Resumo
As tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio nos Estados Unidos entraram em vigor nesta semana, assim como as medidas comerciais retaliatórias do governo chinês. Além disso, Donald Trump enviou uma proposta de cessar-fogo para a Rússia e a Ucrânia, aceita apenas pelos ucranianos.
Os dados de inflação de fevereiro nos Estados Unidos vieram abaixo das expectativas do mercado. No entanto, há preocupações de que a política de aumento tarifário possa exercer pressão sobre os preços no futuro. Na China, o cenário deflacionário persiste.
No Brasil, a inflação acelerou, impulsionada pelo aumento dos preços da conta de luz, da gasolina e das mensalidades escolares. Em relação à atividade econômica, os indicadores de janeiro dissiparam os temores de uma desaceleração brusca, após dados fracos em dezembro.
No âmbito fiscal, o governo solicitou alterações no Orçamento, cuja votação no Congresso está prevista para a próxima semana. A medida de ampliação da faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil também deve ser apresentada.
Gráfico da Semana

Cenário Internacional
Tarifas de importação sobre aço e alumínio e medidas retaliatórias da China entram em vigor
A cobrança de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio nos Estados Unidos entrou em vigor nesta semana. A medida, que afetará o setor siderúrgico de países como Canadá, México e Brasil, consiste em uma das principais promessas de campanha do Presidente Donald Trump com o intuito de priorizar a indústria norte-americana. Também entraram em vigor as medidas retaliatórias do governo chinês. Uma série de produtos agropecuários importados pela China dos Estados Unidos, como frango e carne bovina, estão sujeitos aos novos impostos, que vão de 10% a 15%.
Ademais, Trump impôs uma tarifa de 200% sobre as bebidas alcoólicas europeias, incluindo vinhos e champanhes, em retaliação à decisão da União Europeia de aumentar para 50% o imposto sobre o uísque norte-americano. A decisão da União Europeia, que entrará em vigor em 1º de abril, responde às tarifas sobre o aço e o alumínio.
O aumento dos impostos de importação pressiona a inflação global e aumenta os temores de uma guerra comercial.
Inflação nos Estados Unidos levemente abaixo das expectativas, mas política de aumento tarifário preocupa
Nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor avançou 0,2% em fevereiro, abaixo da expectativa de mercado. Com isso, o resultado acumulado em 12 meses desacelerou de 3,0% para 2,8%. O núcleo da inflação, que exclui preços de itens voláteis, também subiu 0,2%, levando a desaceleração do resultado em 12 meses de 3,7% para 3,2%. Já a inflação ao produtor, ficou estável.
No mercado de trabalho, o relatório JOLTS apontou para 7,74 milhões de vagas de emprego em aberto, acima das expectativas. As ações para reduzir o número de funcionários do governo federal - pelo recém-criado Departamento de Eficiência Governamental - não foram capturadas nos dados do primeiro mês de 2025.
O mercado segue incerto sobre o crescimento da economia americana e a inflação prospectiva diante das novas políticas comerciais.
Ucrânia aceita proposta de cessar-fogo, enquanto Rússia impõe condições
A Ucrânia aceitou uma proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo de 30 dias na guerra contra a Rússia. Por outro lado, o presidente russo, Vladimir Putin, concordou com a ideia, mas disse que precisa acertar detalhes com os Estados Unidos para que o acordo leve a uma paz duradoura e elimine as "causas raízes do conflito". Segundo Putin, a Ucrânia poderia usar os 30 dias de paz para reorganizar tropas e treinar novas unidades. “Como os problemas de verificação serão resolvidos? E como teremos a garantia de que nada assim vá ocorrer? A ideia em si é correta e certamente apoiamos, mas há perguntas que devemos discutir e pensar”, ressaltou.
Deflação persistente na China
Os dados da inflação ao consumidor e ao produtor da China apontaram para uma tendência deflacionária persistente no país. O índice de preços ao consumidor caiu 0,7% no resultado acumulado em 12 meses (expectativas: -0,4%).
Analistas de mercado continuam preocupados com as perspectivas econômicas da China neste ano. Os desequilíbrios entre produção doméstica firme e demanda fraca persistem, alimentando riscos deflacionários.
Enquanto isso, no Brasil...
