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Radar mensal de commodities: Reabertura da China é a principal incerteza

A reabertura chinesa deve impulsionar preços de commodities enquanto a contração da atividade econômica no resto do mundo exerce força contrária

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Pano de fundo Macroeconômico

Nas últimas reuniões de política monetária nos bancos centrais dos EUA e da Europa as autoridades já reduziram o ritmo de alta de juros nestas regiões. Esperamos que o ciclo de elevações chegue ao fim no primeiro trimestre de 2023, e que os bancos centrais comecem a cortar suas taxas básicas já no final do ano, uma vez que o pico da inflação já ficou para trás.

O prolongamento da guerra na Ucrânia coloca em risco a safra de grãos de inverno e mantém as incertezas sobre a situação energética da Europa no inverno. Em 2023 já é esperada uma recessão global como efeito das altas de juros, que tem como objetivo frear a inflação e lavá-la à trajetória de convergência às metas. Sinais de normalização das cadeias de produção continuam a ser observados, porém os bancos centrais dos países desenvolvidos ainda veem como necessária a continuidade de postura mais dura na política monetária.

Na China, a reabertura econômica tem avançado significativamente, o que deve fornecer impulso à economia global ao longo de 2023. A inflação baixa e a política monetária e fiscal expansionista ao longo de 2022 devem impulsionar o consumo neste ano, e o PIB deve crescer acima de 5%, parcialmente compensando pela desaceleração da atividade econômica global. A covid-19 segue como risco significativo para a atividade econômica do país.

A reabertura chinesa deve impulsionar preços de commodities enquanto a contração da atividade econômica no resto do mundo exerce força contrária. Sendo assim, mantemos a nossa avaliação de que os preços devem se acomodar, ainda que em um patamar mais elevado.

Commodities Agrícolas

Cereais

O La Niña e a guerra na Ucrânia seguem como os principais riscos para cereais. O fenômeno climático fez com que os fundos tivessem posição comprada no milho e na soja e vendida no trigo, que é mais sensível à seca no sul do país e na Argentina. Neste ano, o Brasil irá colher safra recorde de soja, resta saber o tamanho da safra do Rio Grande do Sul para poder estimar a safra total. A seca em dezembro no estado já causou problemas no milho e impactou preços, porém com as chuvas de janeiro a soja não deve ser prejudicada pela condição climática.

O acordo do mar negro, que garante trânsito de grãos na região afetada pela guerra na Ucrânia, segue funcionando. Apesar disso, o risco associado ao conflito continua afetando preços de commodities. A safra de 2023-2024 na Ucrânia está sob risco, devido à redução de área plantada de milho e trigo. No ano passado, o impacto foi limitado, pois quando a guerra eclodiu os grãos já estavam plantados.

Do lado dos biocombustíveis, a decisão da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) sobre o volume de biodiesel ou etanol misturado na gasolina até 2025 teve reação mista. Se por um lado o número previsto para 2023 veio abaixo do esperado, o volume definido até 2025 é animador. Como consequência, o preço do óleo de soja caiu e o preço do farelo de soja subiu, devido ao aumento do esmagamento do grão.

Açúcar e etanol

Para o açúcar e etanol, o principal driver de mudança de cenário é a possibilidade de reoneração de combustíveis. Do ponto de vista da produção, a entressafra do açúcar, geralmente iniciada outubro e novembro, teve atraso no ano de 2022 e registrou nível baixo de moagem. Para o ano de 2023, a expectativa é de aumento expressivo na produção por ganho de produtividade. Os produtores de cana continuam maximizando o açúcar em relação ao etanol (destinando cerca de 70% da capacidade para o primeiro e 30% para o segundo).

Com a renovação da desoneração de combustíveis por 60 em 1º de janeiro e turbulência política recente, a situação da indústria sucroalcooleira segue incerta. No momento, os produtores possuem estoque relevante de etanol esperando a medida que reonera a gasolina e melhora a rentabilidade do setor.

Proteínas

No final de 2022, o destaque (negativo) do lado das proteínas foi a queda no preço da carne de frango no período de festas, o pior resultado para a época no período recente. Preços de carne bovina e suína subiram no final de ano, conforme esperado.

Adiante, o principal foco de atenção no setor de proteínas é o aumento de casos de gripe aviária no mundo, que já impactam a capacidade de aumento de produção de frango na Europa e a produção de ovos nos EUA; o Brasil segue ileso por ora, porém a chegada de casos na América do Sul preocupa. O Brasil deve se beneficiar dos problemas globais de oferta se formos capazes de impedir o contágio das aves brasileiras.

Do lado da carne suína, os preços no final de ano subiram no Brasil e na Europa e caíram fortemente nos EUA e na China. O desempenho heterogêneo está relacionado à sazonalidade do consumo e à incidência de casos da peste suína africana.

Para a indústria de bovinos, a perspectiva para 2023 é positiva: o abate deve seguir amentando.

Algodão

O preço do algodão é muito sensível à dinâmica da China: com a fiação fraca, não existe expectativa de recuperação de demanda, e estoques devem aumentar.

Óleo, gás e materiais básicos

Com a reabertura chinesa, as commodities mais ligadas à produção industrial são impactadas. Porém, devido a questões geopolíticas e estoques, o comportamento não é homogêneo e pudemos observar uma divergência entre o comportamento do minério de ferro (iron ore) e do petróleo (brent) no mês de dezembro.

Petróleo

Em dezembro, a curva de preços futuros do petróleo (brent) começou a dar sinais de que o mercado estava com excesso de oferta. Porém, logo que vieram as notícias de reabertura da China, o comportamento que indica oferta apertada no curto prazo voltou a ser observado.

A situação de petróleo na China é fonte de grande incerteza, devido à opacidade dos dados no país. À redução da diferença de preços (spread) entre o diesel e a gasolina se atribui a aceleração das exportações chinesas. No Brasil, a redução do spread é positiva, pois reduz pressões políticas sobre a Petrobras neste início de ano.

Após imposição de um teto ao preço de petróleo russo pela União Europeia, a Rússia ameaça retaliar reduzindo a produção ou parando de vender para países específicos.

No Brasil, o futuro da Petrobras é fonte de grande incerteza devido à possibilidade de mudança na política de preços e no comando da estatal. Subsídios para combustíveis são custosos, e num cenário de limitação de gastos (mesmo após a expansão aprovada ao final de 2022), as possibilidades são restritas, e os possíveis desenhos das políticas para o setor preocupam.  

Gás Natural

O aumento da produção de gás natural nos EUA tem fornecido sustentação à produção de derivados, enquanto a produção de óleo cai consistentemente no país. Na China, a retirada de restrições relacionadas à Covid devem impulsionar a demanda por energia, e cerca de 50% do crescimento de demanda está relacionado ao país.

Minério de ferro e aço

O aumento expressivo de preços do minério de ferro em dezembro está relacionado à reabertura chinesa e a retomada da produção industrial e do setor imobiliário no país, impulsionados pela reabertura e aos estímulos ao crédito. O setor imobiliário, em especial, já se comporta como a ponta positiva da demanda chinesa, o que deve aumentar ainda mais com os estímulos.

No Brasil, a temporada de chuvas tem forte impacto sobre a produção de minério, e caso venham mais fortes durante o verão podem prejudicar a produtividade em Minas Gerais e no Pará, principais regiões de mineração.

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