que alguns setores, como os setores exportadores e de turismo, se beneficiem mais da depreciação do real.

A indústria brasileira, que deveria se beneficiar em um cenário de juros baixos e cambio desvalorizado, continua lidando com diversos problemas estruturais que limitam a sua capacidade competitiva. Assim, grande parte da demanda interna acaba sendo suprida pela importação de produtos de outros países.

Diante dessa maior exposição às importações, existe um risco (ainda que pequeno) de que a recente depreciação do real seja repassada para os preços internos, pressionando as medidas de inflação.

Nesse cenário, como a inflação é a principal medida analisada pelo BC na condução de política monetária, as taxas de juros poderiam continuar sendo alteradas. 

Pelos nossos cálculos, quando levamos em consideração apenas os elementos estruturais da economia e excluímos as questões mais pontuais, a taxa de câmbio deveria estar mais próxima de 4,10 e não na casa dos 4,30, como esteve nos últimos dias.

Assim, o real deve continuar pressionado frente ao dólar no decorrer dos próximos meses, mas, ao nosso ver, existe espaço para que a taxa de câmbio seja reduzida para algo entre 4,15 e 4,20 até o final de 2020.

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