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Ata do Copom: risco fiscal compensa projeções abaixo da meta

Copom mantém a sinalização de juros estáveis adiante. Cenário fiscal segue o principal risco.

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O Copom divulgou nesta manhã a ata de sua reunião de outubro. No documento, o comitê reafirma que “considera adequado o atual nível de estímulo monetário” e que não pretende reduzir o grau de estímulo uma vez que i) “as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, encontram-se significativamente abaixo da meta” e ii) “o regime fiscal não foi alterado”.

A ata não ignora a alta da inflação corrente produzida pela alta nos preços das commodities, pela depreciação “persistente” do Real e pela normalização parcial dos preços com a reabertura da economia. Mas pondera que deve haver uma “reversão na elevação extraordinária dos preços de alguns produtos, afetados por redução provisória na oferta em conjunção com um aumento ocasional na demanda”. Desta forma, avalia que o choque é “temporário”, embora ressalte que vai monitorá-lo com atenção.

Projeções abaixo da meta não representam um viés expansionista para a política monetária. De fato, o Copom alerta que o risco fiscal é “suficiente para compensar o fato de seu cenário básico projetar inflações abaixo da meta no horizonte relevante”. Desta forma, apesar de discutir os efeitos do nível atual da Selic sobre aspectos prudenciais, entendemos que o Copom já não considera, do ponto de vista de política monetária, promover novas reduções na taxa básica.

A ata detalha um pouco mais o que o Copom considera mudança no regime fiscal, que o levaria a mudar sua prescrição futura. Para o Comitê, seriam “alterações de política fiscal que afetem a trajetória da dívida pública ou comprometam a âncora fiscal” que  “motivariam uma reavaliação, mesmo que o teto dos gastos ainda esteja nominalmente mantido”. Entendemos ser uma referência a propostas como a de financiar uma ampliação do programa de transferência de renda postergando o pagamento de precatórios judiciais. Medidas desta natureza não demandariam alteração na regra do teto, mas na prática implicam um financiamento via aumento do endividamento.

Mantemos nosso cenário de Taxa Selic em 2,00% até o segundo semestre de 2021, subindo gradualmente até 3,00% no final do ano. Caso a perspectiva das contas públicas se deteriore, gerando um ambiente em que a alta da inflação corrente se propague por prazos mais longos, o Copom pode optar por elevar a SELIC mais cedo do que o contemplado em nosso cenário.

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