XP Expert

IPCA outubro: inflação segue perdendo força, sustentando queda nos juros 

O IPCA registrou alta de 0,24% em outubro, reduzindo a inflação acumulada em doze meses para 4,82%. O resultado indica que o processo de desinflação segue em curso, sustentando a redução da taxa Selic. Dito isso, a alta de preços se mantém no radar de riscos, e investimentos que protegem contra ela seguem excelentes oportunidades.

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no X
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail
Onde Investir em 2025 banner

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 0,24% em outubro de 2023. O resultado mensal levou o índice para 4,82% no acumulado em doze meses, desacelerando em relação a setembro – quando o IPCA-15 acumulava 5,19%.  

Alimentos param de cair, mas serviços consolidam “segunda pernada” de queda da inflação

O resultado de outubro veio um pouco abaixo do esperado pela maior parte dos analistas de mercado. Um dos principais fatores para a surpresa veio dos preços da gasolina, que registraram queda maior do que o esperado (caindo 1,5% no mês), refletindo um repasse mais rápido do reajuste implementado pela Petrobras no meio do mês.

De maneira geral, o número pode ser lido como positivo, consolidando mais um passo no caminho da desinflação observado nos últimos meses. Em bom português: boas notícias no campo da inflação.

Vale destacar que um processo de desinflação é diferente de um período deflacionário – em que os preços efetivamente caem. Dito isso, os resultados recentes foram marcados pela queda de alguns preços, em especial de alimentos. Apesar de registrar alta em outubro após quatro meses de queda, a categoria “alimentação no domicílio” ainda ilustrou itens em deflação no mês, como em algumas carnes (fígado, lagarto e costela) e em leite e derivados – que caiu 2,8% no mês.  

Por trás da queda recente no preço de alimentos estão fatores climáticos e a forte produção agrícola, além de questões específicas de algumas produções – como de bovinos. Estima-se que a safra de grãos no país tenha crescido mais de 20% nesse ano (comparado a 2022), atingindo outro recorde histórico – com destaque para milho e soja, que servem de insumo para criação de proteína animal, reduzindo também o custo de produção desses alimentos.  

Assim, embora o IPCA tenha registrado alta na variação mensal, a tendência enfraquecimento da inflação segue em curso.

Mas o destaque do mês ficou para o comportamento benigno dos preços no setor de serviços. Apesar de acelerações mais pontuais em preços mais voláteis, como passagens aéreas (que subiram 23% no mês), a inflação de serviços seguiu sua trajetória de queda, trazendo boas notícias para o controle de preços no país.

Para ilustrar, a medida chamada de “serviços subjacentes” – que exclui preços mais voláteis como hotéis, passagens aéreas e tarifas de internet – caiu de 4,1% em agosto para 3,4% em outubro na variação anual (considerando a média móvel de três meses), se aproximando da meta do Banco Central.   

Vale destacar que a inflação no setor de serviços é um dos fatores mais observados pelo Banco Central. Isso porque os preços no setor tendem a ser mais difíceis de controlar uma vez disseminados pela economia, por não serem impactados por movimentos que chamamos de “oferta”, como o clima e a redução ou aumento da oferta de determinada commodity.  

Finalmente, preços de bens industriais também vêm surpreendendo “para o bem”, ou seja, mostrando inflação menos pressionada nos últimos meses. Eu outubro, essa categoria registrou alta bem tímida, de apenas 0,02%, abaixo do esperado por analistas e acumulando alta de apenas 2,7% em doze meses. O alto endividamento das famílias, o crédito ainda apertado (lembrando que o efeito da queda da Selic demora a ser sentido na economia), além do elevado nível de estoques em alguns setores explicam os preços mais comportados no setor industrial.

Para ilustrar, eletrodomésticos acumulam queda de 4,6% no acumulado em doze meses até outubro – com destaque para queda de 12% em televisores e 2% em máquinas de lavar roupa.

Inflação comportada poderia permitir queda maior da Selic, não fossem cenário externo e risco fiscal

Para o dia a dia dos brasileiros, o processo queda da inflação observado nesse ano contribuiu para a melhora da sensação de perda do poder de compra. De fato, a queda da inflação no ano tem contribuído para a elevação do rendimento médio real efetivo dos trabalhadores – que registrou crescimento de 5% no último ano (entre setembro de 2022 e setembro de 2023).

Diante da inflação em queda, o Banco Central poderia ter espaço para acelerar o ritmo de reduções da taxa Selic – nossa taxa básica de juros. Afinal, o objetivo principal da manutenção de juros elevados é o controle do ritmo de preços.

Riscos nos cenários internacional e doméstico, entretanto, limitam uma maior queda nos juros.    

No âmbito internacional, a forte alta das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos impõe um desafio relevante para a redução dos juros no Brasil. Isso porque, de maneira simplificada, com retornos mais altos no investimento considerado de menor risco do mundo, investidores tendem a “exigir” maiores retornos em países considerados de maior risco – ou seja, maiores juros.

Além disso, riscos de um repique no preço do petróleo no cenário global também suscitam cautela – na esteira da recente eclosão do conflito militar entre Israel e Hamas. Caso um cenário de petróleo mais caro se concretize nos próximos meses, a inflação global pode voltar a subir.

Já aqui no Brasil, o principal risco segue a deterioração das contas públicas. Afinal, se o governo gastar muito além do que arrecada e sinalizar que seguirá impulsionando a economia, muitos entenderão que os preços seguirão pressionados adiante – influenciando efetivamente o nível da inflação no futuro

A deterioração do risco fiscal também tende a impactar a nossa moeda, uma vez que essa é percebida como mais arriscada. Um real mais desvalorizado adiciona pressão sobre a inflação, uma vez que boa parte do que consumimos e produzimos inclui insumos negociados em dólares ou mesmo produtos importados.

Em resumo, vemos um cenário em que a inflação perdeu força, mas ainda não saiu do radar - nem dos gringos, nem dos brasileiros e nem do Banco Central. Esse último optou por continuar o ritmo de reduções da taxa Selic em outubro, mas sinalizou que os juros devem seguir em patamares contracionistas ainda por um período considerável – justamente diante do cenário ainda incerto adiante.

Assim, projetamos que o IPCA encerre 2023 em 4,5%. Para os próximos anos, projetamos uma inflação em patamar levemente mais baixo do que o visto esse ano, mas ainda acima da meta do Banco Central (de 3,00%) - encerrando 2024 em 3,9% e 2025 em 4,0%.

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º na Resolução CVM 20/2021. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.