Resumo
No cenário internacional, os destaques foram a reunião política monetária nos EUA, onde o banco central americano sinalizou a possibilidade de alta nos juros em 2022, e as incertezas vindas da gigante chinesa do setor imobiliário Evergrande, que está com dificuldades de honrar seus compromissos de curto prazo. A empresa tem dívidas em torno de 300 bilhões de dólares.
No Brasil, a questão orçamentária segue em pauta, após reunião do ministro Paulo Guedes com os presidentes da Câmara e Senado. Destaque também para a elevação de juros pelo Banco Central, para 6,25%, e para a inflação do IPCA-15, que voltou a dois dígitos.
Na semana que vem, os mercados seguirão monitorando de perto os desdobramentos da Evergrande. No Brasil a discussão segue na política monetária, com a ata da última reunião do Copom na terça e o Relatório Trimestral de Inflação do BC na quinta.
Atualizações da Covid-19
Após sinais de avanço do cenário COVID-19, nesta quinta-feira (23) o ministro do comércio e turismo da Austrália afirmou que o país se prepara para a reabertura da fronteira até o natal, tendo pelo 70% da população com mais de 16 anos vacinada. Atualmente a porcentagem de pessoas com a dose única ou as duas doses é de 40,1%.
No cenário nacional, a média móvel de óbitos volta a cair. Saindo de 581 por dia, na semana passada, para 532, enquanto o número de novos casos apresentou alta, de 15.731 para 34.166.
67,9% da população brasileira já está vacinada com ao menos a primeira dose, comparado à 66,4% na semana anterior, e 40,1% já tomou 2 doses ou dose única da vacina, frente aos 36,8% da última semana, tendo um total de 84,4 milhões de pessoas totalmente imunizadas. E São Paulo, segue como o estado com maior porcentagem de vacinados, 78,4%.
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Cenário Internacional
O destaque foi a reunião de política monetária nos EUA. O Fed (banco central americano) sinalizou que está prestes e iniciar a redução de estímulos, possibilidade de alta de juros já no ano que vem.
Outro evento que trouxe alta volatilidade aos mercados foi o risco de falência da gigante chinesa do setor imobiliário Evergrande. A empresa deve cerca de 300 bilhões de dólares, e sua queda pode representar perdas importantes ao setor financeiro.
Na política, destaque para a Assembleia Geral das Nações Unidas, além das eleições russas, nas quais o partido que apoia o presidente Vladimir Putin conquistou a maioria das cadeiras do parlamento do país
Estados Unidos
O Banco Central dos Estados Unidos manteve sua taxa básica de juros e seu programa de compra de ativos inalterado em sua reunião de política monetária. O presidente do Fed Jerome Powell, no entanto, foi explícito ao dizer que o programa de compra de ativos deve começar a se reduzir ainda este ano, e que deve ser encerrado até em meados de 2022. Outro destaque metade dos membros do Fed projeta um aumento nas taxas de juros já em 2022.
A redução dos estímulos nos EUA deve contribuir para esfriar a economia e inflação no mundo.
Na política, Câmara aprovou um projeto que suspende o teto da dívida até o fim de 2022, evitando o risco de paralisação do governo. O projeto avança agora para o Senado.
Europa
As prévias de índices de atividade econômica ficaram abaixo das expectativas, mas seguem indicando recuperação econômica. No Reino Unido, a decisão de política monetária do Banco da Inglaterra não trouxe surpresas, sendo mantida a taxa básica de juros em 0,1%.
China
A China dominou o noticiário econômico internacional em meio às tensões geradas pelo risco de falência da gigante do setor imobiliário Evergrande, com dívidas de cerca de USD 300 bilhões. Os mercados temem as repercussões do possível calote da companhia aos credores e no crescimento da economia Chinesa. Neste ambiente, o minério de ferro voltou a apresentar fortes quedas.
A avaliação de nossos especialistas em China é que a empresa, apesar de grande, não representa uma fatia importante do setor imobiliário chinês (que é muito pulverizado) nem seus créditos são relevantes para o tamanho do sistema financeiro do país. Mas pode ser um sinal de que a China está com mais desequilíbrios do que se imaginava inicialmente.
