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Economia em Destaque: Novo arcabouço fiscal é aprovado, mas juros nos EUA seguem no centro das atenções

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

No cenário internacional, a semana trouxe novamente forte volatilidade nos juros americanos, enquanto o presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou tom duro no combate à inflação durante o simpósio anual de Jackson Hole.

No Brasil, o novo arcabouço fiscal foi finalmente aprovado pela Câmara e segue para sanção presidencial. O Congresso também aprovou a MP do Salário Mínimo e o PL do Carf. Nos indicadores, o IPCA-15 de agosto veio acima das expectativas, mas trouxe mensagem neutra.

Cenário internacional

Volatilidade dos juros longos nos EUA agita mercados globais

As últimas semanas foram marcadas por forte movimento dos títulos do Tesouro dos EUA, principalmente os de vencimentos mais longos. Os juros de 30 anos, por exemplo, que no início do mês estavam em 4,10%, chegaram a 4,45% nos últimos dias. A alta pode ser explicada, entre outros fatores, pela persistência do déficit fiscal, gerando preocupações a respeito da dívida pública crescente no país.   


A curva de juros do Tesouro dos EUA pode ser considerada a “mãe de todas as curvas” por ser o principal benchmark para a taxa livre de risco no ambiente econômico internacional. Com a elevação dos juros longos, as bolsas recuaram ao redor do mundo e as taxas de câmbio – especialmente de países emergentes – perderam valor contra o dólar.

Os mercados financeiros se acalmaram a partir de 5ª-feira, com alguma recuperação dos preços de ativos. Mas este fator de risco deve permanecer ditando o tom dos mercados globais, e merece atenção nas próximas semanas.

Presidente do Fed reforça tom duro contra a inflação

Esta semana foi marcada pelo simpósio anual de Jackson Hole, um evento em que os principais banqueiros centrais do mundo se reúnem para discutir tendências econômicas e financeiras, além do posicionamento para a política monetária. O discurso mais esperado era o de Jerome Powell, Presidente do banco central dos EUA (o Fed). Em seu discurso, Powell reforçou um tom bastante duro (hawkish) para a política monetária. Ficou claro que não pode ser descartada a possibilidade de aumentos adicionais nas taxas de juros, embora as próximas decisões dependam da evolução da inflação e da atividade econômica.


Com a política monetária já em patamar restritivo, o Fed parece mais confiante sobre a necessidade de manter as taxas “mais altas por mais tempo” do que em relação a apertos adicionais. Ficou claro também que o Fed terá de observar uma desaceleração significativa da atividade e do mercado de trabalho antes de alterar seu posicionamento sobre a política de juros, e um período de recessão ou crescimento abaixo da tendência provavelmente será necessário para garantir a convergência da inflação à meta de 2%. 

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Enquanto isso, no Brasil…

Novo arcabouço fiscal finalmente aprovado

O Congresso aprovou a proposta de novo arcabouço fiscal. A Câmara dos Deputados manteve algumas mudanças feitas pelo Senado, como a exclusão do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) do limite de gastos, enquanto rejeitou outras, como a exclusão dos gastos com ciência, tecnologia e inovação e a provisão para aumento de gastos condicionados referente à diferença de inflação acumulada em 12 meses de dezembro de 2023 a junho de 2023. Em suma, avaliamos a versão aprovada pelo Congresso como uma melhoria em comparação à versão inicial do governo. No entanto, continuamos menos otimistas quanto à eficácia da regra fiscal para realizar o ajuste necessário para estabilizar a dívida pública, pois ela permitirá um crescimento de gastos de 2,5% acima da inflação nos próximos anos. Logo, a consolidação fiscal exigirá forte aumento das receitas para cumprir as metas fiscais.

