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Economia em Destaque: Inflação persistente nos EUA reforça cautela com juros

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

A inflação ao consumidor de janeiro nos EUA ficou acima do esperado pelo mercado, sugerindo que o Fed irá esperar (pelo menos) até maio para começar o corte de juros. O resultado derrubou as bolsas pelo mundo.  

No Brasil o fluxo de notícias foi calmo devido ao feriado de Carnaval. O maior destaque da semana foi o boletim Focus do Banco Central, que trouxe altar marginais nas projeções de IPCA em 2025 – a conta estava imóvel desde o final de julho do ano passado. Caso continue, a movimentação pode gerar preocupações para o BC. Na seara fiscal, a semana se encerra sem avanços concretos sobre as negociações de maior relevo entre governo e Congresso neste momento, que vão desde temas relacionados à MP da desoneração até os vetos presidenciais sobre o orçamento.

Cenário internacional

Pressões inflacionárias continuam nos Estados Unidos

O Índice de Preços ao Consumidor dos EUA aumentou 0,3% em janeiro ante dezembro, acima das expectativas de mercado (0,2%). A inflação anual caiu de 3,4% para 3,1% devido a um efeito base favorável. O núcleo da inflação – que exclui os itens de alimentação e energia – cresceu 0,4%, também acima do esperado (consenso: 0,3%), e sua variação anual manteve-se em 3,9%, bem acima da meta de 2,0% do banco central do país. Veja mais informações na seção ‘Gráfico da Semana’. Ademais, o Índice de Preços ao Produtor também apresentou surpresa altista ao registrar variação de 0,3% em janeiro (consenso: 0,1%). O núcleo do PPI teve alta de 0,5% (consenso: 0,1%).

Os resultados mostram que as pressões de preços continuam, especialmente no lado dos serviços. Entendemos que os dados reforçam a visão de que a fase final do processo de desinflação está mais difícil, e que o Fed irá esperar (pelo menos) até maio para começar a flexibilizar a política monetário.

No Reino Unido, mercado incorpora cortes de juros com dado de inflação de janeiro

Melhores notícias do outro lado do Atlântico. A inflação ao consumidor de janeiro do Reino Unido ficou em -0,6% quando comparada a dezembro, resultado abaixo do esperado (-0,3%). A inflação anual situou-se em 4,0%, enquanto seu núcleo (que exclui itens voláteis) recuou para 5,0%, ante 5,1% em dezembro. Após a divulgação, os mercados futuros incorporaram cerca de 0,70 p.p. de cortes nas taxas básicas de juros por parte do Banco de Inglaterra este ano. A maior probabilidade implícita nos preços de mercado é de um primeiro corte em agosto.

Gráfico da Semana

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Enquanto isso, no Brasil…

Prévia da arrecadação mostra crescimento real das receitas de 6% em janeiro

A prévia da arrecadação fornecida pelo Siga Brasil – portal que reúne todas as informações orçamentárias dos Poderes Executivo e Legislativo – mostra crescimento real das receitas de cerca de 6% com relação ao ano passado, com destaque para a tributação dos fundos exclusivos, medida aprovada no final do ano passado no pacote de mudanças encaminhadas em conjunto com o orçamento. O resultado da arrecadação de janeiro surpreendeu, porém ainda é necessário cautela, já que não é possível avaliar se essa é uma tendência que deve continuar nos próximos meses. De todo modo, o resultado de janeiro garante ao governo algum espaço para não precisar alterar a meta neste primeiro trimestre. O crescimento da arrecadação não altera nossa perspectiva de um déficit de 0,6% do PIB e, portanto, de que será necessário ao governo alterar a meta de resultado primário zero para não incorrer nas punições previstas no novo arcabouço fiscal.

Possível reajuste salarial de servidores públicos é contratempo para contas públicas em 2024

Os funcionários públicos federais ameaçam realizar greves em massa se o governo não atender ao pleito de reajustes salariais. A demanda é por um aumento de 22,71% a 34,32% de forma parcelada até 2026, com parte do reajuste já em 2024. O governo apresentou contraproposta de aumento de até 19,3% até o final do mandato, mas sem reajuste ainda em 2024. A próxima reunião para negociação ocorrerá no dia 28 desse mês. O Orçamento de 2024 foi aprovado sem previsão de aumento para servidores. A demanda coloca pressão sobre as contas públicas no momento em que o governo se esforça para conseguir atingir a meta de déficit primário zero.

Expectativa de inflação de 2025 se movimenta após meses de estabilidade

O Boletim Focus desta semana mostrou altas de 0,01 p.p. para as projeções de 2024 e 2025. A projeção agora é de 3,82% para 2024 e 3,51% para 2025 – para 2026, segue em 3,50%. De grande importância, a projeção de 2025 se moveu pela primeira vez após se estabilidade desde o final de julho do ano passado, o que pode gerar preocupação se seguir nesta direção daqui em diante.

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O que esperar da semana que vem

Na agenda internacional, o principal destaque da próxima semana é a divulgação da ata do banco central dos Estados Unidos na 4ª-feira. Na China teremos a decisão de taxa de juros de 1 e 5 anos (2ª-feira). Além disso, serão divulgadas as sondagens empresariais PMI de fevereiro no Japão, Estados Unidos e na zona do Euro. O índice PMI é uma sondagem com empresários sobre as condições econômicas e de negócios nos países. A semana também apresenta a leitura final do PIB do 4º trimestre da Alemanha na 6ª-feira (a leitura preliminar  foi de -0,30% ante o 3º trimestre de 2023) e da inflação ao consumidor de janeiro da Zona do Euro (5ª-feira), que apresentou variação mensal de -0,40% na primeira leitura.

No Brasil, teremos na 2ª-feira a divulgação do IBC-Br – indicador considerado uma “prévia” do PIB. Em novembro, o indicador ficou estável e, mesmo com revisões, ele permaneceu distante do PIB oficial no curto prazo. Veja nossas projeções no calendário abaixo. Na seara fiscal, as lideranças que fazem parte da Comissão Mista de Orçamento (CMO) devem se reunir, na terça-feira, para discutir os vetos do presidente Lula das emendas de comissão. A semana será marcada também por discussões sobre a desoneração da folha de pagamentos (MP 1.202/2023) – negociação que ocorre em meio à busca do Ministério da Fazenda pela meta de zerar o déficit fiscal ainda neste ano.

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