O banco central chinês vem injetando liquidez no sistema financeiro para acalmar os mercados. E o governo vem pressionando a empresa a não falhar com seus compromissos de curto prazo.
De toda forma, não é uma incerteza que deve desaparecer no curto prazo. O tema deve continuar quente nas próximas semanas.
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Enquanto isso, no Brasil...
Orçamento e precatórios
Seguem as discussões relacionadas ao orçamento, com destaque especial para a PEC dos Precatórios. No início da semana o ministro Paulo Guedes se reunião com os presidentes das casas Artur Lira e Rodrigo Pacheco para buscar uma solução de consenso para a forte alta desta modalidade de gastos, que vai pressionar as demais despesas no orçamento para 2022.
Esta solução sugerida consiste em uma mistura de várias propostas, e tem como base a resolução que vinha sendo costurada via Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O governo asseguraria o pagamento de R$ 39,8 bilhões em precatórios no ano que vem, e o pagamento dos precatórios que excederem este limite – R$ 49,2 bilhões – seria parcelado nos próximos anos; ou poderia ser pago fora do teto a partir de regras de negociação pré-estabelecidas.
Os detalhes da proposta, bem como sua capacidade de aprovação no Congresso, permanecem incertos.
Reformas
A Comissão Especial da Câmara aprovou o texto base da reforma administrativa. O texto dilui parte das propostas sugeridas inicialmente pelo governo, e não abarca todos os setores do serviço público.
COPOM
No Brasil, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) entregou a esperada alta de 1,0 pp e levou a Selic para 6,25%. No comunicado pós-reunião, o Copom afirmou que a taxa Selic deve “avançar no território contracionista”, uma leve mudança em relação à última reunião que sugere que o Comitê vê agora a necessidade de uma política monetária mais apertada do que antes. A nosso ver, a decisão é consistente com nossa projeção da Selic em 8,50% ao final do ciclo de aperto monetário (com mais um aumento de 1,0 pp em outubro; 0,75 pp em dezembro e por fim 0,50 pp em fevereiro de 2022).
Indicadores
Arrecadação
A arrecadação de impostos federais de agosto aponta para perda de força gradual, mas as receitas ainda irão pesar positivamente para resultados do ano. O resultado veio levemente abaixo do consenso de mercado (144,5 bi contra 145,6 bi) mas representa o melhor resultado para o mês na série histórica. Os resultados refletem principalmente a atividade econômica de julho, mais ligada ao setor de serviços, que é relativamente menos tributado no Brasil. Apesar da desaceleração, resultados dos próximos meses devem continuar positivos.
IPCA-15
O índice nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 divulgado nessa sexta-feira (24), apresentou alta de 1,14% em Setembro comparado à Agosto (0,89%), acima do consenso de mercado e da nossa estimativa (1,04% e 1,08%, respectivamente). Mais preocupante, a pressão de preços não é concentrada em um ou dois itens do IPCA, mas sim relativamente disseminada, o que pode significar que a tendência é mais persistente.
No acumulado em 12 meses, a inflação atingiu 10,05%, voltando a dois dígitos depois de 5 anos, tendo alcançado 10,84% em Fevereiro de 2016.
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O que esperar para a semana que vem?
Do lado internacional, a próxima semana continuará marcada pelas repercussões do caso Evergrande. Nos Estados unidos, destaque para discursos de dirigentes do Fed, ata da reunião do FOMC e divulgação do deflator PCE, medida de inflação preferida do banco central americano. Na Europa, destaque para dados de mercado de trabalho referentes a agosto e prévia da inflação de setembro.
No Brasil, serão publicados a ata da última reunião do Copom, o Relatório Trimestral de Inflação e o Relatório Mensal da Dívida Pública. Entre os indicadores econômicos, destaque para o IGP-M de setembro, o saldo de emprego formal (CAGED) de agosto, a PNAD Contínua relativa ao trimestre móvel encerrado em julho (estatísticas gerais do mercado de trabalho) e resultados fiscais (governo central e setor público consolidado) de agosto.
No campo político, a CPI da Pandemia deve se encaminhar para um desfecho no Senado e haverá continuidade nas discussões sobre a PEC dos Precatórios na Câmara dos Deputados.
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