Desaceleração econômica gradual à frente
Os dados de atividade econômica de janeiro reforçaram o cenário de desaceleração gradual, após resultados fracos no final do ano passado. A receita real do setor de serviços recuou 0,2% em janeiro em relação a dezembro, em linha com as expectativas. As atividades mais ligadas ao consumo das famílias continuam perdendo fôlego. Nas vendas do varejo, as atividades mais sensíveis ao crédito mostraram recuperação no início de 2025, embora a tendência de desaceleração continue. No caso da indústria, o volume total produzido ficou estável em janeiro comparado a dezembro, abaixo das expectativas. No entanto, os dados desagregados mostraram sinais predominantemente positivos.
Projetamos crescimento do PIB um pouco acima de 1% no 1º trimestre deste ano, com resiliência na indústria de transformação e em categorias de serviços e comércio. A desaceleração desses indicadores deve ficar mais clara a partir do 2º trimestre.
Inflação sobe com preços de energia e alta do ICMS
A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 1,31% em fevereiro, em linha com as expectativas. O resultado elevou a métrica acumulada em 12 meses de 4,56% para 5,06%, acima do limite superior da meta do Banco Central.
Contas de luz, impostos sobre combustíveis e mensalidades escolares pressionaram os preços. Após queda de 14,2% em janeiro, a inflação da “energia elétrica residencial” foi de 16,8%, com a alta sendo explicada justamente pela normalização dos preços após o desconto de janeiro. Ademais, a elevação da alíquota de ICMS por parte de governos estaduais, pressionou os preços de combustíveis (2,9% no mês). Por fim, reajustes em mensalidades de instituições de ensino, tradicionalmente computadas em fevereiro pelo índice, também contribuíram para a alta.
Ao longo de 2025, devemos conviver com preços pressionados, tanto por conta de fatores domésticos quanto globais - com maior protagonismo para o primeiro. Projetamos que o IPCA encerre em 6,0% neste ano.
Para semana que vem, votação do orçamento e apresentação do PL sobre a isenção do IR até R$ 5 mil
O governo enviou nesta semana um ofício ao Congresso pedindo mudanças no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA, instrumento legal que prevê receitas e despesas do governo federal para o ano seguinte), incluindo a adição de R$ 3 bilhões para o Auxílio-Gás e de R$ 8 bilhões nos gastos previdenciários, junto com um corte de R$ 7,7 bilhões no Bolsa Família. O texto foi assinado pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. A previsão é que seja votado no Congresso na próxima semana.
Também deve ser apresentado na próxima semana o projeto que lei que trata da reforma do Imposto de Renda, com a ampliação da faixa de isenção para quem ganha até R$ 5 mil por mês. A compensação deve ser baseada principalmente na imposição de uma alíquota mínima efetiva para rendas mais altas. Desenhos finais em discussão no governo trazem uma renúncia estimada entre R$ 25 bilhões e R$ 35 bilhões, a depender do formato adotado.
Isenção do imposto de importação para 11 alimentos é aprovada como tentativa de controlar a alta dos preços de alimentos
A Câmara do Comércio Exterior (Camex) aprovou, por unanimidade, a isenção do imposto de importação para 11 alimentos – carnes desossadas de bovinos, café torrado, café em grãos, milho em grãos, azeite de oliva, óleo de girassol, açúcar, bolachas e biscoitos, massas alimentícias e sardinha. O Vice-Presidente Geraldo Alckmin informou que o impacto fiscal da medida pode chegar a R$ 650 milhões se a zeragem das alíquotas ficar em vigor por um ano. O órgão oficializou a medida anunciada na semana passada para segurar o preço de alimentos.
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Destaques da próxima semana
No cenário internacional, o destaque será a decisão de juros pelo banco central americano, o Fed. O mercado espera manutenção das taxas básicas de juros, após corte de 0,25 p.p. na reunião de janeiro – acumulam-se incertezas sobre o crescimento da economia americana e a inflação prospectiva, diante das novas políticas tarifárias. A produção industrial e as vendas no varejo norte-americanas de fevereiro também serão divulgadas. Na China, o governo publicará o combo de atividade econômica referente a fevereiro, que contempla taxa de desemprego, vendas no varejo, produção industrial, entre outros indicadores.
No Brasil, o principal evento econômico também será a decisão de juros pelo Banco Central. O mercado espera unanimemente alta de 1,00 p.p. na taxa Selic para 14,25%, conforme endereçado nas últimas comunicações do Comitê de Política Monetária (Copom). Além disso, haverá a divulgação do IBC-Br de janeiro, indicador mensal de atividade econômica do Banco Central. Veja nossas projeções abaixo.


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