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Economia em Destaque: Alívio na inflação do Brasil e dos EUA

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

A inflação ao consumidor nos Estados Unidos veio abaixo do esperado, elevando as apostas do mercado para que o primeiro corte de juros ocorra em setembro.

No Brasil, a inflação ao consumidor medida pelo IPCA também veio abaixo do esperado, refletindo arrefecimento de preços alimentícios. A despeito da surpresa, revisamos nossa projeção de IPCA de 3,8% para 4,0% em 2024, incorporando reajuste de preços de combustíveis pela Petrobras. Em Brasília, avança o primeiro texto de regulamentação da Reforma Tributária na Câmara, enquanto governo e Legislativo discutem meios para compensar a desoneração da folha de pagamentos

Gráfico da Semana

Cenário internacional

Deflação inesperada nos Estados Unidos anima mercado

O índice de preços ao consumidor nos EUA (CPI em inglês) registrou deflação mensal de 0,06% em junho, abaixo das expectativas (consenso: 0,10%). A inflação acumulada em 12 meses recuou de 3,3% em maio para 3,0% em junho. As medidas de inflação subjacente também surpreenderam para baixo pelo segundo mês consecutivo, com leituras benignas para os grupos de bens e serviços. Desta forma, o núcleo da inflação (excluindo alimentos e energia) avançou apenas 0,06%, e sua variação acumulada em 12 meses caiu de 3,4% para 3,3% – o nível mais baixo desde abril de 2021.

No geral, após as leituras elevadas no início do ano, a inflação e a atividade econômica arrefeceram no segundo trimestre, deixando mais claro o cenário de cortes de juros no segundo semestre. O mercado futuro já atribui cerca de 90% de probabilidade de a queda de juros começar em setembro, e já enxerga a possibilidade de dois cortes na sequência, em novembro e dezembro.
Este cenário tende a ser favorável a ativos de países emergentes, como a bolsa e a taxa de câmbio brasileiros

Biden reforça que é candidato

O presidente dos EUA, Joe Biden, reiterou o seu compromisso de concorrer contra Donald Trump nas eleições presidenciais de 2024. Biden disse que era a “pessoa mais qualificada para concorrer à presidência”, ao responder a perguntas da imprensa após reunião da OTAN esta semana. As especulações de que o presidente poderia abandonar a corrida eleitoral começaram após seu fraco desempenho no primeiro debate.

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Enquanto isso, no Brasil…

IPCA de junho vem abaixo do esperado, mas reajustes de combustíveis devem levar a inflação para 4% este ano

O IPCA registrou elevação mensal de 0,21% em junho, abaixo das expectativas (XP: 0,33%; mercado: 0,30%). Com isso, a inflação acumulada em 12 meses atingiu 4,2%, contra 3,9% na divulgação anterior. O grupo de alimentos respondeu por grande parte da surpresa baixista no mês. A devolução do aumento de preços visto em maio – com o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul – ocorreu de forma mais intensa do que o previsto. Apesar da leitura benigna em junho, elevamos nossa projeção para o IPCA de 2024, de 3,8% para 4,0%. Essa revisão decorreu dos reajustes de preços anunciados pela Petrobras no começo da semana (7% para a gasolina e 10% para o gás de cozinha). A previsão para o IPCA de 2025 permaneceu em 4,3%.

Regulamentação da Reforma Tributária avança na Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados aprovou o primeiro projeto de lei complementar que regulamenta a Reforma Tributária, disciplinando os novos tributos (CBS/IBS e Imposto Seletivo). Das votações destacadas, após aprovação do texto-base, houve apenas uma alteração: inclusão das carnes, peixes, queijos e sal – antes sujeitos à redução de 60% – no rol da cesta básica, com zeragem da CBS e IBS, e a inclusão de medicamentos no rol de beneficiários das alíquotas reduzidas em 60%. Com isso, a alíquota de CBS/IBS deve chegar a 27,4%, a maior do mundo, segundo estimativas do Banco Mundial.

Para evitar que a alíquota ultrapasse 26,5%, os deputados colocaram uma trava no texto da regulamentação. O mecanismo passaria a valer a partir de 2033, após o período de transição da reforma. Se a alíquota superar o limite, o governo será obrigado a formular um projeto de lei complementar com medidas (chamadas de “gatilhos”) para diminuir a carga tributária.

Compensação da desoneração da folha segue indefinida

Nesta semana, o governo apresentou nova estimativa para a renúncia de receita com a desoneração da folha de 17 setores da economia e de municípios. Os dados atualizados mostram uma perda de arrecadação em torno de R$ 18 bilhões, ante uma estimativa inicial de R$ 25,6 bilhões. Apesar disso, houve pouco avanço em relação ao tema. O Senado apresentou um pacote de medidas para compensar a desoneração, mas o Executivo busca incluir mudanças com maior potencial de arrecadação, como a elevação da alíquota da CSLL em até 1 p.p., para garantir receita adicional caso as medidas apresentadas pelo Senado não sejam suficientes. O Senado, no entanto, mostra rejeição a qualquer elevação na carga tributária. Diante do impasse, a votação do projeto de lei que prorroga a desoneração e institui as medidas de compensação foi postergada para a próxima semana.

Comércio e serviços surpreendem para cima em maio, apesar do impacto negativo das enchentes no Rio Grande do Sul

As vendas no comércio varejista subiram 0,8% em maio contra abril, resultado muito acima das expectativas, que apontavam para queda moderada. Diversas atividades varejistas do Rio Grande do Sul foram severamente afetadas pelas enchentes, com destaque à contração nas vendas de veículos, materiais de construção e combustíveis. No entanto, as vendas nos supermercados cresceram significativamente na região, refletindo a corrida das famílias para estocagem de produtos essenciais em meio ao desastre natural.

Enquanto isso, as receitas reais do setor de serviços ficaram estáveis em maio contra abril, desempenho também melhor que o esperado. Do lado positivo, a categoria de serviços prestados às famílias subiu no período, mesmo com a contração aguda registrada no território gaúcho. As demais categorias enfraqueceram, sobretudo os serviços de transporte, profissionais, de informação e comunicação.

Em linhas gerais, o consumo segue em trajetória de crescimento sólido. O mercado de trabalho permanece aquecido – a criação de empregos e os salários reais vieram acima das projeções nos últimos meses – e as transferências fiscais estão em níveis elevados. Assim, mantivemos as projeções para o PIB: elevação de 0,5% no 2º trimestre ante o 1º trimestre e de 2,2% em 2024.  

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O que esperar da semana que vem

Na agenda internacional, dados de vendas varejistas nos EUA referentes a junho serão divulgados na 3ª-feira. Na 4ª-feira, destaque para os índices de inflação ao consumidor de junho na zona do euro e Reino Unido. Na 5ª-feira, teremos o principal evento da semana – a decisão de política monetária do Banco Central Europeu. Após início do ciclo de flexibilização na última reunião, prevemos manutenção das taxas de juros em julho.

No Brasil, agenda semanal relativamente esvaziada. O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) será divulgado na 2ª-feira. A proxy mensal do PIB deve mostrar crescimento em maio, corroborando o cenário de resiliência da atividade no curto prazo. Veja as nossas projeções abaixo.

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