Câmara aprova também nova regra do salário-mínimo e discute propostas de tributação

A Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória (MP) que reajusta o salário mínimo para R$ 1.320 este ano e estabelece uma política permanente de valorização anual, além de corrigir a tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). A tributação de investimentos individuais por meio de empresas controladas no exterior (chamadas de offshore) foi excluída do texto após acordo entre Poder Executivo e Congresso. O governo editará uma nova MP com a tributação de fundos exclusivos, para servir de fonte de compensação pela perda de receitas com a elevação da faixa de isenção do IRPF para 2 salários mínimos. Ademais, o Senado aprovou o projeto de lei que restabelece o voto de qualidade do governo no CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).

IPCA-15 vem acima das expectativas, mas traz mensagem neutra

O IPCA-15 de agosto avançou 0,28% m/m, acima da nossa expectativa (0,13%) e do consenso de mercado (0,16%). Na variação acumulada em 12 meses, o índice de inflação subiu para 4,24% em agosto, ante 3,19% em julho. No entanto, tanto métricas de serviços quanto núcleos (medidas que expurgam itens voláteis) apresentaram desaceleração na margem.

 No geral, apesar do índice cheio mais alto, a abertura do IPCA-15 de agosto é consistente com o nosso cenário de política monetária, que considera cortes de 0,50 pp nas próximas reuniões do Copom. Efetivamente, não foi um número suficientemente bom ou ruim para ultrapassar a “barra alta” estabelecida pelo BCB para alterar o ritmo de 0,50 pp antecipado na última reunião.

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O que esperar da semana que vem

Na agenda internacional, a próxima semana será repleta de indicadores importantes. Na 3ª-feira, será publicado o relatório JOLTS, que traz a abertura de vagas e a oferta de mão de obra no mercado de trabalho dos Estados Unidos. Na 4ª-feira, divulgação da segunda estimativa do PIB americano no 2º trimestre. A primeira leitura registrou crescimento de 2,4% em relação ao trimestre anterior (em termos dessazonalizados e anualizados). Também na 4ª-feira, atenções voltadas aos PMIs (Índices de Gerentes de Compras) da China referentes a agosto, que podem dar maior clareza sobre a tendência de crescimento no atual semestre. Na 5ª-feira, a inflação ao consumidor da zona do euro em agosto e a medida de inflação preferida do Federal Reserve (núcleo do deflator das despesas de consumo pessoal) relativa a julho serão publicadas. Por último, na 6ª-feira haverá a divulgação do relatório de emprego dos Estados Unidos (Nonfarm Payroll) referente a agosto. Todos esses indicadores serão altamente relevantes para a condução de política monetária nos próximos meses.

No Brasil, agenda econômica também cheia de indicadores. Destaque para a divulgação do PIB do 2º trimestre (6ª-feira), que deve mostrar elevação de 0,5% em relação ao 1º trimestre (2,8% ante o mesmo trimestre de 2022). Os resultados do PIB tendem a confirmar a desaceleração gradual da atividade doméstica. Isto posto, nossa projeção de crescimento de 2,2% em 2023 tem ligeiro viés positivo. As principais estatísticas do mercado de trabalho também serão publicadas na semana que vem. O CAGED (4ª-feira) deve apresentar ritmo moderado de geração de emprego formal em julho (prevemos 148 mil), enquanto a PNAD Contínua (5ª-feira) provavelmente exibirá queda adicional – embora modesta – da taxa de desemprego no mês passado (de 8,0% para 7,9%, segundo as nossas estimativas). Além disso, o Banco Central divulgará os dados do mercado de crédito referentes a julho (2ª-feira). Por fim, no que diz respeito às contas fiscais, destaque para o resultado primário do governo central referente ao mês passado (5ª-feira), que deve registrar déficit de R$ 34,7 bilhões. Ademais, o Banco Central publicará sua nota de política fiscal (6ª-feira), que deve apresentar déficit de R$ 35,0 bilhões para o setor público consolidado e dívida bruta do governo geral chegando a 73,9% do PIB. 

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